PENTECOSTES

Espírito Santo estabelece a relação entre Deus e a Criação, diz religiosa

Irmã Oblata do Cenáculo reflete sobre papel do Espírito de Deus na criação do mundo e como Ele segue agindo sobre os homens nos dias atuais

Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: Saravn de Getty Images via Canva

Prosseguindo com a série do noticias.cancaonova.com em preparação à Solenidade de Pentecostes que será celebrada neste domingo, 6, a quarta e última matéria aborda a ação do Espírito Santo na Criação.

Na narração bíblica da criação do mundo (cf. Gn 1,1-2,4a) é relatado que “a terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. Segundo a irmã Ana do Puro Amor, Ob. C., a presença do Espírito Santo tinha como objetivo fecundar a terra e ordenar o grande caos. “É o Espírito que estabelece a relação entre Deus e a Criação”, destaca.

A religiosa observa que, no Antigo Testamento, o Espírito Santo ainda não era conhecido, ou seja, ainda não havia sido revelado, permanecendo como uma ação misteriosa de Deus no mundo. “O Espírito está ‘escondido’ atrás das ações de Deus na humanidade, ou seja, um lugar onde Deus Se revela ao homem”, afirma.

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Avançando no relato da criação do mundo, irmã Ana observa que, em todas as Suas ordens, Deus diz “faça-se”. Desta forma, é possível identificar a presença do Verbo, da Palavra de Deus, como uma ação. “Podemos descrever que esse Sopro de onde sai a Palavra (da mesma forma que o ar sai de nós quando falamos) é o Espírito, e o movimento, a ação de fazer, é o mover do Espírito, que trabalha para fecundar a terra”, explica.

“Sem o Espírito não há vida”

Irmã Ana do Puro Amor, Ob. C / Foto: Arquivo pessoal

A presença do Espírito Santo na criação, prossegue a religiosa, dá movimento à ação de Deus – através Dele, toda a Criação é chamada à vida. “O Antigo Testamento reconhece o Espírito como função criadora, e o ato de criar já é um Pentecostes, pois o Espírito age em toda a Criação, convidando todos à perfeição de Deus”, expressa.

Ainda no livro do Gênesis, é possível observar que, além de animar e vivificar a matéria, o Espírito Santo também dá vida ao homem. Segundo o relato bíblico (Gn 2,4b-7), Deus forma o ser humano a partir do barro e lhe inspira nas narinas o sopro da vida, o ruah, tornando o homem um ser vivente.

“Sem o Espírito não há vida. A respiração é o ato mais vital da vida do homem”, salienta irmã Ana. A partir desse momento, o homem se torna templo do Espírito Santo, e com a Sua presença dentro de si, é inspirado a agir conforme a vontade de Deus.

“A ação do Espírito é constante e atual”

Segundo a religiosa, ao criar o ser humano, Deus derrama, por meio do Espírito, as virtudes necessárias para uma vivência autêntica do Evangelho. “Essa ação do Espírito é constante, é atual. Ele não é estático, mas está em constante movimento. Porém, o homem precisa de disposições para essa ação. O Espírito respeita a liberdade do homem e não pode agir em uma alma que não O deseje, não O recorde, não O busque”, sinaliza irmã Ana.

“A percepção das ações do Espírito Santo se dá cada vez mais clara quando nos abrimos à Sua ação, quando nos esvaziamos de nós mesmos e permitimos que Ele aja em nós”, prossegue. “Se eu sou dócil ao Espírito e reconheço e permito Sua morada em mim, logo consigo perceber a Sua atuação no mundo e as ciladas que o mundo arma para roubar nosso coração”, acrescenta a religiosa.

Ela pontua, contudo, que o Espírito Santo não deixa de agir naqueles que não creem. Uma vez que toda criatura é criada por Deus e Dele recebe o Ruah, não há ser vivente sem esse sopro da vida. Por outro lado, a religiosa reitera que o Espírito respeita a liberdade e a disposição do coração de cada um, agindo de uma forma diferente. “Ele continua sendo o Consolador, continua com Suas inspirações, porém cabe ao homem aceitar ou não”, insiste.

Desta forma, o Espírito Santo continua agindo no mundo por meio daqueles que se abrem e são dóceis às Suas inspirações. “Ele continua a suscitar na Igreja, homens e mulheres de bem, que sejam profetas, que vivam a busca pela santidade, que abracem a fé. Esses profetas de hoje precisam ter a coragem de se levantar e anunciar, com ousadia e coragem, o Evangelho em meio a um mundo de tanta violência, perseguições e negação de Cristo”, conclui irmã Ana.

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