20 de agosto

Igreja celebra São Bernardo de Claraval, grande devoto da Virgem Maria

Doutor da Igreja Católica, São Bernardo de Claraval afirmava que Cristo é o centro de tudo e Maria é aquela que leva a Jesus

Fernanda Lima
Da Redação

“La vierge apparait a saint Bernard de Clairvaux”, de Filippino Lippi (1486) / Foto: Badia Fiorentina, Italie

Nesta terça-feira, 20, a Igreja celebra o dia de São Bernardo de Claraval. O santo francês foi o pai da Ordem Cisterciense. A obediência e o bem da Igreja, muitas vezes, o levaram a deixar a paz monástica para se dedicar às questões político-religiosas mais sérias de seu tempo. Bernardo foi um monge que viveu no século XII e além de reformador da ordem beneditina e conselheiro de príncipes e papas, foi um fervoroso devoto da Virgem Maria.

Padre Eder Pires em Toulon, França / Foto: Arquivo Pessoal

Padre Eder Pires é missionário da Comunidade Canção Nova e está há sete anos na frente de missão de Toulon, na França. Ele sublinha os aspectos marianos que se destacam em São Bernardo e o impacto que isso trouxe para a Igreja. “Ao longo da sua vida ele faz várias homilias e sermões sobre a Virgem Maria. Para ele, mesmo o maior pecador encontra abrigo em Nossa Senhora”, destacou.

Segundo o sacerdote, São Bernardo dizia que Maria é um ponto de referência, que guia o homem para chegar ao porto seguro que é Jesus. “Em seu famoso sermão ‘Invoca Maria’ ele nos aconselha a manter os olhos fixos em Nossa Senhora e sempre invocá-la especialmente nas tribulações. Outro ensinamento deste grande devoto da Virgem é de se entregar a ela todas as noites antes de dormirmos. Como um filho que pede a bênção de sua mãe antes de dormir”, declarou.

Para o Abade cisterciense, Cristo é o centro de tudo e Maria é aquela que leva a Jesus: “Nos perigos, nas angústias, nas incertezas, deve-se elevar o pensamento a Maria, invocar Maria. Que ela jamais saia dos nossos lábios; jamais se separe do nosso coração; para obtermos a ajuda na oração, jamais devemos esquecer seu exemplo de vida. Se a seguirmos, não nos perderemos; se rezarmos a ela, não nos desesperaremos; se pensarmos nela, não erraremos…” (Homilia II super “Missus est”).

Sobre a devoção à Virgem Maria, padre Eder explica que falar da intercessão de Maria é falar de uma mãe que foi dada à humanidade pelo próprio Jesus. “Antes de mais nada, Maria é uma mãe. Ela indica o caminho a seguir, ela aconselha, incentiva, conforta e dá o exemplo”, enfatizou. De acordo com o sacerdote, “a devoção Maria é uma poderosa arma que Nosso Senhor nos deu para alcançarmos mais facilmente a salvação. Ela não é o fim, mas um meio eficaz que temos, um exemplo de santidade e obediência a ser seguido”.

Testemunho

Padre Eder conta sobre sua experiência pessoal e destaca que tem uma relação filial com Maria. “Sempre estou com ela e falando da minha vida. Não me lembro de alguma vez que não fui atendido nestas ocasiões”. Além disso, na sequência ele relata um fato curioso, que considera engraçado:

“Aqui na França os trens costumam ser bem pontuais. Um dia precisei ir para Paris e fazer o meu passaporte. O consulado do Brasil me deu a possibilidade de retirar o passaporte no dia seguinte, mas eu já tinha comprado a passagem de trem de volta para o dia seguinte”.

O sacerdote contou que existia uma possibilidade de conseguir facilmente pegar o passaporte e o trem sem problemas, mas o sistema do consulado estava fora do ar, o que acabou atrasando. “Ao sair do consulado eu tinha 10 minutos para chegar na estação de trem. Comecei a pedir a intercessão da Virgem Maria, juntamente com uma irmã de comunidade, para que o trem atrasasse alguns minutos, pois se perdesse o trem teria que comprar outra passagem ( financeiramente seria um gasto a mais para a comunidade que não dispõe de muitos meios). Ao chegar na estação o trem estava atrasado em 15 minutos e o mais interessante é que a companhia de trem não sabia informar o motivo”.

Padre Eder afirma que a intercessão da Virgem Maria pode ocorrer também no cotidiano, às vezes até em coisas mais simples ou ordinárias. “Para alguns pode ser apenas uma coincidência, aquele trem, naquele horário, com aquele destino e sem uma aparente razão pelo atraso. Entrei no trem dando risada, pois eu sabia qual o motivo do atraso. Para mim foi a intercessão da Virgem Maria. E ainda por cima, o pequeno atraso não gerou nenhum problema, pois o trem chegou no destino dentro do horário”, concluiu.

São Bernardo

São Bernardo de Claraval nasceu em 1090, em Fontaines, França, em uma família muito rica. Aos 22 anos, após ter estudado gramática e retórica, entrou para o Mosteiro fundado por Roberto de Molesmes, em Citeaux (em latim Cistercium, do qual deriva o nome de Cisterciense). Alguns anos depois, fundou o Mosteiro de Claraval (Clairvaux), junto com 12 companheiros, entre os quais: 4 irmãos, um tio e um primo.

A obediência e o bem da Igreja, muitas vezes, o levaram a deixar a paz monástica para se dedicar às questões político-religiosas mais sérias de seu tempo. Orientador espiritual e educador de gerações de santos, São Bernardo deixou, em seus sermões comentados sobre a Bíblia e a liturgia, um documento excepcional de teologia monástica, tendendo, mais do que ciência, à experiência do mistério. Ele inspirou um afeto devotado pela humanidade de Cristo e da Virgem Mãe.

O santo morreu em 20 de agosto de 1153. E foi canonizado em 1174 pelo Papa Alexandre III. Em 1830, Pio VIII proclamou-o Doutor da Igreja. 

O Papa Pio XII dedicou-lhe uma encíclica intitulada “Doctor Mellifluus” (que escorre mel), na qual recorda, de modo particular, estas palavras de Bernardo: “Jesus é mel na boca, suave concerto aos ouvidos, júbilo ao coração”.

(Informações: santo.cancaonova.com)

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