O sofrimento atual da humanidade não conhece nacionalidade, religião ou etnia, afirma estudioso islâmico por ocasião do dia de oração em 14 de maio
Da Redação, com Vatican News
Esta quinta-feira, 14, é dia dedicado à oração e jejum e à invocação a Deus pela humanidade atingida pela pandemia. O Papa Francisco se uniu a essa iniciativa do Alto Comitê para a Fraternidade Humana, formado por líderes religiosos que se inspiram no documento assinado em Abu Dhabi pelo Papa Francisco e o Grão-Imame de Al-Azhar, Al Tayyeb.
“Esta iniciativa não é apenas para as pessoas de fé, mas para todos os seres humanos”, afirma Denap Aysin, de nacionalidade turca, diretor fundador do Instituto Tevere, Centro de diálogo intercultural e inter-religioso e especialista em islamismo. Ele foi entrevistado pelo portal Vatican New sobre essa iniciativa.
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O dia de oração de 14 de maio cai em pleno Ramadã, o mês sagrado e de jejum para o Islã, um jejum que será de todos. Aydin recorda e não é a primeira vez, do convite de São João Paulo II pela paz na Bósnia massacrada pela guerra nos anos 1993 e 1994. E depois, cita o Angelus de 18 de novembro de 2001, quando o Papa Wojtyla convidava para um dia de jejum e oração, eram os dramáticos meses logo depois do atentado às Torres Gêmeas em Nova York, e também na época era tempo de Ramadã, explica, muçulmanos e católicos foram convidados a fazer um dia de jejum e oração juntos.
“Também agora, para o dia 14 de maio, estamos no Ramadã, mas o convite é mais alargado, dirigido a todos. Desta vez fazemos um passo adiante e o papel das religiões é muito claro porque agora os fiéis, mas principalmente os líderes religiosos, testemunham a unidade para que o mundo saiba que as religiões, fazendo parte da família humana, são diretamente envolvidas para encontrar soluções a esta crise e aos muitos problemas que afligem nossa humanidade”.
Cenap Aydin destaca ainda que, neste momento da história, há muitos pontos que são comuns à família humana, porém há um em particular: o sofrimento, que não conhece nacionalidade, religião, etnia. O diretor do Instituto Tevere conclui seu pensamento dirigindo-se à Maria da história, a Maria deste mês mariano.
“No Alcorão, capítulo 19, Maria, Maryam é convidada por Deus, segundo a tradição islâmica a observar o jejum, um jejum muito particular, o da palavra, ficar em silêncio quando nasce Jesus. Maria estava muito preocupada com a resposta que deveria dar ao seu povo, portanto vemos uma Maria, Maryam, que não fala, fica em silêncio, fazendo jejum, em oração, em contemplação, esperando uma resposta de Deus. Hoje, em uma outra situação, podemos recordar desta cena no Alcorão. Redescobrimos a nossa debilidade, descobrimos que somos tão frágeis, porém agora é nossa fragilidade que nos leva a estar reunidos de novo em oração, no jejum, no amor que nos abraça e, através da oração, ao amor de Deus”.