Devoção popular

15 de março: Igreja celebra dia de São Longuinho

São Longuinho, o santo que ‘ajuda’ a encontrar coisas perdidas, é um dos santos mais populares no Brasil 

Huanna Cruz
Da Redação

São Longuinho / Foto: Divulgação

Para quem fala português, parece até contraditório que um santo de nome Longuinho tenha sido um homem reconhecido como de baixa estatura e com dificuldade de locomoção. É o que se acredita a respeito de São Longuinho, aquele para o qual a tradição popular dedica o ato de dar três pulinhos para se encontrar um objeto perdido. O santo é celebrado pela Igreja no dia 15 de março.

Popularmente, o santo é bem conhecido no Brasil. Em nível mundial, sua devoção remonta aos tempos da igreja primitiva. O nome é de origem grega – “longus” (“lança”). Teria sido Longuinho o soldado que atravessou o peito de Jesus com uma lança, em vez de quebrar as pernas dele, como acontecia com outros crucificados. A passagem está narrada no Evangelho de São João.

Segundo a tradição, quando o soldado acertou Jesus com a lança, o sangue teria espirrado nos olhos de Longuinho, curando-o de uma doença ocular que o deixava quase cego. Diante desse fato miraculoso e vendo os acontecimentos que sucederam com a morte de Jesus, o soldado se converteu, deixou o exército romano e teria fugido para a Capadócia, onde acabou sendo preso e martirizado.

Longuinho é daqueles santos mártires que viveram nos primórdios do cristianismo e deram testemunho da fé, derramando o próprio sangue em nome de Jesus. Em um tempo em que não havia processos de canonizações como hoje, Longuinho acabou se tornando santo por conta do martírio relatado. A tradição uniu-se ao registro bíblico e isso facilitou seu reconhecimento. A oficialização de sua santidade foi feita pelo Papa Silvestre II (950-1003) no ano de 999.

Devoção

O missionário fundador da Comunidade Católica Yom Kadosh (Brasil / Argentina), Lucas Azevedo, é paroquiano da Paróquia Nossa Senhora da Escada, em Guararema (SP). A igreja é a única paróquia que tem a imagem do santo no Brasil. Ele afirma que a devoção a São Longuinho tem um dos seus momentos mais marcantes na sua novena e festa que acontecem geralmente 10 dias antes da festa do santo na paróquia.

Paróquia nossa Senhora da escada localizada em Guararema onde tem a única imagem de São Longuinho do Brasil / Foto: Divulgação

“Durante o ano, inúmeras caravanas vêm à nossa cidade para deixarem sinais visíveis de sua devoção em agradecimento a inúmeras graças alcançadas. E as graças são inúmeras desde objetos importantes encontrados como também pessoas que pediram ao santo casa própria e foram atendidas por nosso Senhor Jesus, pessoas que pediram auxílio em sua saúde onde se encontravam em estados gravíssimos e foram atendidas também”, ressalta o paroquiano.

Tantos são os testemunhos que a paróquia fez uma pequena sala dos milagres onde os visitantes podem conhecer todos os milagres atendidos por Jesus Cristo pela intercessão de São Longuinho.

Lucas Azevedo afirma que “mais do que os três pulinhos”, a devoção ao santo ensina que, a exemplo daquele soldado que perfurou Jesus, mas se converteu, todos são chamados a mudar de vida. “Jesus foi conhecido por muitos e em diversas situações todos foram chamados a segui-Lo, assim foi com São Longuinho. Em contato com o sangue derramado de nosso Senhor foi curado, é convidado a viver uma vida em função do Evangelho. Temos a graça de celebrá-lo em meio a um tempo tão forte que é a Quaresma. Que São Longuinho interceda por nós para que nossa vida também mude e que possamos viver uma vida santa como ele viveu”.

“Três pulinhos”

No Brasil, são populares os “três pulinhos” para São Longuinho para se encontrar objetos perdidos. Mas de onde vem a ideia de ele ser aquele que ajuda a encontrá-los?

Segundo a tradição, tudo começou porque Longuinho era um soldado de baixa estatura que, antes da conversão, servia à alta corte romana. Nos banquetes e festas, o fato de ser baixinho lhe permitia uma visão privilegiada dos objetos caídos ao chão, por baixo das mesas, os quais eram recolhidos por ele e entregues a seus donos.

Há uma outra explicação, que é relacionada à sua própria canonização, formalizada quase mil anos após sua morte, pelo Papa Silvestre II. (950-1003). Parte da documentação do processo havia sido desviada, e o Papa teria pedido ajuda ao santo para encontrar tais documentos. Logo, tudo foi reencontrado.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

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