Junto à Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a Igreja também celebra o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes
Kelen Galvan, com colaboração de Júlia Beck
Da redação
A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus é celebrada nesta sexta-feira, 16. Com data móvel, acontece sempre na sexta-feira após o segundo domingo depois de Pentecostes.
A Igreja, desde o início, teve uma particular e amorosa relação com o coração de Cristo, traspassado por uma lança quando Jesus estava ainda na cruz (cf. Jo 19,34)”, explica o Pároco da Paróquia Santa Luzia (SP), Padre Edson Donizetti Castilho. Ele destaca que o corpo imolado e o sangue – totalmente derramado – de Jesus “são sinais vigorosos do amor misericordioso de Deus”.
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No entanto, foi a partir das aparições de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, no século XVII, que a devoção ao Sagrado Coração se acentuou. A religiosa teve a primeira visão no dia 27 de dezembro de 1673. Jesus apareceu a ela por 17 anos, até o dia de sua morte. Em 16 de junho de 1675, nas oitavas de Corpus Christi, Jesus apareceu-lhe e, apontando para seu coração, disse:
“Eis aqui o coração que tanto amou os homens e pelos quais é tão mal correspondido; pelo menos tu, filha minha, chora pelos que me ofendem, geme pelos que não querem orar, imola-te pelos que renegam e blasfemam contra o meu santo nome. Prometo-te na grandeza do meu amor que abençoarei os lares que neles me hospedarem; que os que comungarem durante nove primeiras sextas-feiras seguidas, não morrerão sem receber os sacramentos da penitência e da Eucaristia”.
Padre Edson explica que a solenidade litúrgica foi definida pelo Papa Pio IX, em 1856. Na ocasião, o Papa propôs que o mundo todo fosse consagrado ao Coração de Jesus. “É importante recordar também que a devoção ao Sagrado Coração, na piedade popular, foi se vinculado cada vez mais à devoção, muito presente em vários contextos, ao Imaculado Coração de Maria”, destaca.
A solenidade do Imaculado Coração de Maria é celebrada no dia seguinte ao Sagrado Coração de Jesus. Neste ano, será neste sábado, 17 de junho.
Dia de Oração pela Santificação do Clero
Junto à Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a Igreja celebra o Dia Mundial de Oração pela Santificação do Clero. A data foi instituída por São João Paulo II, em 1995, com o objetivo de encorajar os sacerdotes a refletir sobre a importância e a dignidade de sua vocação.
“Todo sacerdote tem em Cristo Jesus um modelo do ‘bom pastor’ (…) O coração do padre (e de cada padre!), antes das competências administrativas e habilidades pastorais, deve ser um coração capaz de amar como Jesus”, indica padre Edson.
A data também é uma oportunidade para motivar cada fiel a rezar pelos sacerdotes.
Segundo o padre, para que os sacerdotes alcancem a santificação e sejam verdadeiros instrumentos de Deus para a salvação do mundo, “é preciso que rezemos por eles”. “Que os coloquemos sempre dentro do Coração de Jesus. Como dizia São João Maria Vianney ‘o sacerdote é o amor do Coração de Jesus'”.
Água e sangue do Coração
Historicamente, a água e o sangue que jorraram do Coração de Jesus ao ser perfurado na cruz (cf. Jo 19,34) são símbolos fortes da Igreja relacionados aos sacramentos do Batismo e da Eucaristia. “Todos os sacramentos, a começar pela Igreja, nascem do coração amoroso de Jesus”, afirma padre Edson.
Ele destaca que a água é símbolo de purificação, de vida nova, de liberdade em relação às amarras do pecado.
“Pelo sinal da água, no dom do batismo, somos libertados do pecado original e inseridos, de maneira indelével, no Corpo Místico de Cristo. Ele que, ao imolar o seu corpo e derramar o seu sangue até correr água, libertou o mundo de todo pecado. A missão redentora de Cristo é confirmada também em seu batismo, nas águas do Rio Jordão: ‘Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado’. Nas águas do nosso batismo damos morte ao pecado e, por graça divina, nascemos para a vida nova em Cristo”, explica.
Por sua vez, a Eucaristia, é memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus, aponta padre Edson. E recorda as palavras de Jesus, repetidas pelo sacerdote em cada Santa Missa: “Este é o meu corpo, este é o meu sangue. Fazei isso em minha memória”.
Significado da imagem do Sagrado Coração
O Sagrado Coração de Jesus é retratado em pinturas e desenhos envolto de uma coroa de espinhos, com uma “chama”, uma cruz e raios de luz emanando dele. Padre Edson explica o que significam cada um destes detalhes:
– o coração fora do peito é sinal inquestionável do amor infinito de Cristo pela humanidade, coração palpitante e pleno de graças a serem oferecidas a todos os seres humanos;
– o coração ardendo em chamas é expressão de um amor vivo, presente, atual, que não se extingue. Não é mera lembrança do passado, mas é amor que queima e é capaz de transformar o coração humano;
– os espinhos que marcam o coração ardente de Cristo simbolizam a nossa indiferença, os pecados da humanidade que agridem, ferem, magoam o Coração de Jesus; significam também nossa indiferença e nossas infidelidades.
– A cruz, por sua vez, nos recorda o gesto supremo de Cristo que morre crucificado e a cruz se torna, assim, o lenho/sinal sagrado do qual pendeu a salvação do mundo. Ou seja, do alto da cruz Jesus Cristo derramou sobre o mundo a força libertadora e transformadora do amor misericordioso do Pai.
– Na imagem do Coração de Jesus vemos também o Cristo apontando, com a mão esquerda, para o seu coração: é um convite para que contemplemos o seu coração e dele nos aproximemos como quem se aproxima de um manancial de graças; como que repetindo a todos nós: “vinde a mim, tomai o meu jugo, porque eu sou manso e humilde de coração; eu vos darei consolo, em mim achareis repouso” (Mt 11,29). Ir ao Coração de Jesus para encontrar o sentido mais profundo da vida.
As promessas do Sagrado Coração de Jesus
Padre Edson afirma que uma das formais mais belas e reconhecidas pela Igreja como proposta de culto ao Coração de Jesus se refere às 12 promessas do Sagrado Coração de Jesus. “Elas são um caminho seguro para quem deseja buscar a santidade, dando passos firmes de conversão. (…) um verdadeiro itinerário de vida ascética, espiritual”.