Prefeito de Dicastério destaca que mais que uma tradição, ajudar os cristãos da Terra Santa é uma obrigação; com a guerra e a falta de peregrinos, a região precisa da generosidade de todos
Da redação, com Boletim da Santa Sé
A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou nesta sexta-feira, 8, a carta do prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, Cardeal Claudio Gugerotti, com um apelo em prol da Terra Santa. O cardeal recorda que os peregrinos estão afastados de Jerusalém enquanto a guerra continua na região, causando sofrimentos e mortes, apesar de tantos apelos pela paz.
Ele recorda que a peregrinação a Jerusalém é um costume muito antigo, que permaneceu até hoje graças ao trabalho dos Franciscanos da Custódia da Terra Santa e das Igrejas Orientais ali presentes. Com a situação de guerra e a falta de peregrinos, o local necessita ainda mais da ajuda financeira recolhida em todas as Igrejas Católicas do mundo na Coleta da Sexta-Feira Santa.
Cardeal Claudio Gugerotti explica que a Igreja Católica cultiva, desde suas origens, a solidariedade com a Igreja de Jerusalém e recordou alguns exemplos: “Em época tardo-medieval e moderna, diversas vezes os Sumo Pontífices intervieram para promover e regulamentar a coleta em favor dos Lugares Santos. A última vez foi reformada pelo santo Papa Paulo VI em 1974 através da Exortação Apostólica Nobis in Animo. Também o Papa Francisco sublinhou frequentemente a importância deste gesto eclesial”.
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Contudo, ele afirma que não se trata simplesmente de uma tradição, mas de um dever. “Por toda a parte na Igreja Católica é obrigação dos fiéis oferecer a sua ajuda na chamada Coleta Pontifícia para a Terra Santa, que se recolhe na Sexta-feira Santa ou para algumas outras regiões, noutro dia do ano. Fazemo-lo também este ano, esperando na vossa particular generosidade”.
Por que ajudar?
O prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais explicou que, para além de ajudar a custódia dos Lugares Santos, lá também vivem cristãos que precisam de ajuda para permanecer na região.
“Muitos na história morreram mártires para não verem arrancadas as raízes da sua antiquíssima cristandade. As suas Igrejas são parte integrante da história e da cultura do Oriente. Mas hoje muitos deles não conseguem resistir mais e abandonam os lugares onde os seus pais e as suas mães rezaram e testemunharam o Evangelho. Deixam tudo e fogem porque não vêm esperança”, destaca o cardeal.
Ele destaca que os cristãos do Iraque, da Síria e do Líbano e de tantas outras terras dirigem-se aos irmãos cristãos pedindo: “Ajudem-nos a difundir ainda no Oriente o bom perfume de Cristo” (2 Cor.2,15).
“Eu dirijo-me a vós para que o seu grito não fique por escutar e o Santo Padre possa sustentar as Igrejas locais a encontrar novas vias, ocasiões de habitação, de trabalho, de formação acadêmica e profissional, para que permaneçam e não se percam no mundo desconhecido de um Ocidente, tão diverso da sua sensibilidade e do seu modo de testemunhar a fé. Se partirem (…) o Oriente perderá parte da sua alma, talvez para sempre”, enfatiza.
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