Proposta do relatório final do Sínodo foi discutida pela manhã e deve ser concluída nesta tarde; reunião termina no domingo
Jéssica Marçal
Da Redação
Os participantes do Sínodo discutiram na manhã desta sexta-feira, 23, a proposta do relatório final e a Comissão responsável pelo texto deve fazer possíveis modificações nesta tarde. A informação foi dada pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, em coletiva de imprensa no Vaticano.
O porta-voz da Santa Sé disse aos jornalistas que vários temas foram abordados nas reuniões, como migrações, formação pastoral familiar e o sofrimento das famílias hoje. Foram muitas as intervenções que constam na proposta do documento final desse Sínodo que foi realizado em duas etapas, sendo a primeira delas no ano passado.
“Os padres sinodais notaram que o esboço do Relatório Final é um texto muito mais ordenado e satisfatório no que diz respeito ao Instrumento de Trabalho”, declarou padre Lombardi.
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Ele lembrou aos jornalistas que ontem o Papa Francisco anunciou a criação de uma nova Congregação para áreas da Família, Leigos e Vida. A estrutura desse novo organismo da Cúria Romana será estabelecida por uma comissão de estudos que será instituída.
Padre Lombardi também informou que, ontem à tarde, foi feito um esboço de uma declaração do Sínodo sobre as famílias do Oriente Médio, texto que está em elaboração e deve ser apresentado neste sábado, 23.
Dever pastoral de caminhar com as famílias
Também presente na coletiva de hoje, o arcebispo de Quebec, Canadá, Cardeal Gérald Cyprien Lacroix, contou que no Sínodo foi possível desenvolver os trabalhos graças à escuta uns dos outros, dos testemunhos e da sabedoria das famílias. “O nosso dever pastoral é caminhar com as famílias, abrirmo-nos ao plano que Deus nos apresenta (…) Vou embora com muito mais esperança do que quando cheguei, a Igreja tem coisas maravilhosas a oferecer às famílias”.
Sobre a conclusão dos trabalhos sinodais, o cardeal de Quebec destacou que não se trata de uma “legislação” propriamente dita, mas de reflexões. “O trabalho sinodal não emana um texto legislativo, apresentaremos ao Papa uma reflexão e ele nos ajudará a seguir adiante”.
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O Cardeal Peter Turkson, que é presidente do Pontifício Conselho para a Justiça e Paz, também conversou com a imprensa e destacou que o Sínodo se ocupa de uma instituição humana – matrimônio e família – e sobre como devem ser no mundo para sobreviverem na sociedade.
Ele definiu esse Sínodo como uma verdadeira escola. “O Sínodo foi uma sessão de educação; fomos educados a partir da experiência da Igreja em outros países (…) Mudou a situação das famílias, a Igreja deve sempre escutá-las e acompanhá-las em suas mudanças”.
Riqueza na diversidade de opinião
Em sua intervenção na coletiva de hoje, o bispo de Gante, Bélgica, Dom Lucas Van Looy, destacou que as famílias têm uma tarefa de evangelização junto com a Igreja. Para o cardeal Lacroix, o testemunho delas é muito importante nesse processo. “Contamos com as famílias para que sejam testemunhas, vivam em verdade e amor e atraiam as outras famílias. São os melhores testemunhos”.
Sobre as posições divergentes durante a assembleia sinodal, Dom Van looy disse que não viu isso como um problema, mas sim como uma riqueza. “Mesmo se há votos contrastantes ou ideias diversas, isso não é um problema porque, para mim, as diferenças são muito ricas (…) O esboço do Relatório Final procura dar atenção a todas as situações dos vários países e das várias culturas”.