DISCURSO NO JAPÃO

“Na esperança encontramos um antídoto contra o medo”, afirma Parolin

Secretário de Estado do Vaticano discursou na Expo Osaka 2025, no Japão, por ocasião do Dia Nacional da Santa Sé celebrado no país

Da Redação, com Vatican News

Cardeal Pietro Parolin/ Foto de arquivo: Daniel Xavier

O secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, participa da Expo Osaka 2025, no Japão, por ocasião do Dia Nacional da Santa Sé. Neste domingo, 29, ele discursou aos participantes do evento, representando o Papa Leão XIV.

Em sua fala, o cardeal lembrou que as relações diplomáticas, estabelecidas há mais de 80 anos, baseiam-se hoje em muitos valores compartilhados e em uma frutífera cooperação, especialmente nos setores da educação, da saúde e da assistência social. “Outras prioridades que são caras a ambos são a paz, a estabilidade e nossos esforços conjuntos para limitar a proliferação descontrolada de armamentos”, citou.

Neste contexto, Parolin recordou que este ano marca o 80º aniversário do trágico bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki, “um evento que marcou profundamente a história deste país e que moldou ainda mais seu inabalável compromisso com a paz”.

Na sequência, o secretário de Estado revisitou a longa história das relações entre a Santa Sé e o Japão, recordando o próximo 470º aniversário da primeira audiência papal concedida a um católico japonês, quando, em 1555, Bernardo de Kagoshima foi recebido pelo Papa Paulo IV.

O cardeal também mencionou a comemoração dos 440 anos da primeira missão diplomática japonesa à Europa — a chamada Embaixada Tensho — que, ao chegar a Roma, pôde se encontrar com o Papa Gregório XIII, e o 410º aniversário da Embaixada Keichō, recebida em audiência pelo Papa Paulo V em 1615. “Esses primeiros contatos históricos marcaram o início de uma relação que resistiu à prova do tempo e que, esperamos, se aprofunde cada vez mais no futuro”, frisou.

Beleza e esperança

Parolin refletiu ainda sobre os conceitos de beleza e esperança, presentes no tema do pavilhão da Santa Sé na Expo 2025 Osaka. “São valores fundamentais para nós, católicos, porque neles vemos um reflexo de Cristo e de sua ação na história. Para nós, Ele é a máxima expressão da beleza divina: uma beleza que transcende a mera aparência exterior para tocar os corações e as almas das pessoas. Cristo é também a esperança da humanidade, pois, com sua vida e sua morte, abriu um caminho de salvação e de renovação para toda a humanidade”, explicou.

Diante disso, o cardeal exortou a olhar para a beleza que pode ser encontrada na comunidade humana, no florescimento de iniciativas sociais, nos projetos de voluntariado e solidariedade, que são “uma semente fértil da qual nossas sociedades e nossas políticas podem extrair força para renovar os projetos e devolver luz aos muitos lugares sombrios do nosso mundo moderno”.

O tema da esperança, prosseguiu o secretário de Estado, está entrelaçado com a confiança em Deus, com o compromisso concreto pelo bem comum, favorecendo o senso de comunidade e de responsabilidade mútua. “Essa virtude mostra-se hoje mais necessária do que nunca. Em uma época marcada por inúmeros conflitos e enormes desafios globais, o futuro é, por vezes, mais temido do que aguardado: somente na esperança encontramos um antídoto contra o medo e um encorajamento ao compromisso e à ação”, acrescentou.

De fato, a esperança é um motor para fazer o bem à comunidade e, em nível internacional, “torna-se um apelo a um compromisso inabalável com o diálogo e a cooperação, sobretudo quando tensões e conflitos parecem intransponíveis”, concluiu Parolin

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