Libertado de sequestro

Padre Luigi Maccalli: um homem de fé, perdão e fraternidade

Padre Luigi Maccalli precisava se sentir em casa, sentir-se acolhido, afirma religioso responsável pela Sociedade das Missões Africanas

Da redação, com Agência Fides

O padre italiano Pier Luigi Maccalli foi raptado há dois anos e libertado nesta quinta-feira, 8 / Foto: Reprodução AIS

Depois de dois anos de absoluto silêncio e solidão, o Padre Pier Luigi Maccalli precisava se sentir em casa, sentir-se acolhido e ouvido. “Falou por uma hora, sem nunca se cansar”, disse à Agência Fides o padre Antonio Porcellato, Superior Geral da Sociedade das Missões Africanas (SMA).

“O missionário é o homem da Palavra, do anúncio. Sem Bíblia, sem Palavra de Deus e sem Eucaristia, o padre Gigi explicou que aprendeu a ouvir o silêncio. O silêncio do grande deserto do Saara, o silêncio interior. Como o profeta Isaías, ele podia sentir a presença de Deus no silêncio, na solidão. Ele descobriu que Deus sempre lhe deu forças”, afirmou o padre Porcellato.

Padre Antonio recordou, entre outras coisas, um episódio da manhã de sábado, 10, antes que padre Luigi e sua família iniciassem a viagem para Madignano. “Antes de sair de Roma, Gigi pediu permissão para parar no cemitério Prima Porta. Lá está enterrada Miriam Dawa, uma menina de 13 anos, nascida no Níger, que foi internada no hospital Bambin Gesù na Itália para tratamento cardíaco. Mas a doença foi mais grave do que o esperado e Miriam morreu e a família a sepultou em Roma. Padre Gigi rezou brevemente em seu túmulo”.

Dessas horas passadas com o seu confrade, recém-libertado dos sequestradores, o padre Antônio nunca esquecerá “a profunda fé de Gigi, apesar das dúvidas. Gigi disse que no deserto se sentia abandonado, não sabia para onde os sequestradores o levavam. Tinha dúvidas também sobre o papel da SMA: o que estão fazendo para me libertar? Mas nunca perdeu a esperança, a confiança, o sentido da presença de Deus que o acompanhava em todos os lugares ”, disse o sacerdote. 

“Seus companheiros de prisão se converteram ao Islã, mais por conveniência do que por convicção, para obter um tratamento melhor. Ele sempre permaneceu calmo e convicto de sua fé, de seu relacionamento com o Senhor”.

“Também fiquei impressionado com o seu apelo ao perdão, à fraternidade, à esperança de que possamos chegar a um entendimento com os jihadistas”, continuou padre Antonio. “Restam outros reféns nas mãos dos terroristas. Devemos ter o ideal da fraternidade dentro de nós, insistiu padre Gigi, e tentar resolver nossos conflitos e mal-entendidos com a não violência”, ponderou.

“Houve momentos que nunca esquecerei, que ficarão para sempre na minha memória”, concluiu o Superior Geral

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