ECOLOGIA

Coletiva de imprensa no Vaticano reúne bispos de várias partes do mundo

Em Roma, bispos do Sul Global apresentaram ao Papa Leão XIV um documento sobre justiça climática e conversão ecológica. O texto é fruto de um caminho sinodal entre Igrejas da África, da Ásia e das Américas, que alertam que não há justiça climática sem mudança de mentalidade e de modelo econômico.

Reportagem de Danúbia Gleisser e Daniele Santos

No encontro com os jornalistas, o presidente da CNBB e Celam, Cardeal Jaime Spengler, explicou que o documento não é um gesto isolado, mas fruto de um processo sinodal, de discernimento espiritual e comunitário entre as Igrejas irmãs do sul global, compostas pela África, Ásia e América Latina e Caribe. 

“Ele, o documento contém os principais pontos de defesa, propostas e denúncias feitas pela Igreja, de acordo com o magistério do Papa Francisco e do Papa Leão XIV em relação à crise climática e às questões que estão sendo discutidas na COP 30. Sua mensagem do documento é clara. Não há justiça climática sem conversão ecológica. E não há conversão ecológica sem resistência a falsas soluções”, explicou o cardeal. 

O cardeal brasileiro alertou para problemas que precisam de soluções rápidas, como o mascaramento de interesses escondidos em nomes como capitalismo verde e economia de transição, que perpetuam lógicas extrativistas e tecnocráticas.

“Rejeitamos a financeirização da natureza, os mercados de carbono, as chamadas monoculturas energéticas, entre virgoletas, sem consulta prévia, a recente abertura de novos poços de petróleo, ainda mais grave na Amazônia, e a mineração abusiva em nome da sustentabilidade”, prosseguiu ele. 

Para a secretária da Pontifícia Comissão para América Latina, o documento trata de conversão ecológica, transformação e resistência às falsas soluções. “Constitui um exemplo concreto dessa prática de construção de pontes, da capacidade de organização comunitária que distingue as igrejas católicas do sul global para superar divisão, conflito, espaço e ideologia”, declarou Emilce Cuda.

De acordo com o Cardeal Felipe Neri Ferrão, é um clamor global para uma transformação não apenas técnica, mas ética, profética, profundamente humana e pastoral. “É um chamado à consciência diante de um sistema que ameaça devorar a criação, como se o planeta fosse apenas mais uma mercadoria. Não se trata apenas de mudar políticas, trata-se de mudar corações”, apontou o arcebispo de Goa e Damão, Índia/ Pres FABC.  

O cardeal africano recordou que o seu continente é uma terra rica em biodiversidade, minerais e culturas, mas empobrecida por séculos de extrativismo, escravidão e exploração.

“A África não é um continente pobre, é um continente saqueado. Este documento é uma reflexão compartilhada e um chamado à ação em preparação para o COP 30. Não é apenas uma análise, é um clamor por dignidade. Nós pastores do sul global exigimos justiça climática como direito humano e espiritual”, concluiu o arcebispo de Kinshasa, Rep. Dem. Congo/ Pre. Secam, Cardeal Fridolin Ambongo.

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