Sobre crise EUA-Irã, Dom Sako afirma que situação aumenta incerteza em relação ao futuro e instaura clima de medo por um possível conflito
Da redação, com Vatican News
Nesta semana, em Nova York, o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Dom Bernardito Auza, recordou a necessidade de soluções pacíficas entre países do Golfo, no Oriente Médio. O cenário piorou após a retirada unilateral dos EUA do acordo nuclear com Teerã. Nestes dias têm se verificado graves incidentes no Golfo, incluindo o abate de um drone dos EUA e uma série de ataques a alguns petroleiros atribuídos aos “pasdaran”, membros da Guarda Revolucionária iraniana. O governo dos EUA reagiu, começando a reunir forças militares e incentivando o bloqueio econômico contra Teerã.
O patriarca dos Caldeus, cardeal Louis Sako, ressaltou que se a situação degenerar em um conflito, será um desastre para todo o Oriente Médio. “Estamos muito preocupados, não sabemos o que vai acontecer. As pessoas estão com medo, não há um futuro seguro. Nas guerras sempre há interesses, mas esses países devem resolver os problemas com o diálogo, não com armas. Alguns atos são inaceitáveis, por exemplo, o que aconteceu com o navio britânico e os episódios dos drones abatidos … Há uma tensão real e para toda a região isso poderá representar um desastre. Quando se começa uma guerra, não se sabe como ela irá acabar”, alertou.
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Um apelo às administrações de Washington e Teerã foi lançado por Dom Sako: “É preciso promover o diálogo, com a guerra todos perdem”. Para o cardeal, o apelo não é ouvido e cada um pensa apenas em si mesmo. “Sofremos pela destruição do país, pelos tantos mortos! Por que essas guerras absurdas?”, questionou.
Sobre o desejo do Papa de visitar o Iraque, o cardeal comentou: Penso que, nesse contexto, uma visita é incerta, dada a atual situação de tensão na região. Todos os iraquianos esperam por esta visita, quer cristãos como muçulmanos. E temos necessidade desta presença do Santo Padre, do seu encorajamento, mas não vejo como e quando será possível”.
O cardeal revela que, como no tempo de Jesus, a Igreja Católica no Oriente Médio ajuda a todos: muçulmanos, cristãos, sem distinção. “Igreja está a serviço do povo”, destacou Dom Sako, que completou: “Este é um testemunho de caridade. É preciso mudar a mentalidade, essa cultura sectária e marcada pela violência. Temos de ser realistas, respeitar a vida, o pluralismo e a diversidade das religiões, dos grupos étnicos. Devemos também respeitar a natureza. E em vez disso, não se preocupam com a natureza, as árvores, as florestas, a água. Onde está o dinheiro? As pessoas em Basra precisam de água”.