Padre Carlassare, bispo de Rumbek, foi baleado nas pernas em um ataque no Sudão Do Sul; em recuperação, pretende voltar ao país assim que possível
Da Redação, com Agência Fides
“Não tenho dúvidas sobre retornar ao meu Sudão do Sul, o povo está me esperando e, apesar de tantos problemas, há também uma grande esperança. E quero fazer parte disso”. Essas são palavra do padre Christian Carlassare, bispo de Rumbek. Apesar da violenta agressão sofrida em abril passado, que deixou marcas no corpo e na alma, ele segue com o entusiasmo de pastor e do amor pelo seu país de missão.
No final de abril, padre Carlassare, missionário comboniano, foi baleado nas pernas em um ataque no Sudão Do Sul. Três meses após o trágico evento, enquanto está em reabilitação após um longo tratamento, falou à Agência Fides sobre suas esperanças. Ele também comentou as expectativas do povo que, apesar de festejar, nesses dias, dez anos de independência, ainda está distante de uma democracia pacífica.
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“Foi um momento muito dramático. Confiei-me ao Senhor pensando que a minha obra tivesse terminado ali. Isso me deu desprendimento e liberdade, e a consciência de que nosso testemunho é válido quando somos fiéis ao Evangelho até o fim, na fidelidade cotidiana. No momento, estou esperando com muita paz e liberdade interior, pronto para voltar o mais rápido possível”, diz ele, lembrando os momentos trágicos do ataque.
Padre Carlassare conta que, nas primeiras três semanas, ele ficou imobilizado na cama. Após uma primeira operação em Rumbek, foi transferido para Nairobi, onde ficou até algumas semanas atrás. Foi submetido a mais seis cirurgias, voltou a caminhar com o auxílio de muletas e começou a melhorar. Agora, ele está na Itália, fazendo exercícios para se recuperar completamente.
O ataque: seis estão presos
Sobre o ataque, até agora não houve uma versão oficial. No momento, há seis pessoas presas e que foram transferidas para Juba, em sinal de que o caso será encaminhado para o tribunal da capital. “Os seis atualmente presos fazem parte de uma família que agia pelos interesses do clã, que, com toda probabilidade, conflitavam com minha nomeação”.
No final, segundo o bispo de Rumbek, os agressores atraíram muito ressentimento da maioria da população. Já pare ele, o que aconteceu foi uma verdadeira corrida de solidariedade, tanto do povo de Rumbek quanto do Sudão do Sul no Quênia. “Uma reação muito positiva que faz esperar que a população tome partido contra a violência sem sentido. Para mim, em todo o caso, o que importa é o bem da Igreja e do país, não espero coisas para mim, a diocese deve se colocar a caminho, compreendendo-se e purificando-se ”.
Nesse meio de tempo, houve novas nomeações para a gestão e a pastoral à espera de padre Christian. O Vaticano nomeou um administrador apostólico. “Fiz tudo o que pude pela minha saúde e penso que poderei voltar assim que possível. É muito importante, porém, que se faça tudo para resolver o caso e, ainda mais determinante, que a diocese tenha um percurso próprio interno para garantir segurança e a possiblidade de trabalhar e fazer escolhas”.
Situação no Sudão do Sul
O Sudão do Sul alcançou a independência em 2011. Desde então, passou por longos períodos de conflito, somados à fome, pobreza e emergências humanitárias.
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Nos últimos dois anos, graças aos acordos de paz e ao início de uma primeira experiência de governo de unidade nacional, surge a esperança de volta à normalidade. Mas os contínuos embates, misérias e dificuldades no caminho do desenvolvimento correm o risco de mortificá-lo continuamente.
“É um momento de grande esperança para o Sudão do Sul, que faz olhar o país com um pouco mais de perspectiva”, afirma padre Christian.