Fim do Ano Litúrgico

Sacerdotes comentam significado da Solenidade de Cristo Rei do Universo

“Como sacerdote, o que mais me marca nesta festa é a beleza da realeza de Deus e o amor d’Ele por todos os homens”, afirma padre João Gualberto

Huanna Cruz 
Da Redação

Foto: Arquivo

A solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, que será celebrada neste domingo, 26,  surgiu a partir da encíclica do Papa Pio XI, falando da realeza de Cristo, no dia 11 de dezembro de 1925. Segundo o vice-presidente da Comunidade Canção Nova, padre Donizete Heleno Ferreira, esta encíclica foi o coroamento do Jubileu daquele ano santo.

“O mundo que vivia imerso nas dores, desafios, na desigualdade social é agora desafiado a colocar-se dentro do reino de Cristo contra um estado ateu e secularizado. A Igreja lançou o desafio, Cristo Rei do Universo, apresentando os valores do seu reino para que fosse fomentada a justiça social e o bem de todos os cidadãos.”

Padre Donizete afirma que esta solenidade era inicialmente celebrada no último domingo de Outubro, mas a partir da reforma litúrgica de 1969 a festa foi transferida para o último domingo do mês de novembro, já dando essa conotação de que Cristo é a meta da peregrinação terrena.

Para o reitor do Santuário do Pai das Misericórdias, padre João Gualberto Ribeiro da Silva, o significado desta solenidade é que tudo deve estar sob o reinado de Cristo, pois Deus o Constituiu Senhor e Rei do Universo e quando tudo estiver debaixo de seu Reinado Ele entregará seu Reino Ao Pai. Com esta solenidade, fecha-se o Ano Litúrgico e abre-se um outro, começando pelo Tempo do Advento. 

Encerramento do calendário litúrgico e inauguração de um novo tempo

“A Festa de Cristo Rei, de fato, marca o encerramento do nosso calendário litúrgico. Nós cristãos não nos baseamos apenas no nosso calendário civil, mas nós temos um calendário espiritual e a Festa de Cristo Rei aponta justamente, Cristo Senhor do tempo e da história, Ele que está acima de todos os homens e de todas as criaturas, é o Alfa e o Ômega, Ele é a conclusão, a conclusão da nossa existência na terra”, explica padre Donizete.

O tempo que é inaugurado com a solenidade de Cristo Rei é o reinado de Cristo, que tem valores, um modo operante, uma forma de ser. Esse reinado traz a unidade, a comunhão entre todos os seus cidadãos, os cidadãos da Jerusalém, os cidadãos que de fato têm Jesus Cristo como o seu Senhor e como o seu salvador. 

“Por que encerrar o ano litúrgico celebrando a Festa de Cristo Rei? Justamente para nos apontar a finalidade da nossa vida, nós fomos feito para Deus. D’Ele viemos e para Ele nós devemos caminhar, por isso, toda a nossa vida precisa percorrer esse itinerário na direção de Deus”. 

Segundo padre Donizete, Jesus foi rei em diversos momentos da sua existência, primeiramente quando Ele assumiu a vontade do Pai, trazendo para os homens a salvação. Ele foi Rei quando operou ao longo da sua vida, em favor dos valores desse reino, levando aos corações o anúncio de uma libertação profunda, de uma vida nova, numa vida baseada nos valores desse reino, da caridade, do amor fraterno e da adoração a Deus como único Senhor. E Ele foi Rei também quando esteve pregado na Cruz, quando ali Ele crucificou o pecado, crucificou o reino da injustiça para fazer nascer o homem novo, o mundo novo.

Fundamentos da solenidade e experiência

“Os três fundamentos da solenidade de Cristo Rei são: Que Deus é criador de todas as coisas e todas as coisas estão submetidas a Ele, Ele governa sobre todas as coisas. O segundo fundamento é a própria pessoa de Jesus, todas as coisas foram feitas em vista d’Ele para Ele, ou seja, em Cristo Jesus nós somos participantes da filiação divina, Jesus Cristo nos leva justamente ao coração do Pai, uma humanidade redimida na pessoa de Jesus. E o terceiro e último fundamento é que a comunidade de fé dos discípulos de Jesus, eles caminham para a Jerusalém Celeste. Eles apontam justamente para o céu. Nós, um dia, faremos parte desse reino de Deus consolidado na Jerusalém Celeste”, afirma Padre Donizete. 

“Como sacerdote, o que mais me marca nesta festa é a beleza da realeza de Deus e o amor d’Ele por todos os homens”, afirma o reitor do Santuário do pai das Misericórdias.

Já o padre Donizete recorda um marco desta solenidade para a Comunidade Canção Nova: foi justamente nela que o padre Jonas Abib, fundador da Comunidade, fez o apelo ao grupo de jovens em Queluz em 1977 para que deixassem tudo e se aventurassem no seguimento de Cristo mais de perto, deixando tudo para viver em comunidade. E foi aí que nasceu a Canção Nova. “Por isso, ao celebrar a solenidade de Cristo Rei, faço também memória da minha vocação e missão à Igreja e do meu chamado missionário”, relata padre Donizete.

Consagração a Cristo Rei

Padre Donizete comenta, por fim, o ato de consagração que é feito a Cristo Rei nos três dias que precedem a solenidade. Ele observa que o povo é rico em devoções populares e geralmente realiza esse tríduo, recitando invocações que falam justamente do coração de Cristo triunfante sobre todos os obstáculos ao seu reino de amor. 

“Nós podemos fazer essa realidade, por exemplo, impelidos pelo Papa Leão XIII, que em 1899 consagrou a Igreja, o mundo  e todo gênero humano a Cristo. A fórmula da oração que é recitada publicamente na festa de Cristo Rei pode também nos proporcionar indulgências, o ato de consagração é um chamado ao amor de Cristo por toda a humanidade, um amor que torna visível a doação de Cristo”. 

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