Contribuição da música

Padre comenta como canções ajudam a aproximar do mistério do Natal

Letras e melodias típicas deste tempo litúrgico contribuem para aprofundar espiritualidade e contemplar o mistério do Natal, resgatando seu verdadeiro sentido

Thiago Coutinho
Da redação

Maestro de terno conduz uma orquestra com batuta em primeiro plano, enquanto músicos de cordas aparecem desfocados ao fundo durante uma apresentação em palco.

Foto: cyano66 de Getty Images Pro via canva

A música tem um papel significativo dentro da liturgia católica. Neste tempo do Advento,  as composições que festejam o nascimento do Menino Jesus trazem mensagens de paz, união, esperança e solidariedade e podem ajudar os fiéis na caminhada de preparação ao Natal. 

As letras e melodias natalinas contribuem para aprofundar o sentido espiritual e a contemplação do mistério da Natal, resgatando seu verdadeiro sentido. “Entendermos a letra é como um anúncio. A melodia não é um fundo sonoro, é um caminho que nos leva à oração”, explica padre Rafael Borges de Oliveira, pároco da paróquia São Paulo Apóstolo em Copacabana (RJ).

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A música, para o sacerdote, consegue, inclusive, quebrar o paradigma comercial tão propagado nestes tempos. “A música devolve o essencial que é o silêncio interior, a contemplação e o espanto diante deste grande mistério. E de modo especial também acredito que educa, educa o coração para ajoelhar por dentro. É como se a gente tivesse ajoelhado dentro do nosso interior”, pondera.

Enfoque na esperança

Nessas quatro semanas que antecederam o Natal, o Advento, as canções entoadas pelos fiéis reforçam o conceito de espera, de esperança. “Acho que o Advento tem uma sobriedade própria, os cânticos que falam de esperança, promessa, vigilância”, observa o pároco.

Clássico natalinos como “Ó Vinde Divino Salvador”, “Noite Feliz”, de Adeste Fidelles, atravessam gerações porque, segundo o religioso, conseguem atingir o cerne da fé cristã no coração dos fiéis. “Elas praticamente condensam a nossa fé, a partir da escritura e da tradição da Igreja. E as paróquias e os corais sérios geralmente escolhem esses repertórios não pelo gosto pessoal, mas pelo tempo litúrgico, pelos textos bíblicos e pela capacidade que a música tem de servir à oração da assembleia”, diz. 

O papel dessas músicas é de criação de uma atmosfera familiar e comunitária no Natal, que cria laços, segundo o pároco. “[A música] aproxima gerações, reconcilia memórias, cura saudades, a música é sempre presente, tem esse lado afetivo”, afirma padre Rafael. Canções, quando são recitadas, fazem a comunidade respirar junto, como se “estivessem em torno da manjedoura”, define o sacerdote. “E acaba aquecendo os lares feridos”, emenda.

Música para evangelizar

Os cânticos católicos servem também para atender à missão essencial da Igreja: evangelizar. Especialmente as canções contemporâneas. “Ela [a música] também evangeliza, não só as antigas. Nas plataformas digitais, nas redes sociais, nos streamings. As canções novas mantêm o núcleo de fé ao mesmo tempo em que falam a linguagem do nosso tempo”, analisa o religioso.

As novas canções não chegam para substituir os cânticos antigos, mas sim complementá-los. “E essa mesma boa nova cantada, essas novas vozes fazem com que muitas pessoas se aproximem do mistério do sagrado”, observa.

Um testemunho de fé

Por fim, padre Rafael partilha uma história comovente que já viveu nesta época do ano. “Lembro-me de uma família que chegou à Missa do Galo. Haviam vivido um ano duríssimo de luto, com poucas palavras e muito silêncio. Quando a assembleia começou a cantar uma música de Padre Zezinho, que dizia ‘estou pensando em Deus / estou pensando no amor / tudo seria bem melhor se o Natal não fosse um dia / se as mães fossem Maria e os pais fossem José / e se a gente parecesse com Jesus de Nazaré”.

Ao ouvir este verso em questão, a família se comoveu e chorou. “Mas foi um choro de esperança, não era mais um Natal vazio, era como se o amor tivesse reaprendido a amar”, conta, emocionado, padre Rafael. “Cantar no Natal é reaprender a amar”, assegura. “Acho que é essa grande alegria que o Natal nos dá. Esse Deus sendo tão grande, tão rico em misericórdia, Ele assumirá nossa condição humana para nos resgatar. Ele escolhe vir dessa família tão simples e humilde como um aquele que serve a todos”, finaliza.

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