Projeto Marega reúne documentos históricos sobre a evangelização no Japão, arquivos fundamentais para reconstruir a história do cristianismo japonês
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Nesta terça-feira, 1°, foi realizada uma coletiva de imprensa na Santa Sé sobre o projeto Marega, que reúne documentos históricos sobre a história da evangelização no Japão. Os arquivos são da Biblioteca Apostólica Vaticana. Também o Arquivo Apostólico Vaticano está dando sua contribuição para estudar as relações entre o Japão e a Santa Sé.
O bibliotecário e arquivista, Cardeal José Tolentino de Mendonça, atendeu a imprensa na coletiva de hoje. Ele falou sobre o significado cultural e eclesial do projeto Marega: a Biblioteca Apostólica Vaticana mantém hoje o maior arquivo feudal preservado fora do Japão.
O cardeal recordou o filme “Silêncio”, de Martin Scorsese. Esta é a última de três adaptações cinematográficas do romance histórico homônimo do escritor japonês Shūsaku Endō. A produção traz o relato dos acontecimentos de dois jovens jesuítas que desembarcaram clandestinamente no Japão após o massacre de Shimabara, em 1637. Esse foi um ponto de partida para delinear o drama das perseguições aos cristãos durante o período Edo. O cineasta procurou a Biblioteca Vaticana e lhe foram apresentados os arquivos.
A Biblioteca do Vaticano tem uma preciosa coleção com documentos japoneses antigos que datam desse período (1603 -1868). Tais arquivos foram recolhidos pelo padre salesiano Mario Marega na década de 30 do século passado. Em 2013, iniciou-se o projeto Marega, maior projeto de cooperação cultural realizado pela Biblioteca nos últimos anos.
“A considerável atividade científica, desenvolvida nos últimos anos, em torno do Fundo Marega é uma marca inequívoca do interesse internacional despertado”, frisou o cardeal. E acrescentou: “Os documentos preservados no Fundo Marega são fundamentais para reconstruir a história do cristianismo japonês”.
Trabalhos conjuntos da Biblioteca Vaticana e Institutos Japoneses
São cerca de 14 mil documentos objetos de estudo, restauração e catalogação em parceria com o Instituto Nacional Japonês de Humanidades. Também presente na coletiva, o prefeito da Biblioteca Apostólica Vaticana, Mons. Cesare Pasini, comentou a significativa colaboração entre a Biblioteca Vaticana e os Institutos Japonses.
“O projeto envolveu a reorganização do material, sua conservação e a restauração de parte dele devido às condições precárias em que foi coletado por Marega, a digitalização integral em alta definição como parte do projeto de digitalização dos oitenta mil manuscritos do Vaticano, o estudo e catalogação de documentos e a elaboração de uma base de dados que permitisse o acesso a documentos individuais e sua descrição”, explicou.
O projeto está concluído e a base de dados com os documentos digitalizados pode ser acessado na internet (clique aqui). Mas o trabalho não termina: agora começam os estudos sobre os documentos e continuam os contatos com os institutos japoneses, explicou Mons. Pasini.
“Trabalhando juntos em documentos que testemunham uma perseguição que durou dois séculos e meio, foi possível construir uma experiência comum, que resultou em uma troca de habilidades e que se ampliou e se aprofundou no conhecimento e estima mútuos”, enfatizou o prefeito da Biblioteca Vaticana sobre a colaboração.