Bispos comentam importância do sacerdócio de Dom Geraldo Majella para a Igreja no Brasil e no mundo
Thiago Coutinho,
Da redação
“Servidor incansável da Igreja, o Cardeal Geraldo Majella inspira muitos evangelizadores na missão de edificar, desde já, o Reino de Deus, contribuindo para que a sociedade se abra às lições do Evangelho de Jesus”. Essas são as palavras escolhidas pelo arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, para definir Dom Geraldo Majella, que celebra 65 anos de ordenação sacerdotal em 29 de junho próximo.
Uma homenagem ao bispo emérito de Londrina e Salvador e uma missa especial serão realizadas no Santuário de Nossa Senhora Aparecida de Londrina, além de um jantar. Nada mais justo a um homem que se dedicou ao trabalho pastoral ao longo de seis décadas e meia, e que, entre outros feitos, trabalhou de forma atuante e muito próxima dos papas João Paulo II e Bento XVI. No Brasil, foi um dos fundadores da Pastoral da Criança.
Sacerdócio
“Queria destacar, em primeiro lugar, que Dom Geraldo Majella galgou os diferentes cargos na Igreja”, afirma o arcebispo metropolitano de Londrina, Dom Geremias Steinmetz. “Desde padre, diácono, professor, pessoa dedicada ao ensino, bispo. Passou a ser arcebispo aqui em Londrina e também trabalhando nas congregações em Roma, onde fez uma bela carreira”.
O sacerdócio de Dom Geraldo é repleto de realizações e trabalhos com grandes expoentes da Igreja Católica contemporânea. “Ele, aqui em Londrina, destacou-se muito na administração, na questão dos seminários, na questão pastoral. A convivência dele com João Paulo II e Bento XVI. Inclusive, no último conclave, em que Jorge Mario Bergoglio foi eleito Papa, Dom Geraldo estava lá”.
“Foi um conclave em que a Igreja sabia que precisava de alguém muito forte, destemido para enfrentar os problemas que carregava. Dom Geraldo participou deste conclave, pois ele ainda não tinha 80 anos. Seu voto, obviamente ninguém sabe, fez com que tivéssemos esta figura tão importante do Santo Padre Francisco”, observou Dom Geremias.
Pastoral da Criança
Dom Geraldo teve grande destaque na formação da Pastoral da Criança no Brasil — a médica sanitarista e pediatra Zilda Arns (1934-2010), que faleceu durante um terremoto no Haiti, fundou a Pastoral junto ao bispo emérito, no ano de 1983, em Florestópolis (PR).
“A Pastoral foi fundada em um ano em que o município de Florestópolis tinha perdas muito altas de crianças e mães, especialmente por conta da desnutrição. Como Dom Geraldo conviveu muitos anos com Dom Evaristo Arns e sua mãe, dona Zilda, tiveram esta ideia, inclusive apoiados por órgãos internacionais, de começar um trabalho no sentido de ajudar a salvar crianças, pessoas e até mães gestantes, com pequenos atos de nutrição e cuidado da saúde”, recorda o atual arcebispo de Londrina.
“Foi um marco na evangelização e na transformação da vida de muitas famílias, promovendo, sobretudo, o bem de crianças pobres, vítimas da desigualdade social que historicamente fere a nossa sociedade brasileira”, ressalta Dom Walmor.
Ajuda aos migrantes
Além de ocupar a presidência da CNBB entre 2003 e 2007, Dom Geraldo, enquanto cardeal, também foi membro do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. Em tempos de vidas despedaçadas por guerras (como na Ucrânia) ou o contínuo fluxo migratório na Europa e África, alavancar este projeto tem um significado maior.
“Mais uma vez aqui, vemos Dom Geraldo semeando. Semeando a palavra e verdadeiras ações e atitudes que são capazes de salvar e ajudar as pessoas”, afirma Dom Geremias.
Para a missa solene em sua homenagem, diversas autoridades episcopais estão convidadas, entre elas o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, o arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Dom Orani João Tempesta, entre muitos outros.
“Poderíamos, em síntese, dizer que Dom Geraldo foi um homem da Igreja. Sabia que ali estava sendo fiel à pessoa de Jesus Cristo”, ressalta Dom Geremias.
“O coração missionário de Dom Geraldo Majella Agnelo e a sua inteligência singular, iluminada pela fé em Jesus Cristo, são bússolas que orientam o Povo de Deus na vivência do Evangelho”, finaliza Dom Walmor.