Após apelo de Francisco neste domingo, 28, foi realizada uma reunião com os ministros do Interior da Holanda, Bélgica, Alemanha e França sobre naufrágio que custou a vida de 27 pessoas
Da redação, com Vatican News
Um apelo forte e claro foi lançado pelo Papa Francisco para encontrar soluções para uma situação que ainda causa preocupação e afeta várias partes do mundo. Um primeiro sinal chegou de Calais, no final de uma reunião com os ministros do Interior da Holanda, Bélgica, Alemanha e França.
O encontro teve lugar após o naufrágio no Canal da Mancha nos dias passados, que custou a vida a 27 pessoas que tentavam atravessar a faixa de mar entre a França e a Inglaterra em um barco de borracha.
A partir de quarta-feira, 1º de dezembro, um avião europeu da agência Frontex será colocado no Canal para ações de vigilância e para interceptar os traficantes de seres humanos. Entretanto, há uma mão estendida de Paris a Londres, ausente em Calais após uma fricção diplomática, para que juntos possam resolver a emergência.
Cáritas França agradece ao Papa
No Angelus deste domingo, 28, o Papa também agradeceu àqueles que ajudam migrantes como Secours catholique – Cáritas França.
“É uma honra, um apoio moral e espiritual extremamente importante para nós”, disse Juliette Delaplace, responsável da associação na costa norte de França. “Os voluntários e funcionários que trabalham atualmente com migrantes na fronteira franco-britânica não estão habituados a este tipo de apoio das autoridades”, explica.
Ela assinala que as regras em vigor geram dificuldades. “Em Calais, diz Juliette Delaplace, existem nada menos que dezesseis resoluções proibindo as associações de distribuir alimentos e bebidas”.
Não é fácil mobilizar-se diante de tanta adversidade. No entanto, não falta o desejo de ajudar: “acreditamos no que fazemos, acreditamos na caridade, na fraternidade”, afirma. Assim, as palavras do Papa “dão força, confiança e esperança”.
Situação de Calais
A situação em Calais ainda é difícil. Há 1.200 pessoas, homens, mulheres e menores não acompanhados, principalmente do Sudão, Eritreia e Afeganistão, que “vivem diariamente uma situação extremamente difícil”, explica.
Muitas vezes expulsos dos campos, sofrem o roubo dos seus pertences pessoais ou das tendas que possuem ou dos seus sacos de dormir. Estas condições de sobrevivência pesam sobre a moral deles.
“Há pessoas que me dizem: ‘estou cada dia mais fraco física e moralmente’ ou me dizem: ‘já estou meio morto'”.
Resgatar migrantes no Mediterrâneo
Em relação à crise na fronteira entre a Polônia e a Belarus, a presidente do Banco Central Europeu, Lagarde, apelou para que os direitos humanos prevaleçam sobre o egoísmo “a fim de responder de forma humanitária ao drama que se desenrola na fronteira”.
Finalmente, a situação no Mar Mediterrâneo com o resgate, em 48 horas, sob chuva, de 482 pessoas interceptadas pela ONG Sea Watch. Os migrantes desembarcaram no porto de Augusta. “Eles são salvos – escreve a organização – e isto devolve-nos o sentido dos nossos esforços”.