Federação Portuguesa pela Vida se concentra diante do Parlamento com faixas e placas dizendo “não” à eutanásia
Jéssica Marçal, com colaboração de Gracielle Reis e Luciane Marins
Da Redação
O Parlamento português vota nesta quinta-feira, 20, o projeto de lei que visa à legalização da eutanásia no país. A votação deve começar às 15h (hora local, 12h em Brasília). Antecedendo a votação, a Federação Portuguesa pela Vida marca presença em uma concentração, junto ao Parlamento, com o lema “Eutanásia? Não mates, cuida!”.
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A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) tem manifestado a sua oposição ao projeto e apoia a realização de um referendo contra a despenalização da eutanásia no país. Os bispos propõem aos deputados uma aposta nos “cuidados paliativos”, informa a Agência Ecclesia.
“A opção mais digna contra a eutanásia está nos cuidados paliativos como compromisso de proximidade, respeito e cuidado da vida humana até ao seu fim natural”, lê-se num comunicado do Conselho Permanente da CEP.
“Como sou uma lutadora nessas questões e acho que devemos fazer ouvir a nossa voz, não se desiste e se segue à frente”, afirma Fátima Vilaça Ramos, que faz parte da Associação de Defesa e Apoio da Vida (Adav-Coimbra), em entrevista à equipe da Canção Nova em Portugal.
Ela lembra que, há pouco tempo, a eutanásia foi negada no Parlamento e todos os pareceres que foram solicitados são contrários a qualquer uma das propostas apresentadas. “É uma lei que me parece injusta, sobretudo para os que são mais frágeis, para os que não tem capacidade econômica para recorrer aos melhores serviços, ter os melhores cuidados”.
Fátima destaca que, a pessoa em sofrimento expressa que quer matar o sofrimento, não quer morrer. “Nós queremos viver. Uma pessoa que diz que quer morrer ela só quer dizer: ‘diz-me que sou importante para você’, ‘diz-me que a minha vida vale a pena’”.
Fátima acrescenta que ao falar de eutanásia se fala de uma “morte digna”, mas ela questiona o que seria isso. “Nós devemos ter uma vida digna. O que é digno é estar ao lado da pessoa. Tem que aliviar o sofrimento, e isso pode ser feito hoje em dia”.
Movimento Stop Eutanásia
A luta contra a legalização da eutanásia em Portugal recebe também o apoio do movimento Stop Eutanásia. Sofia Guedes, membro do movimento, explica que o trabalho que tem sido feito é o de conversar com os deputados, convidá-los a pensar, pedir ajuda e também dar a eles ajuda.
“Nós sabemos que eles têm nas mãos uma decisão gravíssima e também sentimos que eles precisam da nossa ajuda para ficarem esclarecidos. Tem sido esse o nosso trabalho”.
Sofia destaca que essa ajuda só é possível a partir de uma aproximação aos deputados, trata-se de um trabalho de humanizá-los, ajudá-los a pensar. “Dizer que confiamos neles para que nos salvem, não para que nos matem. Que queremos confiar nos médicos, na lei, porque esta existe para defender o ser humano”.
Independente da decisão do Parlamento, Sofia enfatiza que a luta pela vida continua. “Não vamos desistir nunca. A nossa história está cheia desse tipo de combate, não é o primeiro que coloca em causa a vida humana, a dignidade da pessoa, mas isso tem que nos fazer mais fortes, responsáveis e comprometidos”.