Purpurado participou de evento on-line sobre o avanço do desarmamento em tempos de pandemia
Da redação, com Vatican News
O avanço do desarmamento em tempos de pandemia foi tema de evento on-line do Vaticano. O webinar contou com a participação do secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin. O prelado comentou o conceito de segurança integral e os meios mais eficazes para garanti-la.
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O evento foi promovido pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e pela Comissão Vaticana Covid-19.
Ninguém se salva sozinho
“A pandemia deixou claro que ninguém se salva sozinho”, explicou o purpurado. O conceito é expresso muitas vezes pelo Papa Francisco. O cardeal recordou a viagem do Pontífice ao Iraque e o encontro na Planície de Ur.
Segundo Dom Parolin, há sempre a “tentação de distanciar-se dos outros”, mas “o isolamento não nos salvará”, assim como não nos salvará a corrida armamentista, o levantamento de muros, a idolatria do dinheiro e o consumismo.
“A exortação do Papa”, lembrou o cardeal, foi feita “aos responsáveis das nações para que a crescente proliferação de armas dê lugar à distribuição de alimento para todos”.
Resposta conjunta diante das crises humanitárias
Promover a segurança integral, explicou o cardeal, significa transformar os instrumentos de ódio em instrumentos de paz. “Significa rejeitar a crescente proliferação de armas e aceitar a promoção do bem comum e a redução da pobreza”.
O secretário de Estado do Vaticano sublinhou as “várias crises humanitárias em diferentes áreas do planeta”. De acordo com ele, a resposta a essas crises só pode ser unânime.
“Somente se agirmos juntos poderemos alcançar novas soluções que possam resolver os desafios que devemos superar, que estão todos profundamente interligados”, disse o cardeal.
Apelo de Guterres e do Papa
Parolin lembrou também o apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, que um ano atrás, pediu um “cessar-fogo global imediato em todos os cantos do mundo”.
O apelo do Papa Francisco, surgido alguns dias depois do de Guterres, foi em prol da necessidade de “fortalecer os laços fraternos como membros da única família humana”. “Os conflitos não se resolvem com a guerra! É necessário superar antagonismos e contrastes, através do diálogo e de uma busca construtiva da paz”.
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A lei da força não pode substituir a força da lei
Trata-se, segundo o cardeal, de agir em conjunto com base no respeito mútuo, no diálogo, na confiança e na segurança. “A força da lei”, ressaltou Parolin, “não pode ser substituída pela “lei da força”.
Para o purpurado, a ameaça de destruição mútua ou aniquilação total seriam “abordagens míopes dos problemas de segurança nacional e internacional”.
Desarmamento integral para alcançar a segurança
A segurança deve estar ancorada na solidariedade, na justiça, no desenvolvimento humano integral, no respeito aos direitos humanos fundamentais e no cuidado com a criação, passando da competição para a cooperação.
“Todo o processo de desarmamento integral pode dar uma importante contribuição para este processo de transformação”, ressaltou o secretário de Estado Vaticano.
Portanto, há a necessidade de proibir as armas de destruição em massa, erradicar o tráfico ilícito de armas pequenas e leves, proibir os dispositivos que tenham sérios impactos humanitários, tais como minas terrestres ou bombas de fragmentação, e prestar atenção nos “novos instrumentos de guerra”, como a inteligência artificial e a segurança cibernética.
A tudo isso, Dom Parolin destacou que deve-se acrescentar o compromisso com o “processo de educação para a paz e o desarmamento”. Isso, sem poupar “esforços para promover a cultura da vida, da paz e do cuidado”.
A pandemia mostra “como é perigoso o caminho que leva ao egoísmo nacional ou individual”, disse ainda Parolin. Portanto, é uma ocasião a não ser desperdiçada “para fortalecer nossa abordagem à segurança integral”, concluiu o cardeal.