31 de maio

Festa da Visitação: "Evangelho tem pressa em ser anunciado", diz padre

Padre Nilton César Boni recorda citação do Catecismo da Igreja Católica sobre o episódio bíblico celebrado nesta quarta-feira, 30: “A visitação de Maria a Isabel tornou-se, assim, visita de Deus ao seu povo”

Kelen Galvan
Da redação

Pintura do encontro de Maria com sua prima Isabel/ Foto: Divulgação Editora Cléofas

A Festa da Visitação de Nossa Senhora, celebrada nesta quarta-feira, 31, foi instituída em 1389 pelo Papa Urbano V. Nesse dia, comemora-se a visita de Maria a sua prima Isabel após a anunciação do arcanjo Gabriel.

A Bíblia narra que, logo após ter recebido o anúncio do Anjo e saber que Isabel estava grávida, Maria parte apressadamente para ajudá-la: “Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas para as montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel” (Lc 1,39-40).

Padre Nilton César Boni /Foto: Arquivo Pessoal

Esta atitude de Maria revela a grandeza do amor de Deus, afirma o autor de vários livros e formador do filosofado claretiano em Belo Horizonte (MG), Padre Nilton César Boni, CMF. Ele destaca a citação do Catecismo da Igreja Católica: “A visitação de Maria a Isabel tornou-se, assim, visita de Deus ao seu povo” (CIC 717).

Padre Nilton explica que a prontidão divina, que vai além do conceito humano de tempo e cronologia, é serviço real e comprometedor. “Maria, é a mulher da solidariedade que não faz cálculos e tampouco coloca condições para ir ao encontro dos necessitados. Ela é disponível na ordem da graça e do acolhimento do Reino”.

Pressa do anúncio

Segundo padre Nilton, ao ler a Escritura, sobretudo a cena em que Maria se encontra com Isabel, é possível compreender que o Evangelho tem pressa em ser anunciado.

“A Virgem está cheia do Espírito e vai para Ain-Karen levando a sabedoria dos humildes e a disposição dos crentes em servir a Palavra. O cristão católico que assume convictamente a maternidade de Maria e procura imitá-la na prática das boas virtudes jamais hesitará em responder a um apelo de Deus feito pela voz dos necessitados”, enfatiza.

O sacerdote diz que outro aspecto a ser considerado é a providência de Deus traduzida na iniciativa de Maria em caminhar ao encontro de Isabel. “Esta característica é marca de quem cuida e zela pela dignidade do próximo. A visitação de Maria é um ícone da Igreja que sente os dramas do povo e abre suas portas ao acolhimento e ao pastoreio. Com a mesma fé de Maria, os batizados devem colocar-se em movimento no anúncio do Ressuscitado”.

Encontro de duas promessas

A Bíblia narra que “quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!’” (Lc 1,41-42). Essa passagem une o encontro de duas mães com duas promessas.

O sacerdote claretiano destaca que a Sagrada Tradição e o Magistério da Igreja consideram que o Antigo Testamento termina com a pregação de João Batista, cuja missão foi preparar a vinda do Messias.

“As promessas feitas aos antepassados, e muito bem descritas nas profecias, sempre apontaram para a vinda de Cristo. Estando Isabel grávida do precursor e Maria do Salvador, se dá o encontro dos dois tempos que se fundem na graça de Deus. Esse encontro do antigo e do novo se integram na dinâmica do Reino de Deus e das bem-aventuranças prefiguradas no Evangelho”.

Esta cena pode ser estendida para a vida de cada pessoa, explica padre Nilton, quando encerram-se ciclos e abrem-se portas à “nova criação que brota do interior convertido para a luz batismal”. “No episódio da visitação, Batista e o Ressuscitado provocam alegria e confirmam os planos de Deus para a humanidade. João Batista sempre esteve a serviço do servo maior que redimiu a humanidade com sua paixão. Oxalá cada cristão compreenda que sua jornada terrena é cuidar dos caminhos sagrados por onde passa o Salvador”.

Cântico de Maria e da Igreja

A passagem do Evangelho continua: “E Maria então disse: ‘A minha alma engrandece ao Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador…’” (Lc 1, 47ss). O Magnificat é a oração de Maria, afirma padre Nilton Boni. O Catecismo diz: “é o cântico da Mãe de Deus e o da Igreja, cântico da Filha de Sião e do novo povo de Deus, cântico de ação de graças pela plenitude de graças derramadas na economia da salvação, cântico dos ‘pobres’, cuja esperança se vê satisfeita pelo cumprimento das promessas feitas aos nossos pais, ’em favor de Abraão e da sua descendência, para sempre'” (CIC 2619).

O sacerdote complementa que o magnificat é o cântico da alma elevada, de quem reconhece as maravilhas de Deus na humanidade. “Por excelência, é a oração dos humildes visitados pelo amor de Deus, abertos a transformar a vida em luta pelo Evangelho. Maria do Magnificat é a mulher simples e forte do cotidiano que não fica de braços cruzados esperando milagres, mas faz de sua existência um milagre permanente de obediência, sensibilidade, sabedoria e apelo a fazermos o que Jesus disser”.

Para a fé católica, o Magnificat é o resumo de uma vida entregue a servir a Deus nos pobres, nos aflitos e nos dramas sociais, destaca Padre Nilton. Segundo ele, é uma oração que ensina a ser mais coerente com a fé traduzida em obras e mais proativo no ministério batismal. É também “a reviravolta na lógica humana” que exalta “os últimos a ocuparem o primeiro lugar no reino de Deus”. “É o cântico dos amigos de Deus que sustentam a misericórdia com respeito, tolerância, diálogo e mansidão. É gratidão por ser filho de Deus”, complementa.

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