Segundo padre, milagre da beatificação de Paulo VI, a cura de um bebê nos EUA, está intimamente relacionado ao seu legado pontifício: foi um “grande defensor da vida”
Laura Lo Monaco,
Da Redação
Neste sábado, 14, a Igreja recorda os 10 anos de beatificação de Paulo VI, Papa que realizou feitos importantes para a Igreja, entre eles o início do Sínodo dos Bispos, a instituição do Dia Mundial da Paz e a publicação de diversas encíclicas. Por tratar de temas importantes para o seu tempo e evangelizar os cinco continentes, foi chamado pelo Papa Francisco, em 2018, de “Papa da modernidade”.
Em 19 de outubro de 2014, no encerramento da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Família, Papa Francisco beatificou Paulo VI, o exaltando como “apóstolo incansável”. Quatro anos mais tarde, em 2018, na Praça de São Pedro, o beato Paulo VI foi canonizado, também por Francisco.
De acordo com o responsável de missão da Canção Nova em Cuiabá (MT), padre Elenildo Pereira, as principais contribuições de Paulo VI foram: a conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, as reformas litúrgicas e sociais — promovendo um diálogo aberto com o mundo moderno — e a publicação de encíclicas influentes, como a Humanae Vitae, sobre moralidade sexual; e a Populorum Progressio, focada na justiça social.
Milagre e a Encíclica Humanae Vitae
A beatificação de Paulo VI foi aprovada graças ao milagre da cura de um bebê nos EUA, em 2001, que foi diagnosticado com um grave problema cerebral. Os médicos aconselharam o aborto, mas a mãe recusou, pedindo a intercessão de Paulo VI. Meses depois, a criança nasceu sem a doença, fato considerado extraordinário pelos médicos.
“Esse milagre está intimamente relacionado ao Papa Paulo VI, grande defensor da vida. Em sua encíclica Humanae Vitae, ele reafirmou uma verdade indiscutível da Igreja: a vida começa com a concepção e não pode ser interrompida por ação humana”, afirma padre Elenildo.
A carta encíclica Humanae Vitae foi publicada em 1968 e trata sobre a regulação da natalidade em um período no qual a pílula anticoncepcional começava a ser comercializada no mundo. O sacerdote recorda que, neste documento, o Santo Padre reafirmou que todos os métodos contraceptivos são moralmente contrários à moral católica e ratificou os dois significados do ato sexual dos casados: unitivo e procriativo. “Quem se casa deve estar aberto à vida e, portanto, não pode utilizar contraceptivos para evitar a gravidez”, relembra o sacerdote, frisando que “os pais devem acolher os filhos, como reza o salmista: ‘Os filhos são herança do Senhor, e os frutos do ventre, uma recompensa’ (Sl 127,3)”.
Natureza e liberdade do Homem
“Para Paulo VI, na encíclica Humanae Vitae, a liberdade e a natureza formam uma unidade, não um contraste”, lembra o sacerdote. “Engana-se quem pensa o contrário. A verdadeira liberdade reside no respeito à ordem natural estabelecida por Deus, que abrange os significados unitivo e procriativo do ato conjugal”.
O homem não é senhor de si mesmo, prossegue padre Elenildo, por isso ele deve lembrar que é criado, não criador. A natureza e a moral são objetivas, constituindo leis divinas que não podem ser desobedecidas por capricho humano. “É essencial conciliar direitos humanos com princípios divinos para proteger a dignidade humana”.
No capítulo III da encíclica, Paulo VI também faz um apelo aos educadores de maneira geral para “a necessidade de criar um clima favorável à educação para a castidade, isto é, ao triunfo da liberdade sã sobre a licenciosidade, mediante o respeito da ordem moral” (Carta Encíclica Humanae Vitae).
Sínodo dos Bispos
De acordo com o responsável de missão da Canção Nova em Cuiabá, o Sínodo dos Bispos, criado por Paulo VI em 15 de setembro de 1965, contribuiu significativamente para a colegialidade e a colaboração entre os bispos e o Papa.
“Essa iniciativa foi uma resposta ao Concílio Vaticano II, visando manter seu espírito e discutir temas contemporâneos da Igreja. O sínodo busca promover a evangelização em todas as nações de forma clara. Essas assembleias são cruciais para abordar problemas atuais que impactam a evangelização. Paulo VI foi fundamental na implementação dessa metodologia, facilitando a disseminação do Evangelho no mundo todo”, conclui.