Discursos de abertura

Começam as congregações gerais do Sínodo para a Amazônia

Abrindo os trabalhos após fala do Papa, os cardeais Baldisseri e Hummes falaram aos bispos retomando ao tema e aos objetivos do Sínodo

Da Redação, com Boletim da Santa Sé 

Cardeal Baldisseri fala na abertura do Sínodo / Foto: Remo Cassili – Reuters

A primeira Congregação Geral do Sínodo para a Amazônia foi realizada na manhã desta segunda-feira, 7, na presença do Papa Francisco. Após o discurso do Santo Padre, na ocasião falaram à assembleia, dando início aos trabalhos sinodais, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, e o relator-geral deste Sínodo, Cardeal Cláudio Hummes.

Cardeal Baldisseri reiterou o duplo objetivo desta assembleia sinodal: por um lado, a evangelização na região amazônica e, por outro, a questão ambiental, com a chamada “ecologia integral”. Ele citou o Papa Francisco para frisar a orientação deste caminho sinodal: “identificar novos caminhos para a evangelização daquela parte do Povo de Deus, especialmente os indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro sereno, também por causa da crise da floresta Amazônica, pulmão de suma importância para o nosso planeta”.

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Mesmo referindo-se a uma área geográfica específica, Cardeal Baldisseri lembrou que este Sínodo interessa à Igreja universal e por isso a participação foi ampliada a bispos provenientes de outras Igrejas particulares e organismos eclesiais regionais e continentais.

Nesta assembleia, participam 185 Padres sinodais, 6 Delegados Fraternos, 12 Enviados especiais, 25 especialistas, 55 auditores e auditoras, entre os quais especialistas e agentes pastorais provenientes de todo o território pan-amazônico. A metodologia inclui a realização das Congregações gerais, círculos menores (que começam em 10 de outubro), pronunciamentos dos participantes e troca de opiniões. O trabalho culminará na elaboração do Projeto do Documento final que será apresentado à assembleia em 21 de outubro. Do dia 26 será feita a votação do Documento e a conclusão dos trabalhos.

Além de apresentar o aspecto mais prático do Sínodo, comentando a metodologia de trabalho, o processo de preparação, a comunicação durante a assembleia sinodal, Cardeal Baldisseri também falou de algumas iniciativas para favorecer a sustentabilidade ambiental, como a inscrição dos participantes por meio de um procedimento informático, economizando papel; a utilização, durante os trabalhos do Sínodo, de materiais biodegradáveis; e a proposta de um gesto simbólico do ponto de vista ecológico para que este sínodo seja um “Sínodo a impacto zero”.

Com base nos cálculos realizados, pretende-se compensar as emissões de 572.809 kg de CO2 (438.373 kg para as viagens aéreas e 134.435 kg para outras atividades) geradas pelos consumos de energia, de água, pela montagem, pela mobilização dos participantes, pela produção de lixo e de materiais promocionais, pela compra de títulos de florestação para o reflorestamento de uma área de 50 hectares de floresta na bacia Amazônica. 

“Com esta iniciativa, deseja-se não somente discutir conversão ecológica, mas com coerência propor um gesto concreto. Com relação a este projeto deseja-se a aprovação desta Assembleia”, disse Cardeal Baldisseri. 

Cardeal Hummes

Cardeal Hummes, relator geral do Sínodo da Amazônia / Foto: Remo Cassili – Reuters

Após os discursos do Papa e do Cardeal Baldisseri, falou à assembleia sinodal o relator-geral deste Sínodo, o Cardeal Hummes. Ele destacou que o tema do Sínodo ressoa as linhas pastorais que são características do Papa Francisco. “Desde o início de seu ministério papal, Francisco sublinha a necessidade de a Igreja caminhar. Ela não pode ficar sentada em casa, cuidando de si mesma, cercada de muros de proteção”.

O cardeal mencionou o início da missão evangelizadora da Igreja na Amazônia, destacando que neste sínodo é justo recordar a história de missionários e missionárias do passado e também dos dias de hoje que atuam na região.

“A missão da Igreja hoje na Amazônia é o núcleo central do sínodo. É um sínodo da Igreja e para a Igreja. Não uma Igreja cerrada em si mesma, mas integrada na história e na realidade do território – no caso, a Amazônia”.

O cardeal também destacou em sua fala a presença dos povos indígenas na região, mencionando a questão da inculturação e interculturalidade. Ele pontuou ainda os vários fatores que constituem ameaça à vida na Amazônia.

Com relação à ecologia integral, que está no tema do Sínodo, Dom Hummes explicou que ela manifesta que tudo está interligado, seres humanos e a natureza, de forma que não se pode tratar separadamente ecologia, economia, cultura, etc. Nesse ponto, citou a encíclica Laudato sì, do Papa Francisco, sobre o cuidado da casa comum.

A vasta realidade urbana da Amazônia também é outro tema central deste sínodo, pontuou o cardeal em sua fala. Nessa temática, mencionou, por exemplo, o cenário das migrações, a carência de presbíteros a serviço das comunidades locais no território e a consequente falta da Eucaristia ao menos dominical e de outros sacramentos. Além desse viés urbano, também destacou a questão da água.

Concluindo sua fala, Cardeal Hummes propôs alguns núcleos para a dinâmica dos trabalhos desta assembleia: “a) Igreja em saída na Amazônia e seus novos caminhos; b) O rosto amazônico da Igreja: inculturação e interculturalidade em âmbito missionário-eclesial; c) A ministerialidade da Igreja na Amazônia: presbiterado, diaconato, ministérios, o papel da mulher; d) A ação da Igreja no cuidado com a Casa Comum: a escuta da Terra e dos pobres; ecologia integral ambiental, econômica, social e cultural; e) A Igreja amazônica na realidade urbana; f) A questão da água; g) outros.

“Termino, convidando a todos para deixarem-se guiar pelo Espírito Santo nestes dias do sínodo”, finalizou o cardeal.

A Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica tem como tema “Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral”. O evento convocado pelo Papa Francisco em outubro de 2017 segue até o próximo dia 27. 

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