Historiador comenta aspectos econômicos, políticos e sociais atuais do Japão e da Tailândia
Denise Claro
Da redação
Nesta terça-feira, 19, tem início a viagem apostólica do Papa Francisco à Tailândia e ao Japão. Serão oito dias de viagem, divididos entre os dois países asiáticos. O Papa passará os primeiros quatro dias em Bangcoc, e os outros quatro nas cidades de Tóquio, Hiroshima e Nagasaki. Será a segunda visita de um Papa ao Japão após a ida de João Paulo II, em 1981. A Tailândia também foi visitada por João Paulo II, em 1984. Desde então, não houve outra visita papal.
Esta é a quarta viagem do Papa Francisco ao continente asiático. O Pontífice já esteve na Coreia do Sul, Filipinas, no Sri Lanka, em Bangladesh e em Mianmar.
O historiador e professor Mário Dias afirma que a chegada do Papa Francisco como chefe de Estado nos países asiáticos é aguardada com expectativa, apesar dos católicos serem minoria nos dois países. No Japão, os católicos somam 0,4% da população. Na Tailândia, 0,5%. Em ambos, a maioria da população é budista.
O Japão
O Japão é um país composto por um arquipélago situado no Oceano Pacífico e localizado no extremo leste do continente asiático. O território japonês possui uma área de 377.899 km², onde reside uma população de 126,8 milhões de pessoas. A densidade demográfica é uma das mais elevadas do mundo.
Embora a demografia seja considerada uma grande questão nacional, o crescimento vegetativo é negativo, como explica Dias. “Há alguns problemas no Japão: o país vive uma contradição entre o mundo da tecnologia e suas próprias desigualdades. Uma das maiores é que sua taxa de natalidade é desigual em relação aos seus índices de mortalidade. Há também problemas no eixo dos seus limites com o ocidente. Apesar dos problemas, o país sempre se destacou no ponto de vista econômico, político e social, e supera rapidamente suas crises internas e ambientais, de uma maneira muito proativa”.
Atualmente, o Japão possui a terceira maior economia do mundo, atrás dos Estados Unidos e da China. Seu Produto Interno Bruto (PIB) nominal encontra-se na faixa de 5,6 trilhões de dólares, e a renda per capita é de 43000 dólares ao ano. O país, a partir da Segunda Guerra Mundial (quando sofreu com a derrota no conflito e a explosão das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki), passou a crescer e a se desenvolver industrialmente, tornando sua economia cada vez mais complexa.
O especialista afirma que a visita do Papa ao país pode causar um certo espanto, mas que esta é justamente uma característica marcante em Francisco.
“Ele vai e manifesta o evangelho a todos os rincões, não importa se lá tem ou não a maioria de católicos. Nisto está a mensagem bíblica própria do pastor. Eu acredito que vai ser uma visita muito frutífera. O lema da visita do Papa ao Japão é proteger cada vez mais a vida. E o Papa reforça que isso é independente do credo religioso, e é isso que une os povos. Vejo com muita expectativa e esperança a ida do Papa ao país, e acredito também que os japoneses são capazes de ter esse olhar”, revela Dias.
Tailândia
O quinto país asiático a ser visitado por Francisco tem uma tradição bem diferente do Japão. “É uma população que vive uma situação de intensa crise, de golpes muito mais fortes, e por isso o Papa pode encontrar dificuldade em enfrentar os desafios e convocar as mudanças necessárias”, diz Dias.
A Tailândia fica situada no sudeste asiático, e limita-se a oeste e noroeste com Mianmar, ao sul com a Malásia, a sudeste com Camboja e ao norte e a leste com Laos. A maioria dos habitantes vive em áreas rurais (66%) e desempenha atividades agrícolas, sobretudo nas regiões das bacias hidrográficas dos rios Chao Phraya e Mekong. Seu território é de 513.115 km².
O país viveu um rápido desenvolvimento econômico durante a década de 1980. Os Tigres Asiáticos (Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan), além do Japão e dos Estados Unidos, realizaram investimentos para a industrialização tailandesa. A população atual da Tailândia é de 69,08 milhões de habitantes.
Dias comenta que a ida do Papa à Tailândia deve representar uma abertura necessária e importante para o povo tailandês. “Pode ser um momento de incentivo a movimentos de discernimento, de conscientização, de um povo que vive ainda uma situação pouco favorável ao diálogo, pois há uma grande turbulência política, econômica, e índices assustadores de pobreza”.
Francisco: o pastor do diálogo
O historiador ressalta que Francisco tem se mostrado um pastor do diálogo, diálogo de pluralidade e do respeito.
“O mundo tem admirado essa capacidade de Francisco de conversar com os diferentes. O Papa tem uma postura de diálogo com os diversos públicos religiosos, isso já se tornou marca no seu pontificado. Francisco sempre leva uma postura de esperança. Acredito que ele será muito bem recebido nos dois países e que os desafios que porventura possa encontrar sejam superados com sua humildade e abertura”.