Espiritualidade

Em julho, fiéis celebram devoção do Preciosíssimo Sangue de Jesus

Padre Gaspar Del Búfalo foi grande propagador da devoção do Preciosíssimo Sangue de Jesus; religiosas preciosinas têm o dom do Sangue de Jesus no centro de sua espiritualidade

Huanna Cruz
Da Redação

Foto: g215 by Getty Images

Não raro, quando se fala em sangue, os cristãos recordam o martírio. Consequentemente, pensam na Paixão de Jesus Cristo, no seu Sangue derramado para a salvação e redenção de toda a humanidade. Assim, há uma devoção particular na Igreja Católica que é a devoção ao preciosíssimo Sangue de Jesus, celebrada em julho.

A devoção sempre esteve presente na história da Igreja, em solenidades, orações, escritos dos Papas e uma Ladainha. “A fonte da devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus nasceu do lado aberto de Cristo na cruz”. Quem afirma é o sacerdote da Comunidade Canção Nova padre Elenildo Pereira. 

Popularmente falando, a devoção surgiu em meados dos séculos XII e XIII. Mas a propagação mesmo aconteceu por meio de um padre chamado Gaspar Del Búfalo (1786-1837). Inspirado por Deus e de forma incansável, o sacerdote divulgou essa significativa devoção. Ele foi tão importante na propagação da devoção, que se tornou conhecido como “Apóstolo do Preciosíssimo Sangue”.

Missa votiva

O Papa Bento XIV (1740-1748) constituiu a missa e o ofício em honra ao Sangue de Jesus, que foi estendida à Igreja Universal por decreto do Papa Pio IX (1846-1878). O Papa Pio X atribuiu o dia 1º de julho como a data fixa dessa celebração.

O Papa João XXIII (1958-1963) escreveu a Carta Apostólica “Inde a Primis”, sobre o preciosíssimo Sangue de Cristo, a fim de promover a devoção. O documento foi lembrado pelo Papa João Paulo II em sua Carta Apostólica “Angelus Domini”, onde repetiu o que João XXIII disse sobre o valor infinito do Sangue de Cristo, do qual “uma só gota pode salvar o mundo inteiro de qualquer culpa”.

Após o Concílio Vaticano II, a festa do Preciosíssimo Sangue de Jesus foi unida à festa de Corpus Christi. Ambas são celebradas na unidade do mesmo mistério. Porém, no próprio Missal Romano, existe a possibilidade de celebrar uma Missa Votiva exclusiva para o Preciosíssimo Sangue de Jesus.

Segundo padre Elenildo, na liturgia da celebração, a oração inicial da Missa votiva convida a rezar da seguinte maneira: “Ó Deus, que resgatastes a todos pelo Sangue precioso do vosso Filho, conservai em nós a obra de vossa misericórdia para que, celebrando sem cessar o mistério de nossa salvação, possamos alcançar os seus frutos”.

Para algumas congregações, essa devoção é celebrada solenemente. É o caso da congregação das irmãs do Preciosíssimo Sangue de Jesus, as Preciosinas. 

As Preciosinas

As Irmãs do Preciosíssimo Sangue, que teve a sua edificação canônica no dia 17 de maio de 1876, estão presentes na Itália – onde foi fundada a congregação – no Brasil, no Kenya, no Timor Leste, em Myanmar e no Haiti. Elas receberam o dom deste Carisma nas mãos da Fundadora, Madre Ma. Matilde Bucchi.

O dom do Sangue de Jesus está no centro da espiritualidade delas e tem origem no mistério pascal. A madre provincial no Brasil, Maria Célia Guedes da Silva, relata que o culto do Preciosíssimo Sangue de Jesus é motivação cotidiana de vivência consagrada das irmãs, que ofertam diariamente a própria vida no dinamismo de amor oblativo, prolongando, no mundo, a ação redentora de Cristo por meio da missão apostólica, seja ela qual for.

“Cultuar o Sangue de Cristo, hoje, é contemplar o mundo com os olhos do amor que se faz oferta para que a luz de Cristo inunde as trevas do desamor, da injustiça, da violência, da morte. Assim, através também de nossa oferta e de nosso sacrifício oferecido a Deus, a redenção atua em nossa própria vida e na vida de nossos irmãos e irmãs”, afirma.

Irmã Leidiane da Silva Pereira / Foto: Arquivo pessoal

A madre provincial enfatiza que essa oferta se transforma em alegria. Ela recorda uma afirmação da Fundadora: “Felizes os que sofrem algo por amor a Jesus Cristo”. E ressalta: “é em Jesus que se encontra a motivação da nossa alegria, a vida perenemente oferecida em Suas mãos e, mesmo com as limitações pessoais, deixamo-nos, também nós, redimir por Cristo que nos ama a ponto de oferecer Sua vida e derramar na Cruz o Seu Precioso Sangue”.

Por fim, Madre Maria Célia fala que o Preciosíssimo Sangue de Jesus é vida e é redenção.

Devoção

Irmã Leidiane da Silva Pereira, da Congregação das Irmãs do Preciosíssimo Sangue, relata a sua devoção. “Tudo começou quando eu decidi fazer uma experiência na Congregação das Irmãs do Preciosíssimo Sangue, da qual hoje faço parte. Ali, pude compreender o verdadeiro sentido do derramamento de sangue de Jesus na cruz, o seu poder sobre a redenção da humanidade, a vida que gera vida. Hoje, como consagrada, posso perceber que cada experiência vivida durante o cotidiano de cada jornada se torna redenção, já que é o próprio Cristo a redimir minha história com tudo o que tenho e sou”.

Para ela, ser devota do Preciosíssimo Sangue e viver esta belíssima espiritualidade é carregar a responsabilidade de honrar cada gota que na cruz foi derramada por amor. É trazer no peito a cruz vermelha, como símbolo de fé, de amor e sobretudo de Consagração a Deus e sua igreja, na firme decisão de honrá-lo e servi-lo por toda a sua vida dentro da família religiosa a que pertence e tanto ama.

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