Famílias no Oriente Médio se dividem não porque querem, mas são obrigados pela guerra, afirmou o Patriarca Younan em coletiva de imprensa no Vaticano
Jéssica Marçal
Da Redação
Uma nova coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 8, no Vaticano, informou aos jornalistas o andamento dos trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre família em curso desde o dia 4 de outubro. Um dos pontos de destaque foi o tema das famílias no Oriente Médio, que, devido às guerras e perseguições, muitas vezes são forçadas a se separar.
“Estamos preocupados com as famílias do Oriente Médio. Elas se dividem não porque querem, mas porque são obrigados pela guerra (…) As famílias são dilaceradas, separadas, porque fazem de tudo para sair do inferno do Iraque e da Síria”, contou o Patriarca de Antioquia dos Sírios, Sua Beatitude Ignace Youssif III Younan.
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Ele disse lamentar o fato de que as novas gerações não se convençam a permanecer no local onde o Cristianismo teve suas origens. E isso acontece justamente em virtude dos conflitos. O Patriarca se diz inquieto diante dessa situação das comunidades cristãs do Oriente Médio e pela provação que essas famílias vivem. “Temos centenas de pessoas que são reféns dos terroristas islâmicos, é um fenômeno catastrófico de longa duração”.
Esse intenso fluxo imigratório dos cristãos do Oriente Médio se deve a essa situação terrível, conforme descreveu Patriarca Younan, porque lá eles não estão seguros e são perseguidos. “Trazemos a voz de pessoas perseguidas em nossos países, nos sentimos esquecidos e traídos pela Europa e América”.
Itália e África
Além do Patriarca, também conversou com a imprensa o cardeal italiano Edoardo Menichelli, arcebispo de Ancona-Osimo. Ele comentou sobre os trabalhos nos círculos menores, fase em que os bispos são divididos por idiomas para discussões mais aprofundadas.
“Nós círculos menores não há personalismos, há o desejo de conhecer indicações novas para manifestar o amor pela família”, disse o cardeal Menichelli. Ele destacou a grande abertura e liberdade que os padres sinodais têm durante a partilha.
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No grupo dele, são 21 componentes que dialogam em língua italiana, porém fazendo análises com um olhar universal. Isso porque, segundo ele, é preciso conhecer a vida das pessoas, das famílias e ver o que a Igreja pode oferecer a respeito.
Também presente na coletiva, Dom Charles Palmer-Buckle, arcebispo de Acra, África, comentou um pouco da realidade africana. Ele disse que, em preparação à assembleia sinodal, houve uma série de encontros e foram publicados documentos sobre a missão da família. “Na África, temos um conceito de família estendido, queremos manter estes valores e as alegrias da vida familiar”.
O bispo africano disse poder assegurar que os temas discutidos no Sínodo não são somente da Europa, mas sim da Igreja como um todo.
Mediando os trabalhos, como de costume, esteve o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi. Ele informou que a fase de círculos menores continua nesta manhã, com as discussões em grupos sobre a primeira parte do Documento de Trabalho. Nesta sexta-feira, 9, devem ser publicados os relatórios dos grupos.