Professor de História da Igreja, Felipe Aquino explica que se Deus escolheu São Joaquim e Sant’Ana para serem os pais da Virgem Maria, foi porque realmente seus méritos eram grandes diante de Deus
Mauriceia Silva
Da Redação
A Igreja Católica comemora, nesta terça-feira, 26, o Dia dos Pais da Virgem Maria e avós de Jesus: Sant’Ana e São Joaquim. Em virtude disso, também nesta data se comemora o Dia dos Avós.
O conhecimento sobre os pais de Nossa Senhora veio, através de alguns livros apócrifos que narram a respeito da vida deles, afirma o professor de História da Igreja Felipe Aquino. Segundo ele, também a tradição da Igreja testemunha que eles foram os pais de Nossa Senhora, e que Santa’Ana teria nascido em Belém e São Joaquim na Galileia.
“A história deles conta que eram estéreis, mas apesar de enfrentarem essa dificuldade, eles seguiam uma vida de fé e de temor de Deus. E um dia tiveram a graça de receber o nascimento da Virgem Maria.” Para Aquino, isso fala muito forte aos fiéis e é o suficiente para que se olhe para São Joaquim e Sant’Ana com muita devoção.
“Porque se Deus os escolheu para ser os pais da Virgem Maria, é porque, realmente, os seus méritos eram grandes diante de Deus. Sendo assim, a Igreja recomenda que nos recomendemos a eles, sobretudo os avós, as pessoas já de idade.”
Avós: rede de apoio familiar
Há quem diga que “ser avô é ser pai duas vezes”, e “ser avó é ser mãe duas vezes”. O ditado pegou porque muitos vovôs e vovós são tão próximos aos netos que se veem revivendo a criação dos filhos, ou fazendo tudo completamente diferente.
Segundo a psicóloga Elaine Ribeiro, para muitas famílias, os avós fazem parte de uma rede de apoio familiar, uma vez que muitos netos são cuidados por eles enquanto os filhos trabalham.
“Os avós trazem história, memória e experiências de vida e um histórico de vivências, de gerações. Um tempo onde falamos tanto sobre as diferenças entre gerações, a ponto até mesmo de desrespeito entre idades e hierarquia. É preciso retomar a importância da troca entre gerações.”
Avô de 12 netos, o Professor Felipe Aquino explica que os avós têm uma importância grande na vida dos netos, e sobretudo acumulam uma experiência muito grande e muito amor para com eles. Tem muita coisa para transmitir, de sabedoria, de experiência, e que os jovens precisam compreender, e precisam também respeitar.
Há quem pense que o papel dos avós é só mimar. Porém, a participação deles na criação dos netos pode ser uma fonte de experiência e aprendizado. “Mimar é resumir e simplificar o papel dos avós de forma muito brusca. A transmissão de cultura, de história e de formação humana e social pode sim passar pelo convívio com os avós”, explica Elaine.
O carinho dos e com os avós
A empresária de arte sacra, Viviane Lopes de Meira Barros, recorda o quanto o relacionar-se de seus filhos com seus pais foi frutuoso. Para ela, os avós ajudam muito na base de amor que as crianças precisam nos primeiros anos de vida.
“O relacionamento dos avós, tanto paternos quanto maternos, sempre foi de muito amor. Eu percebo esse amor forte que minhas crianças sentem pelos avós e também no crescimento deles como pessoas abertas ao relacionamento com os mais velhos.”
Viviane tem cinco filhos e, para ela, os protagonistas da educação deles é, em primeiro lugar, os pais. Porém, a sabedoria que os mais velhos têm ajuda bastante, sobretudo pela visão de fé e dos passos já andados por eles.
A empresária recorda com saudade o legado que seu pai deixou na vida de seus filhos. “Meu pai faleceu há dois meses e sua partida nos deixou grandes marcas. Ele não era uma pessoa que dava presentes para as crianças, mas ele ‘se dava’. A forma dele amar era dando tempo integral, dava se si mesmo nas brincadeiras. As crianças o amavam.”
“Todos nós, um dia, vamos envelhecer”
O Professor Felipe Aquino recorda que o convívio de avós e netos é muito importante tanto pelo afeto e aprendizagem quanto também pela conscientização.
“Nós temos que lembrar que nós todos um dia vamos envelhecer. Não pense que porque a pessoa é jovem não irá envelhecer. Eu me lembro que o meu pai disse, olha se vocês não morrerem vocês ficarão velhos, não é só eu que vou ficar velho não.”
O Professor ainda ressalta que quando a pessoa se torna idosa tudo vai se complicando. Ele explica que muitas vezes não enxerga mais direito, muitas vezes não escuta mais direito, precisa de aparelho no ouvido, às vezes precisa de uma bengala pra caminhar. “As dores se multiplicam, as doenças se multiplicam. Então é preciso a gente se colocar no lugar de uma pessoa já idosa.”
Além dessa conscientização, o vínculo entre netos e avós pode ser também uma via de mão dupla, principalmente no tocante à solidão, explica a psicóloga Elaine Ribeiro.
“O envelhecimento traz para muitas pessoas a experiência de solidão e de ressignificação dos papéis. Ao estarem próximos dos netos, é possível que os idosos possam cultivar o sentimento de renovação pessoal, oportunidade de ter companhia e gratificação por estarem provendo uma nova geração com cuidados e ensinamentos. Para as crianças que, muitas vezes, ficam isoladas e num mundo tecnológico, a proximidade com avós pode beneficiá-las muito. Brincadeiras, jogos, conversas, aprendizados: são muitas trocas.”