No mês que o Papa pede atenção ao Sacramento da Reconciliação, sacerdote explica valor da confissão no tempo quaresmal
Julia Beck
Da redação
Descobrir, através da confissão,que há esperança de salvação. É o que incentiva padre Mateus Ribeiro, administrador da Paróquia de São José, em São José do Barreiro (SP). O sacerdote destacou o valor do Sacramento da Reconciliação, tema da oração do Papa Francisco para este mês de março.
O presbítero lembra que a Igreja Católica vive o tempo da Quaresma, período marcado pelo jejum, a oração e a esmola. Entretanto, padre Mateus reforça que a penitência e a conversão também são grandes temas quaresmais.
“São motivações para que o fiel viva a Páscoa com o coração purificado e uma fé viva. Neste sentido, a Igreja recomenda vivamente que as pessoas busquem o Sacramento da Reconciliação neste período”, completa.
Sacramento da Reconciliação
Padre Mateus recorda que o Sacramento da Reconciliação, de acordo com o Papa Francisco, não pode ser uma “câmara de tortura”.
“Deve ser uma experiência transformadora com a misericórdia de Deus. Ali, cada crente, embora envergonhado ou horrorizado com os seus pecados, descobre que há esperança. (…) O ser humano, pela graça de Deus, tem as portas abertas para aperfeiçoar-se e santificar-se”.
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“Vergonha” na confissão
Muitos católicos têm medo ou vergonha quando o assunto é confissão. O sacerdote explica que, todavia, somente reconhecendo as próprias sobras e condição pecadora, o ser humano consegue aceitar que errou e pecou.
Deste modo, homens e mulheres compreendem que precisam de uma nova opção fundamental, como aponta a Teologia Moral recordada pelo presbítero. “Confessar-se regularmente ajuda a quebrar essas barreiras”, comenta.
O sacramento no tempo de pandemia
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde reconheceu que o mundo vivia uma pandemia da covid-19. Diante da situação, muitos países tomaram medidas restritivas para conter o avanço da doença.
No Brasil, atualmente, vive-se um dos piores momentos da pandemia, com alto índice de mortes por dia. O anúncio das medidas de contenção, em alguns casos, impede locais que realizem atividades coletivas, como é o caso das igrejas, de manterem-se abertos.
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Em 2020, o Papa recomendou a Confissão Espiritual às pessoas que não conseguem um sacerdote para se confessar. Ela consiste em um ato de arrependimento dos pecados diante de Deus.
O Catecismo da Igreja Católica, de acordo com o Pontífice, é claro: “se não encontras um sacerdote para confessar, fale com Deus, Ele é teu Pai” (cf. n.1484).
Como fazer a Confissão Espiritual
“Se não encontras um sacerdote para confessar, fale com Deus, Ele é teu Pai, e diga a Ele a verdade: ‘Senhor, aprontei isso, isso, isso … Perdoa-me’. Peça perdão a Ele, de todo coração, com o ato de contrição’. Um ato de contrição bem feito, e nossa alma se tornará branca como a neve”, indica Francisco.
Em seguida, o Santo Padre afirma que os católicos devem prometer a Deus que irão se confessar.
“Depois, vou me confessar, mas me perdoe agora”, é o pedido que homens e mulheres devem fazer. Deste modo, a pessoa, imediatamente, voltará à graça de Deus, garantiu o Papa.
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Confissão Espiritual não substitui a Confissão Sacramental
Padre Mateus reforça que a Confissão Espiritual, feita em casa neste período grave de pandemia, não substitui a Confissão Sacramental.
“Ela significa um esforço do fiel para, arrependido, não perder a trilha da santificação diária. Acreditamos que, em cada região geográfica, com o arrefecimento da pandemia, as pessoas poderão depois buscar a confissão sacramental nas paróquias e comunidades”.