Encontro com a imprensa

Escolham com coragem a comunicação da paz, exorta Papa Leão XIV

Papa recebeu a imprensa mundial nesta segunda-feira, 12, no Vaticano; Pontífice agradeceu o trabalho realizado na cobertura da morte de Francisco, do Conclave e de sua eleição

Da redação, com Vatican News

Papa Leão XIV com jornalistas na Sala Paulo VI/ Foto: REUTERS – Eloisa Lopez

O Papa Leão XIV encontrou-se nesta segunda-feira, 12, na Sala Paulo VI, no Vaticano, com a imprensa mundial. “Agradeço o trabalho que realizaram e realizam neste tempo que, para a Igreja, é essencialmente um tempo de Graça”, disse. Depois dessas palavras, o Santo Padre prosseguiu, citando o “Sermão da Montanha”, no Evangelho de Mateus, em que Jesus proclamou: “Felizes os que promovem a paz”.

Segundo o Pontífice, esta é uma bem-aventurança que interpela a todos que trabalham nos meios de comunicação. É preciso “levar adiante uma forma de comunicação diferente, que não busque o consenso a todo custo, não se revista de palavras agressivas, não abrace o modelo da competição, não separe nunca a busca da verdade do amor com que devemos humildemente buscá-la”, enfatizou.

A paz começa em cada um, salientou Leão XIV. Ela se dá no olhar para o outro, na escuta e na fala. Neste sentido, o Papa garantiu que o modo como cada um se comunica é de fundamental importância: deve-se dizer “não” à guerra das palavras e das imagens, além de rejeitar o paradigma da guerra.

Solidariedade da Igreja

Na sequência, o Santo Padre reiterou a solidariedade da Igreja aos jornalistas presos por relatar a verdade e pediu a libertação dos mesmos.  “A Igreja reconhece nestas testemunhas, penso naqueles que relatam a guerra mesmo à custa da própria vida, a coragem de quem defende a dignidade, a justiça e o direito dos povos à informação, porque só os povos informados podem fazer escolhas livres”.

“O sofrimento destes jornalistas presos interpela a consciência das nações e da comunidade internacional, chamando-nos a todos a salvaguardar o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa”, frisou.

Serviço à verdade

Leão XIV agradeceu aos comunicadores pelo “serviço à verdade”. O Papa recordou que os jornalistas estiveram em Roma nestas semanas para contar a Igreja, a sua variedade e, ao mesmo tempo, a sua unidade.

“Vocês acompanharam os ritos da Semana Santa; depois, contaram a história da dor pela morte do Papa Francisco, que, no entanto, ocorreu à luz da Páscoa. Essa mesma fé pascal nos introduziu no espírito do Conclave, que os viu particularmente ocupados em dias cansativos; e, também nessa ocasião, vocês conseguiram narrar a beleza do amor de Cristo que nos une a todos e nos torna um só povo, guiados pelo Bom Pastor”, destacou.

Depois, o Santo Padre recordou que são tempos difíceis, um desafio que não deve inspirar fuga, pelo contrário, deve motivar todos a não cederem à mediocridade. “A Igreja deve aceitar o desafio dos tempos e, da mesma forma, não pode haver comunicação e jornalismo fora do tempo e da história. Como nos lembra Santo Agostinho: ‘Vivamos bem e os tempos serão bons. Nós somos os tempos'”.

O Papa pediu que os jornalistas promovam uma comunicação capaz de tirar o mundo da “Torre de Babel” em que às vezes se encontra, da confusão de linguagens sem amor, muitas vezes ideológicas ou tendenciosas. Por isso, afirmou que o serviço dos comunicadores, com as palavras que usam e o estilo que adotam, é importante.

“A comunicação, de fato não é apenas a transmissão de informações, mas a criação de uma cultura, de ambientes humanos e digitais que se tornam espaços de diálogo e discussão”.

Inteligência artificial

Olhando para a evolução tecnológica, a missão dos jornalistas se torna ainda mais necessária, comentou o Pontífice. Em particular, Leão XIV falou da inteligência artificial, seu imenso potencial, que exige, no entanto, responsabilidade e discernimento para orientar os instrumentos para o bem de todos, para que possam produzir benefícios para a humanidade. Segundo o Santo Padre, esta responsabilidade é de todos. 

“Queridos amigos, com o tempo aprenderemos a conhecer-nos melhor. Vivemos, podemos dizer juntos, dias realmente especiais”, partilhados “por todos os meios de comunicação: TV, rádio, internet, redes sociais”. “Gostaria que cada um de nós pudesse dizer deles, que eles nos revelaram um pouco do mistério da nossa humanidade e que nos deixaram um desejo de amor e de paz”, frisou Leão XIV, recordando o convite o do Papa Francisco em sua última mensagem para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais: “Desarmemos a comunicação de todo preconceito, rancor, fanatismo e ódio; purifiquemo-la da agressividade. Não precisamos de uma comunicação estrondosa e muscular, mas de uma comunicação capaz de ouvir, de acolher a voz dos frágeis que não têm voz. Desarmemos as palavras e ajudaremos a desarmar a Terra. Uma comunicação desarmada e desarmante permite-nos partilhar uma visão diferente do mundo e agir de modo coerente com a nossa dignidade humana”.

Por fim, o Pontífice ressaltou que os jornalistas estão na linha de frente, narrando conflitos e esperanças de paz, situações de injustiça e pobreza, realizando o trabalho silencioso de muitos por um mundo melhor. Por isso, pediu que eles escolham com consciência e coragem o caminho da comunicação da paz.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo