Até o dia 8 de outubro, a Igreja no Brasil celebra a Semana Nacional da Vida, no intuito de fortalecer a fé e promover uma maior consciência em prol da vida
Kelen Galvan
Da redação
“Vida: dom e compromisso” é o tema da Semana Nacional da Vida que começa nesta quinta-feira, 1º, e irá culminar no Dia do Nascituro, em 8 de outubro. A Igreja Católica defende a vida humana desde a concepção até o seu fim natural e, neste ano, com os desafios impostos pela pandemia de Covid-19, é preciso lembrar da responsabilidade de cuidar também da própria vida e da vida das outras pessoas.
Todos os anos a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família (CEPVF) da CNBB e a Pastoral Familiar (CNPF) elaboram um subsídio para promover reflexões sobre a Semana da Vida. Este ano, excepcionalmente o material será oferecido gratuitamente e o download está disponível no site: www-cnpf-org-br.rds.land/horadavida2020
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O presidente da CEPVF, Dom Ricardo Hoepers, afirma no subsídio que além da crise sanitária e social que a sociedade tenta superar, há uma crise moral, cuja causa já era apontada pelo saudoso Papa João Paulo II: um ataque desenfreado contra a família.
“A família ‘é o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser convenientemente acolhida e protegida contra os múltiplos ataques que está exposta e, pode desenvolver-se segundo as exigências de um crescimento humano autêntico'”, destaca Dom Ricardo ao citar a afirmação de São João Paulo II.
E o bispo complementa: “Com a crise da família, a sociedade toda entra em colapso. Por isso, o Papa apresentava a família como um valor imprescindível: ‘Determinante e insubstituível é e deve ser considerado o seu papel para promover e construir a cultura da vida'”.
Vídeo: Divulgação CNBB
Pensando nisso, o subsídio deste ano visa fortalecer a fé e promover, nas famílias e sociedade, uma maior consciência em prol da vida.
O assessor da Comissão para a Vida e Família da CNBB e secretário executivo Nacional da Pastoral Familiar, padre Crispim Guimarães dos Santos, explica que o tema da Semana da Vida foi escolhido em sintonia com o que a Igreja no Brasil vem trabalhando ao longo deste ano, principalmente na Campanha da Fraternidade.
“Vamos estendendo a Campanha da Fraternidade para dentro da Semana da Vida, trabalhando a vida como dom e compromisso, em situações bem concretas, na situação das gestantes, dos idosos, dos drogados, dos jovens, em cada situação específica”, destaca.
Conteúdo do subsídio
Em cada dia da Semana da Vida, o subsídio apresenta uma proposta de reflexão. Padre Crispim conta que o primeiro encontro será uma Adoração Eucarística, chamada de “alegria da vida”, para que as pessoas possam olhar a vida lembrando que ela é um dom e, portanto, é promotora de alegria.
O segundo encontro vai ser “útero: santuário da vida”, lembrando o início da vida. O terceiro encontro continua a refletir a vida como um todo e fala da velhice, do ser avô e das pessoas enfermas. E foi intitulado “a experiência de vida é uma benção”, isto é, a vida que é prolongada, e muitas vezes descartada pela sociedade, nós colocamos como uma benção.
No quarto encontro será trabalho uma vigília “jovens pela vida”, voltada para a juventude, trabalhando o sentido da vida, sobretudo lembrando que o suicídio acontece em grande parte entre essa parcela da população.
O quinto encontro é uma “caminhada pela vida: luz de Deus”, com o gesto de acender as velas e pode ser feito dentro de casa, na igreja ou em uma praça, desde que não provoque grandes aglomerações, enfatiza o assessor.
O sexto encontro será “a vida é missão: eis-me aqui”. Lembrando que estamos no mês de outubro, o mês missionário, e a grande missão dos católicos é valorizar a vida.
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“Cura: dom de Deus, missão da Igreja e dos médicos” será o tema do sétimo encontro da Semana da Vida. Padre Crispim explica que neste dia será lembrado o sacramento da Unção dos Enfermos, mas também os profissionais da saúde que, foram comparados, pelo Papa Francisco, aos mártires, pois muitos deram sua vida salvar outras vidas.
No dia do Nascituro, o oitavo encontro será “vida, dom de Deus e compromisso humano”.
Além de todos esses encontros, o subsídio traz também uma celebração a mais para o dia do médico, a ser celebrado em 18 de outubro, dia de São Lucas. “Uma celebração para dar a benção aos profissionais de saúde. As comunidades podem chamar os médicos ou profissionais de saúde nas igrejas ou combinar com todos e fazer a transmissão da Santa Missa através das redes sociais”.
Celebrar de formas diferentes
Padre Crispim explica que, com a pandemia não serão possíveis realizar as atividades da mesma forma como nos anos anteriores, para evitar aglomerações, como no caso das caminhadas pela vida, realizadas no ano passado.
Entretanto várias iniciativas têm sido apoiadas e devem se estender após a Semana Nacional da Vida. “Tanto iniciativas práticas como incentivar os católicos, médicos e agentes de saúde, que além de fazer seu trabalho normal, possam fazê-lo com amor e dedicação, porque é um momento de sofrimento duplo, pela doença e pelas questões de cunho psicológico. E os nossos centros continuam dando assistência às pessoas que têm medo, que entraram em situações difíceis, como depressão. E, mais do que isso, foram criados outros trabalhos já durante a pandemia, junto à Pastoral Familiar, para dar essa assistência às pessoas”.
Para fazer as celebrações propostas pelo subsídio, padre Crispim sugere algumas maneiras.
Um meio é que as paróquias proporcionem esse momento celebrativo em cada dia da Semana da Vida transmitindo por suas mídias sociais para as famílias de sua comunidade. Ou ainda pode ser realizada em pequenos grupos em casa, o que já é permitido dentro das medidas sanitárias de prevenção da Covid-19.
Ele conta que, em alguns lugares, foram preparados sete dias com Lives, estudando o tema com pessoas especializadas.
“O subsídio é celebrativo. E, como vimos, existem ‘n’ formas de celebrar a Semana Nacional da Vida”, destaca.
Propostas de ações
Padre Crispim explica que, em cada encontro do subsídio, há uma proposta de ações concretas a alguma obra relacionada com a temática daquele dia. “Tem em si o subsídio e depois tem uma obra da Igreja que já trabalha com alguma atividade em defesa da vida”.
Entre as ações propostas estão, por exemplo, escolher uma gestante em gravidez de risco ou em situação de pobreza, para acompanhar e ajudá-la.
Também quanto aos idosos, a proposta é visitar os idosos quando possível, cuidar sobretudo se tem pais ou avós idosos. “Dar a atenção necessária. Realmente se comportar como cristãos diante desta etapa da vida”.
Em relação à juventude, procurar lembrar dos centros que acolhem, promovem e cuidam de jovens, inclusive com serviços psicológicos.
“Nós temos muitas e variadas ações, que a gente propõe e está no subsídio deste ano, para que possa ser celebrado, de forma muito concreta, aquilo que propõe a Semana Nacional da Vida 2020”, conclui.