Celebração tradicional da Quinta-feira Santa foi realizada hoje na Catedral de Lorena em virtude da pandemia
Júlia Beck
Da Redação
Nesta terça-feira, 4, dia dedicado a São João Maria Vianney, patrono dos sacerdotes, a Diocese de Lorena – onde está localizada a comunidade Canção Nova – celebrou a Missa do Crisma. Padres diocesanos, joseleitos, salesianos e consagrados da Comunidade Canção Nova participaram da celebração que foi presidida pelo bispo emérito e administrador da diocese, Dom Benedito Beni.
A solenidade, geralmente realizada na Quinta-feira Santa, precisou ser celebrada em uma nova data devido à pandemia da covid-19 que deixou, até o final do mês de julho, mais de 500 mil mortos em todo o mundo e ultrapassou a marca de mais de 10 milhões de casos, segundo último levantamento da universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos (EUA).
Devido ao grande número de casos e óbitos no Brasil – último balanço do Ministério da Saúde registrou aproximadamente 95 mil mortos e 2,7 milhões de casos, a missa foi realizada seguindo as indicações da Organização Mundial da Saúde (OMS), respeitando o distanciamento social e obedecendo a capacidade segura para a participação presencial da celebração.
Memória da Quinta-feira Santa
Em sua homilia, o bispo emérito destacou que a solenidade era uma oportunidade de recordar os dons deixados por Jesus desde o início de seu mistério pascal, morte e ressurreição pela salvação do mundo. “Hoje respiramos o ar litúrgico da Quinta-feira Santa”, apontou Dom Beni.
O bispo fez memória do trecho do evangelho de São João que afirma: “Jesus tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o extremo” (Jo 13, 1). “Estas palavras estão intimamente ligadas ao calvário. Ao instituir a eucaristia Jesus deu novo sentido ao calvário. Entregou sua vida em benefício do povo, antes de entregar sua vida ao Pai. Na eucaristia, memorial de seu sacrifício na cruz, continua entregando sua vida por nós”.
A Quinta-feira Santa é o dia da Igreja, comentou Dom Beni. O administrador da Diocese de Lorena afirmou que durante seu ministério público, Jesus foi fundando a Igreja pouco a pouco, sendo o ato principal da fundação da Igreja a instituição da eucaristia. Ela, de acordo com o bispo, é o sacramento da nova e eterna aliança, sendo a eucaristia a origem do novo povo de Deus.
Neste dia dedicado também aos sacerdotes, Dom Beni afirmou que existe uma vinculação essencial entre o sacerdócio ministerial e a eucaristia. Um não existe sem o outro, frisou.
Óleo do Crisma
Ao comentar sobre o centro da liturgia da Missa do Crisma, a bênção do óleo, o bispo emérito sublinhou que o óleo é o elemento da criação, fruto da natureza e do trabalho humano. “Santo Agostinho ensina que quando sob o óleo é lançada a palavra de Deus, ele se transforma em sacramento”, comentou Dom Beni. O bispo afirmou então que o óleo é a unidade entre a criação e a redenção.
“A unção exterior com o óleo é o símbolo da unção interior que capacita para a vivência do ministério”, destacou. O administrador da diocese comentou que o óleo faz recordar Cristo, que significa ungido pelo Espírito Santo. “Todo ministério de Cristo é uma espécie de grande jubileu, tempo de louvor e ação de graças, libertação, perdão generoso”.
Além de recordar Cristo, Dom Beni afirma que o óleo recorda cada cristão. “A palavra ‘cristão’ vem de Cristo, aquele que no batismo e na crisma foi ungido pelo espírito santo para continuar no mundo a missão de Jesus Cristo”. O bispo prosseguiu destacando a força dos óleos do crisma, enfermos e catecúmenos.
Missão da Igreja
Ao citar o profeta Isaías, o bispo emérito sublinhou que a Igreja é povo sacerdotal, tem uma missão com relação a todos os povos da terra. “Ela deve ser o sacramento universal de salvação, sinal de salvação para todas as nações. Deve ser o santuário de Deus no mundo”, destacou. Dom Beni afirmou que o testemunho da Igreja não deve ser só pela palavra, mas também pela vida.
Infelizmente, o administrador diocesano afirmou que, por causa de membros e seus pecados graves, a Igreja padece, tornando-se para muitos um sinal opaco de Deus. “Precisamos vencer os pecados graves que seus membros cometem”, reforçou.
Mensagem aos sacerdotes
“Hoje é o nosso dia por excelência”, frisou Dom Beni. O bispo lembrou que na última ceia, depois de instituir a eucaristia e o sacerdócio ministerial, Jesus elevou ao pai uma oração, que é a mais longa oração de Jesus registrada nos evangelhos: a oração sacerdotal. Ela, segundo o administrador da Diocese de Lorena, liga a humanidade a Deus, pois por meio dela Jesus consagrou seus apóstolos, bispos e presbíteros da Igreja.
Segundo o bispo emérito, consagrar é reservar para Deus, tornar propriedade de Deus, sendo assim, o sacerdote é uma propriedade de Deus, deve ser homem de Deus e cuidar das coisas de Jesus. “Nesse sentido São João Maria Vianney, patrono dos sacerdotes e dos párocos, é um exemplo. Viveu profundamente a sua consagração a Deus, cuidou unicamente das coisas de Deus, procurando amar a sua palavra, preparar bem suas homilias, catequeses”.
Dom Beni concluiu pedindo aos sacerdotes que contemplem o padroeiro dos padres. “Vamos aprender com ele a sermos homens de Deus, a cuidar das coisas de Deus e a viver a nossa consagração”. Após a homilia, os presbíteros da Diocese de Lorena renovaram suas promessas sacerdotais e os óleos foram abençoados.
O padre Márcio Prado, da Comunidade Canção Nova, também participou da celebração na Catedral de Lorena. No vídeo abaixo, enviado ao Jornalismo Canção Nova, ele deixa uma breve mensagem pelo Dia do Padre: