Guerra

Cardeal Krajewski em visita a cemitério na Ucrânia: "raiva e tristeza"

Esmoleiro do Papa, purpurado está no país pela sétima vez, agora para entregar uma ambulância como ajuda de Francisco ao país ferido pela guerra

Da redação, com Vatican News

Cardeal Konrad Krajewski /Foto: Alona Nikolaievych via Reuters

Foi um momento intenso vivido pelo esmoleiro do Papa, Cardeal Konrad Krajewski, na manhã desta quarta-feira, 26, no cemitério de Ternopil, cidade situada no oeste da Ucrânia. Durante a viagem o esmoleiro entregou ao hospital do distrito de Zboriv uma ambulância equipada como centro móvel de reanimação, ​​junto com vários medicamentos essenciais e que salvam vidas fornecidos pela Farmácia do Vaticano e pela Farmácia do Hospital Gemelli.

Os novos presentes do Papa para esta população ferida pela guerra são “um sinal de amor e de esperança”, disse o Cardeal Krajewski – que está pela sétima vez no país atacado desde o início do conflito.

Diante dos túmulos dos jovens que morreram na guerra

O purpurado polonês chegou a Lviv na última terça-feira, 25, e nesta quarta-feira, por volta das 4h da manhã, chegou a Ternopil. “Cheguei a Ternopil bem cedo”, contou Krajewski, “e o pároco ainda estava dormindo. Para não acordá-lo, fui ao cemitério próximo e havia uma área para os soldados que tinham acabado de ser sepultados. Jovens, jovens, sob a cruz, suas fotos: 20-23-25 anos… Fiquei mal e até mesmo com raiva: “Como é possível que em 2024 os jovens ainda morram na guerra? Senhor, chega disso!” Não é possível que o mundo produza armas, que todos ganhem dinheiro e que esses jovens percam suas vidas”.

Essa tristeza aumentou quando o cardeal, em um determinado momento, viu uma jovem mulher chegar: “Ela estava não muito longe de mim, em frente ao túmulo do marido, e estava grávida. Em meu brasão tenho esta palavra: misericórdia. Mas hoje realmente tive dificuldade com a misericórdia. Por que ainda atiram, por que matam? Eu sei que a misericórdia é um escândalo, que supera a justiça, que é o segundo nome de Deus, mas hoje eu tive dificuldade de aplicar essa palavra. Eu estava muito irritado no cemitério na Ucrânia. Então as palavras da ladainha do Sagrado Coração voltaram à minha mente, e pensei que não posso julgar de acordo com o mundo e me acalmei”. “Nós, homens”, acrescentou o cardeal, “somos capazes de fazer coisas extraordinárias no mundo, mas também coisas terríveis, sem piedade, e isso está acontecendo há mais de dois anos na Ucrânia”.

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Inauguração do Centro de Reabilitação “João Paulo II”

Além de entregar a ambulância, o cardeal Krajewski inaugurou, junto com os bispos locais, o Centro de Reabilitação “São João Paulo II” na Diocese católica romana de Kamyanets-Podilskyy, para a reabilitação integral, física e psicológica de quem sofreu os traumas de guerra. “Vão ali soldados e as famílias daqueles que voltam, mas estão destruídos, não conseguem viver com suas famílias, e precisam ser cuidados”, disse o esmoleiro aos meios de comunicação do Vaticano. “Abrir esse centro me fez lembrar de um pensamento que João Paulo II nos ensinou, ou seja, que meu amigo é a pessoa por meio da qual eu me torno melhor. Este centro, portanto, quer ser um amigo para aqueles que sofrem, para aqueles que estão destruídos, para ajudá-los, por meio de psicólogos e psiquiatras, a retomar a vida”.

Abraço do Papa às diferentes comunidades ucranianas

Krajewski retornará a Lviv. Ao longo do caminho, disse ele, fará uma parada para visitar diferentes comunidades “para estar com as pessoas, para levar-lhes um abraço, um sinal de esperança do Santo Padre, para dizer-lhes que ele reza por elas durante cada audiência e Angelus, que ele não as esquece e está perto delas”. “Até mesmo esses medicamentos trazidos aqui são um sinal de amor e esperança”, enfatizou o cardeal, que lembrou que 240 caminhões partiram de Roma desde fevereiro de 2022, início do conflito, com medicamentos, alimentos e roupas. “A situação aqui ainda é terrível, atiram, ouve-se alarmes de sirenes. Mas também se ouve a parte boa das pessoas que ajudam e ajudam há meses, sem esquecer de forma concreta aqueles que sofrem”.

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