Festa da Igreja

Padre: São Tomé não foi apenas o “que duvidou”, mas um discípulo fiel

Igreja celebra, nesta quarta-feira, 3, São Tomé; Santo é padroeiro dos pedreiros, arquitetos e pessoas com deficiência visual

Julia Beck
Da redação

/Imagem: Silvestro Lega – L’incredulità di San Tommaso (1850)

O “apóstolo que duvidou”, o “incrédulo”. Popularmente conhecido desta forma, o santo celebrado nesta quarta-feira, 3, São Tomé, vai muito além desses adjetivos. Ele foi um apóstolo de grande valor para a história da Igreja Católica. Discípulo fiel, Tomé acompanhou Jesus durante todo o seu ministério e também vida pública, recorda padre Wagner Souza, da diocese de Itaguaí (RJ).

Depois, o sacerdote afirma que o santo foi um grande evangelizador que viajou à Índia, Síria e Pérsia. “Foi martirizado depois na Índia onde se encontram os seus restos mortais”, complementa.

Episódio da “dúvida”

Segundo as Sagradas Escrituras, Tomé, chamado Dídimo, não estava com os discípulos quando Jesus Ressuscitado apareceu. Os outros discípulos lhe disseram: “Vimos o Senhor!”. Mas ele, incrédulo, respondeu: “Se eu não vir as marcas dos pregos em suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não acreditarei”.

Na semana seguinte, Tomé estava junto dos discípulos quando Jesus surgiu no meio deles. Cristo disse: “A Paz esteja com vocês!”. Depois, direcionou-se a Tomé: “Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e acredite”. Tomé afirmou: “Meu Senhor e meu Deus!”. Então Jesus lhe disse: “Você acreditou porque me viu! Felizes os que não viram e acreditarão” (Jo 20,24-29).

Padre Wagner Souza /Foto: Arquivo Pessoal

Ao refletir sobre a dúvida de Tomé, padre Wagner explica que ela é um princípio básico para uma fé sólida, consciente e madura. “Tomé duvida e, depois da experiência, professa a fé no Senhor como seu Deus. Eu penso que todos nós devemos, buscar por meio de uma proximidade cada vez maior, fazer com que a presença de Jesus se faça notar e sentir em nossa vida, de modo que estejamos sempre convictos da sua companhia em todas as circunstâncias, sobretudo nas dificuldades que enfrentamos no dia a dia.”

O sacerdote destaca que quem alcança um milagre, obtém um livramento ou recebe uma graça, torna-se ainda mais fiel ao que acredita, no que busca e como vive. Por isso, ele ressalta que o ato de duvidar de Tomé faz com que todos os cristãos reconheçam a necessidade de contemplar, averiguar e comprovar antes de definir e aceitar qualquer realidade sobrenatural.

Fé: um dom sobrenatural

No entanto, padre Wagner faz questão de pontuar que a fé é um dom sobrenatural que ajuda na compreensão e aceitação para além do que é visto. “Jesus proclama: feliz quem crer sem ter visto. Isso porque a esperança é nossa maior riqueza, enquanto caminhamos neste mundo, formados na certeza de que há uma realidade que nos espera depois e que nos leva a crer e confiar.”

Tocar as chagas de Jesus

São Tomé tocou fisicamente as chagas de Jesus, um ato emblemático. Para o presbítero, realizar esta ação é alcançar, de alguma forma, o mistério da cruz pelo qual todos são salvos.

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“Ao reconhecer o Senhor, Tomé reconhece o valor de sua paixão, a grandeza do seu sangue e a força da redenção que ele nos trouxe com sua morte e ressurreição. Esse fato tornou-se tão importante que, na Catedral de Bari, na Itália, há uma relíquia venerada há mais de mil e setecentos anos na era cristã, que se acredita ser o braço de Tomé que, com suas mãos, tocou o corpo de Jesus Ressuscitado”.

Padroeiro dos pedreiros, arquitetos e pessoas com deficiência visual

Segundo a tradição, o santo celebrado hoje é padroeiro das pessoas com deficiência visual por ter despertado a valorização da visão interior: “…felizes os que creram sem terem visto”, disse-lhe o Senhor. Padre Wagner pontua que as pessoas com deficiência visual enxergam para além da realidade natural das coisas, não obstante as limitações do corpo, com os sentidos e vibrações da alma e do coração.

Depois, o sacerdote lembra que existem afirmações de que São Tomé trabalhou na construção de uma grande Igreja na Índia onde evangelizou. “Pela sua minúcia e exigência ao questionar e exigir provas da Ressurreição, é considerado padroeiro dos arquitetos que medem e calculam tudo com a máxima exatidão nos projetos que desenvolvem”, finaliza.

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