No primeiro dia da coletiva concedida à imprensa, em caráter virtual, os bispos ressaltaram o quão importante é a presença e o uso da Palavra na Igreja
Thiago Coutinho,
Da redação
Teve início nesta segunda-feira, 12, a 58ª edição da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (AG CNBB). O evento será todo transmitido em caráter virtual, pela plataforma digital Zoom, por conta da pandemia e as medidas necessárias de isolamento social impostas pelas autoridades sanitárias.
O tema, “Casas da Palavra — Animação bíblica da vida e da pastoral nas comunidades eclesiais missionárias”, foi discutido por três bispos, Dom José Antônio Peruzzo (presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB); Dom Paulo Jackson Nóbrega de Souza, que é bispo de Guaranhus (PE), biblista e presidente do Regional Nordeste 2 da CNBB; e Dom Armando Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), liturgista e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB.
A apresentação da coletiva e dos temas ficou por conta de Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB.
Antes de os bispos darem início às suas explanações, o jornalista José Maria Mayrink, que por muitos anos cobriu diversas edições da AG CNBB, foi homenageado. Mayrink faleceu em dezembro de 2020, aos 83 anos.
A importância da Palavra
Dom Peruzzo reforçou em sua fala a importância da Palavra na evangelização da Igreja pelo Brasil. E reforçou o quanto o emprego do Evangelho e da Palavra de Deus são importantes às pessoas — especialmente em tempos de pandemia.
“Palavra também é pessoa. Há tempos são feitas imagens e poemas sobre o amor. E ainda não foi dito tudo [sobre o amor]. Família, educação dos filhos, e ainda continuamos a multiplicar o debate sobre o tema. Muito mais isto quando se trata da palavra de Deus, um tema que nunca terá se esgotado. A Palavra cria proximidade entre quem escreveu e quem a lê”, ponderou.
Quando reforçou a importância do estudo da Palavra nestes dias pandêmicos, Dom Peruzzo foi enfático. “O amor diz ‘jamais chega’. E quando se trata do amor de Deus, muito mais. Nunca se terá dito tudo”, disse.
“Nosso documento parte justamente da parábola do Semeador”, declarou Dom Paulo Jackson. “há uma confluência entre o semeador, Cristo, a semente, que é a Palavra de Deus. À luz desta parábola, somos convidadas a refletir sobre as Atividades Pastorais e o início do processo da vida na Igreja”, acrescentou.
Os problemas da realidade
Para Dom Paulo, a pobreza, o analfabetismo e a desigualdade social e a violência são problemas que assolam a sociedade contemporânea e dificultam sobremaneira a absorção da Palavra de Deus.
“Por isso incentivamos a utilização do Braille [sistema de escrita tátil utilizado por pessoas com deficiência visual] e da Libras [Língua Brasileira de Sinais]”, observou.
O fundamentalismo e a polarização, características tão evidentes no comportamento sociedade, também foram apontados como empecilhos à compreensão da Palavra. “Quem tem vinculação com a Palavra de Deus não pode estar com os olhos tapados para esta realidade”, ponderou.
Homilias sucintas
Dom Armando reforçou que as homilias devem ser centradas no Evangelho e que os excessos devem ser evitados — especialmente no que se refere ao tempo em que são proferidas.
“Homilias de 40 minutos são um abuso gravíssimo”, afirmou Dom Armando. “Não é possível que seja uma palestra. A identidade da Palavra de Deus na liturgia é própria, portanto, um pregador que faz palestra está errado.”
“Quem fala por 40 minutos numa homilia está sem assunto”, reiterou Dom Peruzzo.
A 58ª edição AG CNBB vai até sexta-feira, 16. Os bispos aprofundarão diversos assuntos.