Bispos dos Estados Unidos reagiram à divulgação do Relatório McCarrick com tristeza, mas também gratidão pelo importante e contínuo processo para erradicar o abuso sexual clerical
Da redação, com Vatican News
A divulgação pelo Vaticano do Relatório McCarrick, documento que detalha o conhecimento da Igreja, com a decisão e investigação relacionada ao ex-cardeal Theodore Edgar McCarrick dos anos de 1930 a 2017, foi recebido por oficiais da Igreja estadunidense com tristeza e proximidade às vítimas de abuso. Houve também a promessa de continuar a servir ao processo contínuo para erradicar o abuso sexual clerical e reconstruir a confiança na Igreja Universal.
O relatório de 461 páginas foi preparado pela Secretaria de Estado a mando do Papa Francisco.
Cardeal Sean Patrick O’Malley
O arcebispo de Boston, Cardeal Sean O’Malley — que também atua como Presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores — descreveu o relatório como “um relato doloroso e vergonhoso de como alguém na posição de McCarrick ascendeu ao papel de bispo e cardeal e causou tantos danos a tantos”.
“Em palavras e atos, o Papa Francisco cumpriu seu compromisso com uma investigação abrangente, transparente e completa”, disse, defendendo o papel corajoso das vítimas de McCarrick que se apresentaram nesta investigação.
Cardeal designado Wilton Gregory
“Meu coração dói por todos os que ficaram entristecidos, escandalizados e irritados com as revelações contidas no relatório”, disse o cardeal Indicado Wilton Gregory, arcebispo de Washington. “No entanto, sabemos que para a verdadeira cura redentora começar — para aqueles que foram prejudicados e para a própria Igreja — essa revelação deve ser feita”.
O cardeal designado prometeu que vai dedicar mais tempo para estudar o relatório de forma minunciosa, “especialmente no que se refere à nossa arquidiocese de Washington, daí terei mais a dizer”, e concluiu observando: “Este é um estudo importante, difícil e necessário documento, e exige uma reflexão completa e cuidadosa”.
Cardeal Joseph W. Tobin
Em um comunicado, o arcebispo de Newark, cardeal Joseph Tobin e a arquidiocese elogiam “a liderança do Papa Francisco e da Santa Sé na busca para levar a cura coletiva às vítimas de Theodore McCarrick e a todos aqueles que sofreram por conta dos abusos sexuais do clero, enquanto tentando restaurar a justiça para a comunidade católica que foi gravemente ferida por abusos sexuais, abuso de poder e manuseio incorreto de alegações. ”
O cardeal descreveu o relatório como um avanço significativo e poderoso no avanço da responsabilização e transparência em relação ao abuso sexual.
O religioso observou ainda que “além das próprias vítimas, as falhas de alguns líderes da Igreja Católica feriram muitos, incluindo as famílias e entes queridos das vítimas e dos fiéis”.
Cardeal Timothy M. Dolan
O cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova York, descreveu a divulgação do relatório como “um passo necessário para nos ajudar a entender o caso de Theodore McCarrick”, e disse que espera estudá-lo cuidadosamente.
O cardeal de Nova York ecoou a tristeza sincera e profunda de seus irmãos bispos por “qualquer um que tenha sofrido abuso sexual e pelos familiares e entes queridos das vítimas-sobreviventes que também sofreram como resultado desses pecados e crimes”.
Expressou ainda sua gratidão pelas vítimas e sobreviventes que corajosamente se apresentaram, trazendo este assunto à luz e “provando que qualquer um que abusou de um menor, mesmo um cardeal, será punido”.
Dolan também expressou gratidão ao Papa Francisco e à Santa Sé pela forma como este caso foi tratado: “Quando a primeira alegação foi relatada ao Programa Independente de Reconciliação e Compensação da Arquidiocese de Nova York, pedimos permissão ao Vaticano para que fosse investigado por nossos profissionais externos, e que todo o assunto fosse julgado por nosso conselho de leigos. A resposta do Papa Francisco foi a de que tratássemos este caso como faríamos com qualquer padre acusado de abuso”.
Cardeal Blase J. Cupich
O arcebispo de Chicago, Cardeal Blase Cupich, descreveu a divulgação do relatório como um “momento sem precedentes e um divisor de águas, pois puxa a cortina sobre uma cultura de clericalismo que separou o clero das pessoas que foram ordenadas a servir”.
Disse ainda que embora seja uma leitura dolorosa, “é destemido em admitir as falhas dos líderes da Igreja” e “outro exemplo do compromisso do Papa Francisco com a responsabilidade, prestação de contas e transparência para todas as vítimas, sobreviventes e outras pessoas” que sofreram de abuso e má conduta por parte do clero, incluindo bispos da Igreja Católica.
O Cardeal Cupich disse que é grato ao Papa Francisco por pedir este relatório e àqueles que cumpriram seu mandato. Reiterou sua convicção de que ele deve “ser lido na íntegra e no contexto da forte orientação fornecida pelo Papa Francisco na cúpula de 2019 em que essas questões e medidas subsequentes que ele tomou”.