Comunicado

Morre o Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo

Amigo do diálogo, do Papa Francisco, defensor da ecologia e dos menos favorecidos, Cardeal Cláudio Hummes faleceu em São Paulo com 87 anos, após dias de enfermidades

Ronnaldh Oliveira
Da redação

Foto: Arquivo Canção Nova

Faleceu nesta manhã de segunda-feira, 4, o arcebispo emérito de São Paulo e Prefeito emérito da Congregação para o Clero, Cardeal Cláudio Hummes. Ele morreu aos 87 anos, após prolongada enfermidade.

Seu corpo será velado na Catedral Metropolitana de São Paulo, onde serão celebradas Santas Missas em diversos horários a serem oportunamente divulgados.

Nascido em Salvador do Sul (RS), no dia 8 de agosto de 1934, entrou para a Ordem Franciscana dos Frades Menores, recebendo a ordenação sacerdotal em 3 de agosto de 1958, e a ordenação episcopal em 25 de maio de 1976.

Foi nomeado Bispo diocesano de Santo André (SP), em 1975; Arcebispo de Fortaleza (CE) em 1986; e Arcebispo de São Paulo em 1998. Foi feito membro do Colégio Cardinalício pelo Papa São João Paulo II no Consistório de 21 de fevereiro de 2001. De 2006 a 2011, trabalhou ao lado do Papa Bento XVI em Roma, como Prefeito da Congregação para o Clero.

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De volta ao Brasil, foi nomeado Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cargo que exerceu até março de 2022. Em 2014, ajudou a criar a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), da qual foi o primeiro Presidente. Foi Relator-geral do Sínodo para a Amazônia, em 2019, e, de julho de 2020 a março de 2022, presidiu a recém-criada Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama).

Seu corpo será velado na Catedral Metropolitana de São Paulo a partir das 19h até as 10h de quarta-feira, 6, às 10h.

As Missas serão presididas pelo Cardeal Odilo Scherer hoje, segunda-feira, 04, às 20h; terça-feira,05, às 12h; e na quarta-feira, 06, às 10h.

O Sepultamento será após a Missa das 10h da quarta-feira (6), na Cripta da Catedral.

Amigo do Diálogo

Dom Cláudio, em seu ministério, sempre apostou no diálogo: com os mais necessitados, com as religiões cristãs e não confessionais, com os indígenas, autoridades civis e todos aqueles que necessariamente passavam por ele.

Em uma de suas declarações diante do serviço da Igreja no Brasil em território amazônico, afirmou: “O caminho é o diálogo. Muitas vezes, não há vontade, e tudo se complica. Na missão geral, independente das várias confissões cristãs que atuam na Amazônia e do modo como atuam e outras questões um tanto polêmicas, o que é necessário é o dialogo inter-religioso, principalmente com os indígenas. Eles têm seu próprio modo de se relacionar com a divindade e viver a espiritualidade da divindade. Deus sempre esteve presente na história deles. A Igreja não pode simplesmente implantar uma igreja europeia e ignorar isso, toda a sua identidade religiosa. O dialogo é fundamental”, disse Hummes em entrevista à 57ª Assembleia Geral da CNBB, em 2019.

Amigo do Papa Francisco

Mário Jorge Bergoglio e Cláudio Hummes trilhavam uma amizade de anos. Partilhavam vida, missão e predileção pelos menos favorecidos. Ele os tinha em mente o tempo todo, mesmo nas últimas votações do Conclave de 2013 que elegeu o arcebispo de Buenos Aires. Ao amigo argentino, sentado ao seu lado, quando alcançou o número de votos necessários para ser eleito, sussurrou-lhe ao ouvido: “Não se esqueça dos pobres”. Da intuição surgiu outra intuição do Papa recém-eleito para a escolha do nome. Foi o próprio Francisco a revelar aos jornalistas que encontrou na Sala Paulo VI em 16 de março de 2013:

“Tinha ao meu lado o Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e também prefeito emérito da Congregação para o Clero: um grande amigo, um grande amigo! Quando o caso começava a tornar-se um pouco ‘perigoso’, ele me animava. E quando os votos atingiram dois terços, surgiu o habitual aplauso, porque foi eleito o Papa. Ele me abraçou, beijou-me e me disse: ‘Não te esqueças dos pobres!’. E aquelas palavras gravaram-se na cabeça: os pobres, os pobres. Logo depois, associando com os pobres, pensei em Francisco de Assis”, recordou o Pontífice.

Hummes alegrou-se com aquela eleição e ao Papa, pelos microfones da Rádio Vaticano, desejou “um pontificado prolongado”. “A Igreja precisa deste pontificado, a Igreja precisa deste projeto que ele manifesta e que colocou em andamento”.

Amigo da Canção Nova

Monsenhor Jonas, em pronunciamento diante do falecimento do Cardeal, falou da proximidade de Hummes com a Comunidade. “Talvez você não soubesse disso, mas ele era muito amigo da Canção Nova. Amigo pessoal do Eto. Então, para nós é um dia festivo, porque entrou alguém que é nosso amigo no céu. Sim, ele entrou para o céu, e nós agradecemos a Deus por essa passagem”, conclui Monsenhor Jonas.

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