Celebração na Catedral de São Raimundo Nonato, no Piauí, marca encerramento da etapa diocesana do processo de beatificação do religioso popular na região
Da Redação, com Regional Nordeste 4 da CNBB
Foi encerrada a etapa diocesana da causa de beatificação do Servo de Deus Dom Inocêncio López Santamaria. Uma celebração na Catedral de São Raimundo Nonato, na diocese homônima no Piauí, marcou a conclusão dessa fase. Ela foi presidida por Dom Ronilton Souza de Araújo, SCJ, na noite de terça-feira, 19.
Antes da celebração, aconteceu a solenidade jurídico-canônica que marca a finalização da etapa diocesana. Participaram o provincial da Província Mercedária do Brasil, frei John Londerry; o provincial da Ordem Mercedária do Chile, frei Mario Salas; o juiz delegado episcopal, padre Alaércio Carvalho de Sousa; o promotor de justiça no inquérito diocesano, padre Edilson dos Santos Lopes; o postulador-geral da Ordem Mercedária, frei Reginaldo Roberto Luís; e o notário, Ronaldo Frigini.
Marcaram presença o bispo de Bom Jesus do Gurgueia (PI), Dom Marcos Tavoni, e o bispo eleito de Parnaíba (PI), Dom Edivalter Andrade. Além deles, participaram padres diocesanos, religiosos e religiosas, seminaristas e fiéis da diocese de São Raimundo Nonato.
Com o encerramento dos trabalhos na diocese, o processo será enviado para o Dicastério das Causas dos Santos, na Cúria Romana, que dará continuidade à causa. A abertura do inquérito diocesano aconteceu no dia 20 de dezembro de 2016. Já no dia 7 de fevereiro de 2017, foi realizado o reconhecimento canônico dos restos mortais do bispo, que foram retirados do sepulcro.
Comentários sobre Dom Inocêncio
Durante a celebração, Dom Ronilton destacou as virtudes de Dom Inocêncio. Ele citou especialmente o empenho do Servo de Deus em garantir a dignidade e a sobrevivência da população em uma época marcada pela desigualdade social e pela miséria.
“Dom Inocêncio combateu a fome, enfrentou a seca e o analfabetismo e o seu ministério foi marcado por um profundo serviço social, cultural e humano. Deus o enviou ao Piauí para que sua vida, doada e partilhada, fosse como alimento para nutrir corações sedentos de esperança”, afirmou o bispo de São Raimundo Nonato.
O padre Alaércio frisou que, mesmo que Dom Inocêncio seja considerado santo por muitas pessoas, é preciso “seguir esses protocolos e obter o reconhecimento oficial da Igreja a fim de que ele interceda e continue a derramar inúmeras bênçãos sobre o nosso povo e nossa gente”. O frei Reginaldo sublinhou o legado de obras concretas deixadas pelo bispo, e reiterou que a fama de santidade permanece mesmo passados 65 anos de sua morte.
Trajetória
Inocêncio López Santamaria nasceu no dia 28 de dezembro de 1874, na aldeia de Sotovellanos, província de Burgos, na Espanha. Aos 15 anos foi para o seminário da Ordem de Nossa Senhora das Mercês no convento de Poyo, na Galícia. Sete anos depois, foi ordenado padre.
Depois de um tempo, Dom Inocêncio foi nomeado mestre geral da Ordem de Nossa Senhora das Mercês e morou em Roma por 11 anos. Contudo, com a dificuldade de encontrar um sacerdote para ocupar o cargo criado em Bom Jesus do Gurgueia, no Piauí, ele deixou Madri e, com autorização do Papa Pio XI, dirigiu-se à região considerada o polígono da seca. No país, foi o cofundador da Congregação das Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil.
Dom Inocêncio acreditava na superação da pobreza por meio da educação. Ele construiu mais de 28 escolas somente na zona rural de São Raimundo Nonato. Além disso, entre os documentos descobertos pelo Tribunal Eclesiástico, estão cartas do bispo encaminhadas às autoridades pedindo ajuda para alimentação das famílias, estradas e água. Com sua persistência e ajuda financeira de campanhas, foram construídas mais de 700 km de estradas, escolas em áreas rurais, poços, açudes e capelas entre 1931 e 1958.
Acometido com câncer no fígado, Dom Inocêncio morreu em 9 de março de 1958, no Hospital Espanhol de Salvador, na Bahia. Era um bispo tão popular que seu velório durou cinco dias, passando por cidades da Bahia e Pernambuco até chegar em São Raimundo Nonato. Seu corpo foi sepultado no altar mor da catedral da cidade no dia 14 de março de 1958.