VIAGEM APOSTÓLICA

Cardeal Koch: viagem papal é uma oportunidade para aprofundar a fé

O prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos comenta a visita de Leão XIV à Turquia, em particular a sua passagem por İznik

Da redação, com Vatican News

Cardeal Kurt Koch / Foto: Reprodução Youtube

Que a comemoração conjunta do 1700º aniversário do Concílio de Niceia seja testemunha que todos os cristãos estão unidos no profundo da fé. Este é o desejo expresso pelo cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, poucos dias antes da partida do Papa Leão XIV para a Turquia. Em İznik, nome atual da antiga Niceia, o Papa participará de uma cerimônia ecumênica com representantes das comunidades cristãs para comemorar o primeiro Concílio da história. Um evento para a Igreja e o mundo que permanece relevante ainda hoje, como enfatiza Koch.

Vatican News — Eminência, o primeiro Concílio de Niceia foi celebrado há 1700 anos. Por que ele ainda é relevante hoje?
Cardeal Koch — Acredito que são duas as razões. Antes de tudo, este Concílio foi realizado em 325, em uma época em que o cristianismo ainda não era ferido por tantas divisões e separações. Por essa razão, o Concílio diz respeito na realidade a todos os cristãos e pode ser celebrado na comunidade ecumênica. Em segundo lugar, o Concílio definiu e estabeleceu a fé cristã em Jesus Cristo como Filho de Deus, válida para todos os cristãos. Recordar isso e aprofundar juntos essa fé, na amizade ecumênica, é a grande vantagem deste evento.

Vatican News — Na época, tratava-se nada menos que a natureza divina de Cristo, e no Concílio de Niceia se discutiu intensamente a este respeito. Quais são as grandes questões do ecumenismo hoje?
Cardeal Koch — A questão permanece, naturalmente, em aberto, porque acredito que, apesar de toda a diplomacia de que dispomos, podemos encontrar a unidade somente na fé. Encontramos a unidade naquela fé apostólica que é transmitida e confiada a cada novo membro do corpo de Cristo no batismo. E, naturalmente, o Concílio de Niceia é uma grande base sobre o qual a fé foi alicerçada. E aprofundar essa fé novamente — porque a fé na divindade de Jesus não é simplesmente um dado de fato, mas ainda hoje é colocada em discurssão — parece-me muito importante.

Vatican News — Para esta grande celebração foram enviados muitos convites, quer da parte católica como ortodoxa. O desejo, asism, de permitir a participação mais ampla possível. Seria possível o senhor nos antecipar quem estará presente e talvez quem não terá esta possibilidade?
Cardeal Koch — Ainda não se sabe com certeza quem irá ou não… Por esta razão, não quero ainda dizer nada a respeito, para não difundir notícias falsas. O objetivo é o de ter o maior número possível de cristãos conosco. Este também é o desejo do Papa Leão XIV, e gostaria de enfatizar esse aspecto… Podemos discutir quem estará presente e quem não poderá ir mais tarde.

Vatican News — Que mensagem o senhor gostaria que nascesse desta comemoração do Concílio?
Cardeal Koch — Um testemunho do fato de que estamos unidos no coração da fé cristã. Isso também corresponde ao maravilhoso lema do Papa Leão XIV, In Illo uno unum. Significa que somos muitos, somos diversos, mas somos um em Jesus Cristo. Este lema, que ele escolheu para a Igreja Católica, também se aplica ao ecumenismo.

Vatican News — O senhor possui uma longa história de serviço à Santa Sé no campo do ecumenismo. Qual é o seu principal sentimento ao participar deste importante aniversário?
Cardeal Koch — Antes de tudo, fico muito contente em ver como este evento, o 1700º aniversário do Concílio de Niceia, está mobilizando toda a cristandade. Houve muitos simpósios, muitos encontros… Isso me deu muita alegria, e sou muito grato pelo fato de que a cristandade recorde o Concílio e renove sua fé comum.

Vatican News — Após a Turquia, o Papa também viajará ao Líbano. Quais são as suas expectativas para esta primeira Viagem Apostólica do Pontífice, que será acompanhada com grande atenção?
Cardeal Koch — Naturalmente, esta viagem é também uma visita de solidariedade para com as situações difíceis nesses países, tanto na Turquia quanto, especialmente, no Líbano. É um encorajamento para os cristãos: na Turquia, os cristãos são uma pequena minoria; no Líbano, existe uma comunidade cristã diversa, naturalmente com uma forte presença de maronitas, que vivem em uma situação difícil tanto política quanto economicamente. Fortalecê-los e encorajá-los é certamente uma das preocupações do Santo Padre. E, claro, também o diálogo ecumênico e o diálogo inter-religioso, o diálogo entre cristãos e muçulmanos, que é muito importante, especialmente no Líbano, porque o presidente é maronita e o primeiro-ministro é muçulmano.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo