Com o início da primavera neste sábado, 23, sacerdote explica simbolismo da palavra e da estação para a Igreja; na Canção Nova, período é considerado “o tempo das surpresas de Deus”
Julia Beck
Da redação
Basílica de São Pedro /Foto: Cristina Gottardi na Unsplash
Flores, temperaturas mais elevadas e, no decorrer da estação, dias mais longos e noites mais curtas. Popularmente, estas são as principais características atreladas à primavera – que começa neste sábado, 23. Já para a Igreja, o termo ganha uma conotação a mais, sendo atrelada a “tempo novo” e “renovação”.
O reitor do Santuário do Pai das Misericórdias — localizado em Cachoeira Paulista (SP) —, e missionário da Comunidade Canção Nova, padre João Gualberto Ribeiro, sublinha que a primavera “é o período em que as árvores desabrocham e mostram toda a sua beleza nas suas flores”. “A Igreja também, conforme a sua caminhada, vai suscitando novos movimentos e situações que nós chamamos de ‘primavera’. Atrás dessas ‘flores’ que vão surgindo, dessas coisas novas, esperamos um grande fruto para os cristãos e para toda a Igreja”, reflete
A palavra “primavera” já foi utilizada pelo Papa Francisco, Bento XVI, São João Paulo II, outros pontífices, cardeais e sacerdotes ao se referirem a momentos importantes – como o Concílio Vaticano II, as novas comunidades, movimentos eclesiais, a juventude e, principalmente, a Páscoa de Jesus.
Leia mais
.: Papa reza por uma nova primavera missionária na Igreja
Morte e Ressurreição de Jesus
Certa vez, o Papa Bento XVI afirmou: “Todos devemos aprender sempre da nossa Mãe celeste: a sua fé nos exorta a olhar para além das aparências e a acreditar firmemente que as dificuldades cotidianas preparam uma primavera que já teve início em Cristo ressuscitado”.
Sobre a reflexão do Pontífice, padre João Gualberto recorda que Maria, ao ouvir o anúncio do anjo, disse o seu “sim”, portanto, concebeu o Divino Salvador que, por sua vez, abraçando as dificuldades e abraçando a própria cruz, venceu-a com a morte e ressurreição.
A primavera nova a que o Papa se refere, prossegue o sacerdote, é a de Jesus Ressuscitado. “O que Mãe Santíssima pede a nós é um ato de fé: confiar em Deus. (…) Quem n’Ele confia vai participar dessa primavera, desse tempo novo”, disse.
Juventude
Recentemente, na JMJ 2023, aos jovens foi atribuído o termo “primavera da Igreja” – reflexão feita pelo prefeito do Dicastério para Cultura e Educação do Vaticano, Cardeal José Tolentino.
Ao comentar esta associação, o reitor do Santuário do Pai das Misericórdias frisou que a juventude é a fase bonita em que o ser humano tem disposição e vontade de melhorar o mundo. “A Igreja olha para isso com muito carinho porque os jovens são o futuro dela”, explica.
“Eles [os jovens] vão produzir muitos frutos e é isso que a Igreja espera. Assim como a primavera é a exuberância da beleza e depois vem os frutos, dessa juventude, que também é a nova primavera da Igreja, vão surgir muitos frutos”, acrescenta.
Movimentos eclesiais e novas comunidades
São João Paulo II chegou a usar o termo “primavera” ao se referir aos movimentos e novas comunidades, interpretadas por ele também como “uma primavera”. Padre João Gualberto, ao contextualizar a indicação do papa e agora santo, frisa que o Concílio Vaticano II veio trazer uma grande mudança para a Igreja, uma força de evangelização, provocando os cristãos a se renovarem.
Nesse sentido, ele afirma que as novas comunidades e movimentos eclesiais começaram a surgir, cada um com o seu carisma e modo próprio, porém todos inspirados por Deus e pelos documentos da Igreja.
“Eles deram um grande vigor para a Igreja. Os movimentos eclesiais e as novas comunidades proporcionaram um tempo novo para a Igreja e para o povo de Deus. É esse o sentido da primavera que João Paulo II fala para nós, de renovar, reflorescer e tornar o evangelho de Jesus mais próximo do homem”.
Tempo das surpresas de Deus na Canção Nova
Pertencente à categoria das novas comunidades, a Canção Nova tem uma relação direta com a primavera: seu fundador, Monsenhor Jonas Abib – falecido em 12 de dezembro de 2022, tinha o costume de frisar: “a primavera na Canção Nova é o tempo das surpresas de Deus”.
Enquanto missionário, o presbítero explica que a Comunidade Canção Nova nasceu do Espírito Santo e é conduzida por Ele. “Ela começou com esse carisma e ele está sempre se renovando, pois, o Espírito Santo é dinâmico, não é estático”.
Padre João Gualberto destaca ainda que a primavera na Canção Nova é uma renovação no seu modo de viver e expressar, na experiência que seus missionários fazem com Deus. “Pessoalmente, cada membro vai experimentando essa renovação. Não iremos permanecer parados, travados, estaremos sempre sendo redinamizados pelo Espírito Santo, pois Ele conduz o nosso caminhar e a nossa vida”, acrescenta.
Notícias Relacionadas
Missionários Canção Nova renovam votos de compromisso
Fenômeno La Niña traz chuvas no Sudeste e pode afetar safra no Sul
Museus promovem ações para dar as boas-vindas à Primavera
Meteorologista explica como será a primavera em São Paulo
Em Missa, missionários da Canção Nova renovam seu compromisso
