Leão XIV celebrou a Solenidade de São Pedro e São Paulo neste domingo, 29, e refletiu sobre a comunhão eclesial e a vitalidade da fé em sua homilia
Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV passa por arcebispos presentes na Basílica de São Pedro neste domingo, 29 / Foto: Vatican Media/IMAGO via Reuters Connect
O Papa Leão XIV presidiu a Missa da Solenidade de São Pedro e São Paulo, neste domingo, 29. Cerca de 11 mil fiéis acompanharam a celebração que aconteceu na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Como é tradição, esteve presente uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. A Santa Sé retribui este gesto fraterno enviando, por sua vez, um representante para a Festa de Santo André, padroeiro da Igreja de Constantinopla, em 30 de novembro.
Em sua homilia, o Pontífice destacou dois aspectos: a comunhão eclesial e a vitalidade da fé. Iniciando sua reflexão, ele observou que a liturgia apresenta São Pedro e São Paulo unidos no mesmo destino: o martírio. “Ambos dão a vida pela causa do Evangelho”, afirmou.
Comunhão eclesial
Contudo, esta comunhão não foi fruto de um caminho simples. Irmãos na fé, os apóstolos trilharam percursos diferentes, tanto em origem quanto em missão. Diante disso, não faltaram tensões entre eles, como o episódio em Antioquia, quando Paulo confrontou Pedro publicamente (Gl 2,11), “mas isso não impediu que vivessem a concordia apostolorum, uma comunhão viva no Espírito, uma sintonia fecunda na diversidade”, pontuou o Santo Padre.
Citando Santo Agostinho, o Papa frisou que São Pedro e São Paulo eram dois, mas formavam um só – uma lição fundamental para a Igreja de hoje. “A comunhão eclesial nasce do impulso do Espírito, une a diversidade e constrói pontes de unidade na variedade de carismas, dons e ministérios. É importante aprender desta forma a viver a comunhão, como unidade na diversidade, para que a variedade dos dons, ligados na confissão da única fé, contribua para o anúncio do Evangelho”, declarou.
Neste contexto, Leão XIV comentou que a Igreja precisa da fraternidade nas relações entre leigos, presbíteros, bispos e o Papa e destacou sua importância para a vida pastoral, para o diálogo ecumênico e para as relações de amizade com o mundo. “Empenhemo-nos em fazer da nossa diversidade um laboratório de unidade e comunhão, de fraternidade e reconciliação, para que cada pessoa na Igreja, com a sua história pessoal, aprenda a caminhar junto dos outros”, exortou.
Vitalidade da fé
Na sequência, o Pontífice refletiu sobre a vitalidade da fé, alertando contra o risco de uma fé que se torne hábito, mero ritualismo ou repetição de práticas pastorais sem abertura aos desafios do presente. “O testemunho de Pedro e Paulo nos convida a sair da inércia, a deixar-nos interpelar pelos acontecimentos, pelos encontros, pelas necessidades das comunidades. Eles buscaram novos caminhos para anunciar o Evangelho”, frisou.
O Santo Padre recordou a pergunta de Jesus aos apóstolos presente no Evangelho (Mt 16,13-19): “e vós, quem dizeis que eu sou?”. “Como tantas vezes alertou o Papa Francisco”, pontuou Leão XIV, esta é a interrogação fundamental que Jesus continua a fazer a cada discípulo e à própria Igreja:
“É importante sair do risco de uma fé cansada e estática, para nos perguntarmos: quem é Jesus Cristo para nós hoje? Que lugar ocupa ele na nossa vida e na ação da Igreja? Como podemos testemunhar esta esperança na vida quotidiana e anunciá-la àqueles que encontramos?”
Caminhar juntos na comunhão
Dirigindo-se especialmente à Igreja de Roma, o Papa exortou que ela seja cada vez mais sinal de unidade e de uma fé viva, formando uma comunidade de discípulos que testemunham a alegria e a consolação do Evangelho em todas as situações humanas.
Na alegria desta comunhão, o Pontífice saudou os arcebispos que neste dia, na sequência da celebração, receberam o pálio, sinal da missão pastoral confiada a cada um e da comunhão com o sucessor de Pedro. Ele também manifestou também sua gratidão aos membros do Sínodo da Igreja Greco-Católica Ucraniana presentes, pedindo a Deus o dom da paz para o povo ucraniano, e saudou a Delegação do Patriarcado Ecumênico enviada por Sua Santidade Bartolomeu, reiterando o compromisso com o caminho ecumênico.
“Fortalecidos pelo testemunho dos Santos Pedro e Paulo, caminhemos juntos na fé e na comunhão. Que sua intercessão acompanhe a Igreja, a cidade de Roma e todo o mundo”, concluiu o Santo Padre.
Imposição do pálio

Papa Leão XIV impõe o pálio em um dos 54 arcebispos que receberam o paramento litúrgico / Foto: REUTERS/Remo Casilli
Em seguida, o Santo Padre presidiu os ritos da bênção e da imposição dos pálios. Os diáconos retiraram os paramentos que estavam depositados junto ao túmulo de São Pedro e os apresentaram ao Pontífice. O cardeal proto-diácono, Dominique Mamberti, apresentou os novos arcebispos metropolitanos, que então fizeram o juramento de fidelidade ao Papa e à Igreja de Roma.
Ao todo, 54 arcebispos receberam o pálio, que simboliza a comunhão com a Igreja de Roma. Entre eles estavam cinco brasileiros: o arcebispo de Vitória (ES), Dom Ângelo Ademir Mezzari, r.c.i.; o arcebispo de Chapecó (SC), Dom Odelir José Magri, m.c.c.j.; o arcebispo de Joinville (SC), Dom Francisco Carlos Bach; o arcebispo de Vitória da Conquista (BA), Dom Vítor Agnaldo de Menezes; e o arcebispo de São José do Rio Preto (SP), Dom Antônio Emídio Vilar, s.d.b.