COLETIVA DE IMPRENSA

Evento “Economia de Francisco” é apresentado no Vaticano

Inspiração do Papa Francisco propõe “refundação” da economia, baseada no pensamento social da Igreja e em valores que garantam a aceitação da vida, o cuidado da família, a equidade social e o cuidado ao meio ambiente

Catarina Jatobá
Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Economia de Francisco 2022

Coletiva de Imprensa, no Vaticano, reuniu membros da comissão da Economia de Francisco e jovens participantes/ Foto: Joyce Silveira

Uma coletiva de imprensa, na manhã desta terça-feira, 6, no Vaticano, apresentou o evento “Economia de Francisco”, com o tema: “Papa Francisco e jovens de todo o mundo para a economia de amanhã”. O evento acontecerá de 22 a 24 de setembro, em Assis, na Itália.

Entre os participantes das coletiva, estavam membros da comissão organizadora da “Economia de Francisco”: o presidente da comissão, Dom Domenico Sorrentino, a Secretária do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, Membro do Comitê Científico da “Economia de Francesco”, Irmã Alessandra Smerilli, F.M.A., uma jornalista da equipe “Economia de Francesco” e três acadêmicos da área de economia, um deles, o brasileiro Tainã Santana, estudante de economia.

Protagonismo dos jovens

O presidente da comissão do evento, Dom Domenico Sorrentino, destacou que, na Economia de Francisco, os jovens serão os protagonistas. Em uma retrospectiva do surgimento da “Economia de Francisco”, Dom Sorrentino lembrou que a iniciativa nasceu de uma intuição do Papa Francisco, amadurecida em entrevista ao professor Bruni, há quase quatro anos, face à nítida urgência de uma renovação da economia em esfera global. “A intuição é esta: hoje ninguém duvida que a economia mundial precisa de renovação. Muitos caminhos – tanto do pensamento econômico dominante quanto do pensamento econômico alternativo – estão tentando. O Papa se perguntou: por que não tentar com os jovens? Eles têm o talento do entusiasmo, da criatividade, do futuro”.

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O ponto de partida foi uma carta escrita por Francisco aos jovens economistas, empresários e empreendedores de todo o mundo em 1º de maio de 2019. Nesta carta, o Santo Padre os convida a fazer um “pacto”, entre eles e com ele, “para mudar a economia atual e dar alma à economia de amanhã”. “Para este objetivo ambicioso, ele escolhe um ícone que nunca deixou de inspirar e surpreender por oito séculos: São Francisco. Ele marca um encontro com os jovens na cidade do Santo (Assis), como que para se inspirar diretamente na paisagem que marcou oito séculos atrás”. Dom Sorrentino explicou que a escolha da cidade para sediar o evento não foi um “não” à economia, mas uma “refundação” dela. “O Papa fala de uma ‘nova visão da economia que permanece muito atual’.

Como referência para os jovens, está o pensamento do Papa Francisco, que é basicamente o pensamento social da Igreja com os destaques que o atual pontífice deu, especialmente em documentos como Evangelii Gaudium, Laudato si ‘e Fratelli tutti. “O Papa sublinha na Carta que a economia não pode ser dissociada do desafio dos pobres e das distorções da economia mundial que levam a uma distribuição desigual da riqueza e das oportunidades. O convite aos jovens é o de ‘corrigir modelos de crescimento incapazes de garantir “a aceitação da vida, o cuidado da família, a equidade social, a dignidade dos trabalhadores, os direitos das gerações futuras’”.

Como perspectiva futura, Dom Sorrentino expressou seu sonho de um pacto dos jovens com o Papa com o compromisso de iniciar um diálogo com a economia real, o mundo dos negócios, instituições bancárias, gigantes da energia, centros financeiros. “Talvez se possa dizer: Davi contra Golias? Precisamente. A Bíblia ensina e o Papa lembra aos jovens, na conclusão de sua Carta, que com a ajuda de Deus grandes coisas são possíveis e um mundo mais justo e belo pode ser construído.”

“Economia de Francisco”: um processo

Irmã Alessandra Smerilli explicou que a “Economia de Francisco” não é um evento, mas sim “um processo já em andamento, um conjunto de iniciativas, uma rede mundial de jovens”. Como afirmou, a Igreja deve se alegrar e acompanhar estes jovens, que estão em busca de trabalhar para concretizar a profecia de uma economia que não deixa ninguém para trás, que sabe viver em harmonia com as pessoas e com a terra.

Da parte do órgão vaticano (serviço para o Desenvolvimento Humano Integral), a religiosa assegurou o compromisso em salvaguardar e acompanhar o caminho já percorrido. “Queremos conhecer melhor estes jovens, ajudá-los a estar juntos ao serviço das Igrejas locais, onde se vivem os maiores desafios, onde os excluídos têm direito a ter um nome e um apelido”.

Programa do encontro

A jornalista da equipe, Lourdes Hércules, apresentou o programa do encontro. No primeiro dia será o momento da “colheita”, para se verificar os passos dados nestes 3 anos nos campos acadêmico, empresarial, social, meio ambiente e outro mundo. Dentre as temáticas estarão questões da atualidade que “não podem ser negligenciadas”, como paz, crise climática, desigualdades, trabalho, desafios energéticos, empreendedorismo, finanças, dentre outros.

Haverá também trabalhos em grupos, para que os jovens apresentem propostas e ideias, e visitas aos lugares de São Francisco de Assis, além de momentos de meditação e reflexão a partir de textos de grande literatura e poesia, arte, música. O evento termina com um pacto pessoal e coletivo entre os jovens e com o Papa Francisco, que estará presente no encerramento do encontro.

Jovem brasileiro – Tainã Santana

Brasileiro Tainã Santana relata sua experiência com o convite do papa para dar “alma à economia”/ Foto: Joyce Silveira

Entre os jovens que vão participar do evento está o brasileiro Tainã Santana. Formado em Administração de Empresas no Brasil, está finalizando o mestrado em Economia na Itália. O jovem conta que sempre se sentiu chamado pelo “grito de dor da humanidade, especialmente nos pobres”, a partir da realidade dos moradores de rua de sua cidade. “Durante a minha graduação, estudei muitos aspectos bonitos de economia e gestão, mas não consegui entender completamente o significado porque senti que faltava o componente humano e um olhar para o último”.

O administrador disse que, ao ouvir o convite do Papa Francisco para dar “alma à economia”, sentiu isso como algo pessoal e procurou uma forma de se envolver. Hoje ele colabora com a equipe central para a organização do evento de setembro na coordenação das aldeias, que são as áreas temáticas dos trabalhos. “Deste caminho brotam iniciativas concretas, sinal tangível da alma que queremos dar à economia”, concluiu o jovem.

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