Repercussão

Bispo comenta intenção de oração do Papa para maio: a fé dos jovens

Dom Walmor convida jovens a contribuírem para a mudança do mundo tendo Maria como exemplo e os avós como aliados

Da redação,
com Mauriceia Silva

Foto: Olivia Snow via Unsplash

No centro da intenção de oração do Papa Francisco para este mês de maio estão os jovens. O Pontífice pede que eles descubram em Maria qualidades como: coragem, escuta e dedicação ao serviço. 

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Belo Horizonte (MG), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirma que a sociedade atual estimula a fala, com a proliferação de redes sociais e tantas outras facilidades tecnológicas, o que não facilita em si a escuta.

“Isso, em si, não é ruim, mas pede-nos redobrada atenção com a capacidade de escutar. Não é possível falar e escutar ao mesmo tempo. Precisamos, pois, exercitar a capacidade de escutar, aprendendo com Maria”, reitera. 

Segundo Dom Walmor, Maria é discípula exemplar e mestra, por isso soube ouvir o coração de Deus. Ofereceu o seu “sim”, assumindo a nobre e difícil tarefa de ser a Mãe de Jesus, passando por tantas dores, sem nunca perder a fé.

O prelado explica que a juventude precisa saber escutar Deus. Segundo o presidente da CNBB, o Senhor a todo momento indica o caminho a ser seguido e alerta para a necessidade de mudanças. “Não será possível construirmos um mundo diferente se permanecermos incapazes de ouvir, com profundidade, o coração de nosso Pai”.

Encontrar a plenitude

Ainda sobre a escuta, o missionário da Comunidade Canção Nova, Tiago Marcon, entende que o jovem quer viver a plenitude, tendo uma busca incessante pela verdade. Anseia as coisas altas, coisas elevadas e se projeta.

Quando o Papa fala de plenitude, o missionário frisa que ele está dizendo que o jovem precisa encontrar essa plenitude no lugar certo: “Maria é uma mãe próxima, uma mãe acessível do qual nós podemos recorrer pela oração, clamar a sua intercessão, e olhar para ela como referência. É preciso que o jovem olhe para Nossa Senhora como aquela que escuta, aquela que está atenta à voz de Deus”.

Tiago considera que hoje os jovens se perdem diante dos barulhos e não param para escutar. Ele entende que Nossa Senhora é a mestra da escuta e o Papa aponta ela como essa referência. 

Sarah de Paula Santos em sua atuação com os jovens Setor Juventude da Diocese de São José dos Campos / Foto: Arquivo Pessoal

A professora e membro do Setor Juventude da Diocese de São José dos Campos, Sarah de Paula Santos considera que ouvindo a voz de Deus, o jovem consegue ser uma luz de Deus: “Nós somos chamados a parar um pouco, sair desse barulho do mundo para escutar e organizar o que está dentro da gente”.

 Corajosa e determinada 

No Vídeo do Papa, o Pontífice também explica que Maria foi corajosa e determinada em dizer “sim” ao Senhor. O engenheiro e membro do Conselho do Setor Juventude da Diocese de São José dos Campos, Luiz Guilherme Marcondes Ferreira, considera que o jovem precisa se arriscar e ir além.

 “Na juventude é que você está disposto a enfrentar o novo e tem disposição. É também o momento em que o jovem quer ser e fazer a diferença”, destaca. O conselheiro afirma que tudo isso pode ser usado nas paróquias e diocese, sobretudo na Evangelização, no anunciar o amor de Cristo.

Sarah ressalta a necessidade dos jovens terem a coragem que vem de Deus e usar dessa força para fazer um mundo melhor.

Para Dom Walmor, o jovem deve correr o risco e ir na contramão de tudo aquilo que fere a dignidade humana para enxergar com mais clareza o sentido de sua própria vida. “Descobrir que a alegria não está nas coisas, naquilo que se ajunta para si, mas na capacidade de amar e fazer o bem. Vale, pois, correr o risco de ser diferente, de mudar, para sermos mais felizes e, assim, também contribuirmos para a mudança do mundo”.  

A Palavra dos avós

O Santo Padre também encoraja os jovens a ouvirem os avós. Sobre este tema, o arcebispo de BH reflete:  “Quando os mais velhos falavam, os mais jovens ouviam. Hoje, já não é mais assim. Cada pessoa fecha-se em um pequeno núcleo de relacionamentos efêmeros, não raramente mantidos apenas no ambiente digital, com interações superficiais. Há, assim, uma supervalorização da rapidez e da urgência, incompatível com a construção de vínculos sólidos. Essa supervalorização é obstáculo para que se cultive mais proximidade com os avós”.

O prelado comenta que os jovens precisam ser capazes de entrar em sintonia com os idosos, para aprenderem a construir vínculos para além da tecnologia. “Os avós são importantes referências. Muito viveram e aprenderam, tendo muito a contribuir com o caminho a ser trilhado pelas novas gerações.”

Essas referências também são consideradas importantes para Tiago Marcon. O missionário reforça que as pessoas mais experientes podem ajudar os jovens, pois já passaram por coisas semelhantes.

“Quando nós vemos sinais no rosto  de alguém, podemos ali ver uma fonte de sabedoria, por isso escutar para absorver, para aprender, para melhor escolher, vai nos fazer crescer”, sublinha.

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