55º Dia Mundial das Comunicações será celebrado neste domingo, 16; recorde a mensagem do Papa Francisco para a data
Julia Beck
Da redação
A comunicação autêntica e profunda é capaz de perceber a dor do outro e plantar esperança nos corações desolados. É o que afirma o mestre em comunicação social, diácono Francisco Galvão, ssp, da Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos.
O religioso recorda a mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações. A data é celebrada neste domingo, 16, Solenidade da Ascensão do Senhor.
A mensagem do Santo Padre para a data foi publicada em 23 de janeiro deste ano. Ela é intitulada: “Vem e verás”. “É o convite que Jesus faz a todos os seus seguidores, de ontem e de hoje. É um chamado claro e desafiador, para o qual nem todos estamos preparados”, disse o diácono.
Leia na íntegra
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Segundo o mestre em comunicação, ‘ir e ver’ está intimamente relacionado à experiência com o Mestre e supõe desapego. Os verbos exortam a uma renúncia e disposição para ver e experimentar o que Jesus tem a dizer.
‘’Ir e ver’ significa renunciar aos próprios planos e deixar-se conduzir pelo Senhor. Assim é também a comunicação humana que supõe movimento, saída, encontro com o próximo”.
Para o Papa, afirma o diácono Francisco, não há comunicação autêntica sem o encontro com o outro. “Comunicação é relação, é sair de si mesmo, é ‘ir e ver’ o que o outro tem a nos oferecer, ainda que seja a sua própria vulnerabilidade”.
Verdadeira comunicação: sem egoísmo ou autossuficiência
O mestre em comunicação social observa que a sociedade atual é hiperconectada. Ao mesmo tempo, ele a define também como carente de afeto e comunhão.
“Somos ‘solitários interconectados’, para usar uma expressão do sociólogo Zygmunt Bauman. Neste sentido, o Papa Francisco nos ajuda a perceber que a verdadeira comunicação não comporta egoísmo ou autossuficiência”, frisa.
Somos membros uns dos outros e todos necessitamos de ternura e de encontro, explica diácono Francisco. Ele destaca que outra característica importante da comunicação é a escuta.
“Penso que, com o excesso de conectividade e preocupação com o amanhã, estamos perdendo a capacidade de escuta do outro e de nós mesmos. Quem pouco se escuta, facilmente perde a direção do caminho e, consequentemente, deixa de escutar a voz de Deus”.
Pensar na realidade do próximo
O subtema da mensagem do Papa é: “comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”. A frase é bastante profunda e desafiadora, opina o mestre em comunicação social.
“Leva-nos a sair de nossa comodidade e a pensar na realidade do próximo: especialmente nesse tempo difícil de pandemia, quem é o meu próximo? Onde estão as pessoas? Como estão vivendo? O que podemos fazer para aliviar um pouco a sua dor e sofrimento?”, questiona o religioso.
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Comunicar, sobretudo neste tempo, esclarece diácono Francisco, é muito mais que proferir belas palavras nas redes sociais.
“A comunicação autêntica é profunda nasce do silêncio, da oração. Somente a comunicação que nasce de dentro é capaz de perceber a dor do outro e plantar esperança nos corações desolados”, pontua.
“Ainda temos muito o que aprender com Francisco e com sua maneira sutil de comunicar o Amor” – Diácono Francisco Galvão
Internet: ambiente de oportunidades e ciladas
O Papa Francisco está longe de ser um conformista ou um comunicador ingênuo, assegura o religioso da Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos.
O Santo Padre, continua o mestre em comunicação social, reconhece que a internet e as mídias sociais são dom de Deus, mas também sabe de suas ambivalências e até insuficiência.
O jornalista e Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Filipe Domingues, ressalta que os meios de comunicação não são mais simples transmissores de conteúdos.
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Trata-se de portais de ambientes digitais, que interferem diretamente no mundo fora das redes, destaca o comunicador. Filipe sublinha o fenômeno das Fake News e as consequências negativas que traz para a sociedade.
Diácono Francisco comenta que, para o Pontífice, a Internet não é uma rede de fios, mas de pessoas. “Tudo passa pelo crivo da própria consciência e do autodomínio. Em outras palavras, é preciso saber o momento certo de se conectar e se desconectar.”
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As redes sociais são importantes e podem fortalecer as relações, mas, em excesso, podem ser um perigo para nossa saúde mental e espiritual, alerta o religioso.
Mídias de inspiração católica
Filipe recorda as mídias de inspiração católica, a grande missão e os desafio delas: transparecer uma visão de mundo inspirada nos valores cristãos.
Outro desafio destes meios, de acordo com doutor em Ciências Sociais, é o de entrarem em diálogo com a ampla sociedade.
Papa é um grande comunicador
O Papa “faz” comunicação sem dizer uma só palavra, pontua diácono Francisco. Os gestos do Santo Padre, imbuídos de ternura e de verdade, criam comunhão, fazem com que todos acreditem em uma comunicação que vai além da palavra, da imagem ou do som.
“Francisco é um grande comunicador, mas para perceber isso é necessário contemplação, isto é, um olhar interior”, sublinha o religioso.
A comunicação do Pontífice, comenta o mestre em comunicação social, é fruto de uma vida autêntica e alicerçada na intimidade com Jesus, o comunicador do Pai, o Homem do encontro e da comunhão.
“Ainda temos muito o que aprender com Francisco e com sua maneira sutil de comunicar o Amor”, conclui.