Segundo Leão XIV, é preciso catolicidade, diálogo interdisciplinar e sabedoria para prosseguir no caminho da evangelização e dar um testemunho de vida crível
Da Redação, com Vatican News

Foto: Evandro Inettizuma – Press Wire via Reuters
O Papa Leão XIV recebeu em audiência, nesta quarta-feira, 26, na Sala do Consistório, no Vaticano, os membros da Comissão Teológica Internacional, por ocasião da sessão plenária anual.
Esse organismo nasceu do “apelo à renovação formulado pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. Estabelecida em 1969 por São Paulo VI, a Comissão Teológica Internacional desempenhou o seu trabalho «com grande diligência e prudência», como sublinhou São João Paulo II, em 1982, conferindo-lhe uma forma estável e definitiva”, disse o Pontífice.
Dom da unidade e da paz
O Santo Padre agradeceu aos membros da Comissão Teológica Internacional pela publicação do documento oferecido à Igreja por ocasião do aniversário de 1700 do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia: “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”. Um texto que “certamente servirá de inspiração para novos estudos e para o progresso do diálogo ecumênico”, disse ele, recordando que nesta quinta-feira, 27, iniciará sua primeira Viagem Apostólica à Turquia e ao Líbano, durante a qual irá em peregrinação a İznik, a antiga Niceia, para comemorar esse “evento histórico e pedir ao Senhor o dom da unidade e da paz para a sua Igreja”.
“Com plena confiança em seu generoso compromisso, os encorajo a continuar a missão que lhes foi confiada pela Sé Apostólica. Assim como meus venerados predecessores trilharam com tenacidade e clarividência o caminho traçado pelo Concílio Vaticano II, também eu tenho no coração o discernimento daquelas “res novae” que marcam o caminho da família humana e dos temas doutrinais, «especialmente aqueles que apresentam aspectos novos» na vida da Igreja”, disse.
De acordo com Leão XVI, estas são realidades que interpelam o Povo de Deus a proclamar com fidelidade criativa a Boa Nova dada ao mundo. “Ele é o Evangelho vivo da salvação: o testemunho que lhe damos em cada época é constantemente renovado pela efusão “imensurável” do Espírito Santo. É o Paráclito, de fato, quem ilumina as mentes e inflama nossos corações com caridade, transformando assim a história segundo a amorosa vontade de Deus”.
De acordo com o Papa, a Comissão Teológica Internacional, nesta perspectiva, tem a tarefa de oferecer aprofundamentos, hermenêutica e orientação ao Dicastério para a Doutrina da Fé e ao Colégio dos Bispos, colaborando na compreensão comum da verdade salvífica revelada em Cristo Jesus. Portanto, as suas contribuições podem orientar a missão da Igreja na fidelidade ao depósito da fé.
Catolicidade
O Santo Padre exortou os membros da Comissão Teológica Internacional a valorizar não apenas o rigor indispensável do método teológico, mas também três recursos específicos. O primeiro é a “catolicidade”.
São João Paulo II foi citado. Segundo santo, os membros da Comissão Teológica Internacional, por virem de diferentes nações e tendo de lidar com as culturas de diferentes povos, conhecem melhor os “novos problemas”, que são como a” nova face dos velhos problemas”, e por isso também podem compreender melhor as aspirações e mentalidades dos homens de hoje. “Consequentemente, espero que as suas reflexões sejam enriquecidas pelas muitas experiências das Igrejas locais”, frisou.
Diálogo inter e transdisciplinar
Em segundo lugar, o Pontífice refletiu sobre o “diálogo” inter e transdisciplinar com diversos saberes e competências. Esse diálogo, prosseguiu, ajuda a promover a inserção e o florescimento de todos os campos do conhecimento no contexto da Luz e da Vida oferecido pela Sabedoria que flui da Revelação de Deus.
“O seu compromisso a este respeito não é apenas útil, mas necessário para prosseguir de forma autêntica e eficaz na evangelização dos povos e das culturas”, destacou.
Sabedoria apaixonada
A recomendação final do Papa é um convite a imitar a “sabedoria apaixonada” dos Doutores da Igreja, como Santo Agostinho, São Boaventura, Santo Tomás de Aquino, Santa Teresa de Lisieux e São João Henry Newman, capazes de conciliar o estudo teológico com a oração e a experiência espiritual, “condições indispensáveis para cultivar a inteligência da Revelação, que não pode ser reduzida a um comentário sobre as fórmulas da fé”.
Leão XIV sublinhou que somente numa vida conformada ao Evangelho é que se realiza a adesão à verdade divina professada, tornando críveis o testemunho e a missão da Igreja.
Teologia, scientia fidei
As seguintes palavras do Papa Francisco foram citadas: “Quando penso na Teologia, vem-me à mente a luz […]. A Teologia realiza um trabalho oculto e humilde, para que a luz de Cristo e do seu Evangelho possa resplandecer”. “Como scientia fidei (ciência da fé), a teologia tem, antes de tudo, a tarefa de admirar, refletir e difundir a luz perene e eficaz de Cristo na mudança constante da nossa história”, enfatizou o atual Pontífice.
Recordando as palavras de Bento XVI, que alertou para o perigo de prejudicar o desenvolvimento dos povos através da natureza excessivamente setorial do conhecimento e, assim, impedir o bem da humanidade, Leão XIV exortou, por fim, a Comissão Teológica Internacional a prosseguir no seu caminho.
“Queridos, assim como não há faculdade que a fé não ilumine, também não há ciência que a teologia possa ignorar. Através de um estudo abrangente, vocês são, portanto, chamados a oferecer sua preciosa contribuição para o discernimento e a solução dos desafios que interpelam tanto a Igreja quanto a humanidade inteira”, finalizou.




