VIOLÊNCIA

Bispos apelam pela paz com escalada de conflitos no Sudão

Em meio ao aumento da crise na escalada dos conflitos humanitários, os bispos sudaneses pediram paz enquanto o chefe das Forças Armadas não promete negociações até a vitória

Da redação, com Vatican News

Religiosos do Sudão apelam pelo fim do conflito civil, que aflige a população sudanesa / Foto: Reprodução Reuters

Os Bispos Católicos do Sudão e do Sudão do Sul (SCBC) apelam ao fim da terrível guerra que está a destruir o Sudão. “O tecido da sociedade sudanesa foi dilacerado, com pessoas chocadas, traumatizadas e descrentes do nível de violência e ódio”, disseram os prelados.

No entanto, parece não haver fim à vista para o conflito crescente entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF).

Sem fim à vista

O general Abdel Fattah al-Burhan, chefe das Forças Armadas Sudanesas, fechou resolutamente a porta ao diálogo para pôr fim à guerra civil.

“Continuamos nesta batalha até à vitória e repito mais uma vez que não negociaremos com um inimigo que nos ataca e ocupa as nossas terras”, disse o general Al-Burhan ao visitar suas tropas nas áreas próximas à capital Cartum, que o seu o exército capturou.

A capital sudanesa tem sido o epicentro de combates ferozes entre as SAF e a RSF há mais de um ano. Al-Burhan reiterou frequentemente a sua recusa em ceder à pressão internacional e sentar-se à mesa de negociações em Jeddah, na Arábia Saudita.

Custo humanitário

O custo humanitário do conflito é impressionante. Os novos cercos territoriais da RSF forçaram pelo menos 55 mil pessoas a fugir de Sinja, capital de Sennar.

De acordo com as Nações Unidas, pelo menos 10 milhões de sudaneses foram deslocados desde o início da guerra, em abril de 2023, e muitas vezes ficam presos em áreas pelas quais os dois grupos lutam.

Isto inclui aproximadamente 80 pessoas que procuraram refúgio na missão católica de Dar Mariam, no distrito de al-Shajara, em Cartum.

Esta área, localizada perto de uma base das forças armadas, tem sido o epicentro de intensos combates e os refugiados que ali se abrigam sofrem condições terríveis sem acesso suficiente a água potável e alimentos. As tentativas de libertá-los não tiveram sucesso.

Natureza egoísta da guerra

Os bispos do Sudão denunciaram os interesses egoístas que impulsionam o conflito no final da sua reunião em junho.

“Esta não é simplesmente uma guerra entre dois generais, uma vez que os militares estão intrinsicamente inseridos na vida econômica do país. Tanto a SAF como a RSF têm redes de elite rica, indivíduos e cartéis sudaneses e internacionais que beneficiam do controle de vários setores econômicos. E estão ligados a financiadores externos que continuam a fornecer-lhes armas cada vez mais sofisticadas, como drones”, finalizaram.

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