Em mensagem de vídeo, a subsecretária do Dicastério, Gabriella Gambino, destacou a forte ligação entre o bem comum, a família baseada no matrimônio entre homem e mulher, e a economia
Da Redação, com Agências
O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida segue com os preparativos para o encontro a “A Economia de Francisco”, previsto para ser realizado, em Assis, de 19 a 21 de novembro de 2020. Como parte da preparação, em evento on-line, a subsecretária do Dicastério, Gabriella Gambino, fez uma palestra temática: “Políticas para a Felicidade”.
Em sua mensagem de vídeo, Gambino destacou a importância do bem comum, a ser entendido não como “a soma dos bens particulares” de cada um, mas como “um bem indivisível que só pode ser alcançado, aumentado e preservado juntos”. Não “é um fim em si mesmo”, mas serve para a “realização em plenitude” da pessoa e não pode ser atribuído “a um simples bem-estar socioeconômico”.
A subsecretária do Dicastério vaticano destacou a forte ligação entre o bem comum, a família baseada no matrimônio entre homem e mulher, e a economia. A palavra “economia” vem do grego “oikia-nomos” e indica “a arte de administrar a família, a casa”. Além disso, “pelos laços que a caracterizam”, disse Gabriella Gambino, “a família é capaz de gerar atitudes virtuosas dentro do mercado, como a partilha e a solidariedade entre as gerações, tornando-se uma produtora de serviços” e “força motriz do sistema econômico”.
Por outro lado, a experiência da pandemia de coronavírus mostrou isso, porque a família foi o “o amortecedor que absorveu em seus ombros as consequências humanas e econômicas mais pesadas da crise global da saúde”.
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Quanto à economia capitalista, ela se centraliza na “maximização do lucro”, não conduz “nem à felicidade dos indivíduos nem ao bem comum” e não garante o “desenvolvimento humano integral e a inclusão social”, deixando sempre para trás “os pobres, os marginalizados e aqueles que estão em dificuldades há muito tempo”. Segundo Gabriela, a compra de bens de luxo não nos torna mais felizes e sublinhou que “riqueza e felicidade não são a mesma coisa: a primeira persegue o útil, a segunda vive da reciprocidade e em vista da solidariedade”.
“Isso mostra que dentro do sistema econômico é necessário, e não opcional, salvaguardar as relações e, antes de tudo, o papel piloto da família, ou seja, o lugar das relações primárias necessárias para que a pessoa realize plenamente a sua personalidade, a sua identidade e o seu projeto de vida”, sublinhou a subsecretária.
A família “não é um peso ou um custo”, acrescentou Gabriella Gambino, “mas o principal motor capaz de gerar estabilidade, segurança, atitudes virtuosas, solidárias e livres, que podem virtuosamente alimentar o sistema econômico”.
Renovação dos modelos econômicos
“Abandonar a concepção individualista da pessoa” e “reconhecer a subjetividade e a prioridade social da família como fundamento do bem comum” são apenas dois dos cinco importantes passos a dar, sugeridos pela Gambino. Os outros três dizem respeito à promoção de condições de trabalho que protejam a vida familiar, um crescimento econômico que não seja “às custas das necessidades fundamentais da pessoa em termos relacionais e familiares” e “uma renovação dos modelos econômicos baseados também em nossa generosidade pessoal para com os mais necessitados”. Como a pandemia demonstrou, “somos todos irmãos, todos interligados e conectados”, tanto que, se alguém está doente, todo o “corpo social” sofre.
A subsecretária vaticana exortou a trabalhar por um mercado entendido como “um espaço de encontro entre as pessoas, governado pela confiança e transparência”, baseado nos princípios da “partilha, solidariedade e comunhão”. “O mercado não pode ser governado por uma ‘mão invisível’, onde o outro é um desconhecido anônimo sem rosto”, reiterou Gambino, “mas deve ser uma casa comum onde todos podem viver sem serem excluídos ou ficar para trás, onde todos têm um nome e podem fazer ouvir a sua voz”.