Mensagem

Renovar o ardor missionário, pede Papa à Arquidiocese de Natal

Na noite desta quarta-feira, 13, Arquidiocese de Natal recordou os 30 anos da realização do XII Congresso Eucarístico Nacional; Francisco enviou mensagem

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco /Foto: Daniel Ibanez – CNA

“Que a recordação dos 30 anos daquela solene Celebração Eucarística sirva de estímulo para que os fiéis da Arquidiocese de Natal, sustentados pelo alimento celeste e impulsionados pela caridade de Cristo, renovem o seu ardor missionário na obra da Evangelização”.

Esses foram os votos expressos pelo Papa Francisco ao povo potiguar, na mensagem enviada ao arcebispo metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira da Rocha. O texto foi escrito por ocasião do trigésimo aniversário da celebração do XII Congresso Eucarístico Nacional em Natal. Na época, o evento foi concluído com a Santa Missa presidida pelo Papa São João Paulo II em 13 de outubro de 1991.

A mensagem assinada pelo cardeal secretário de Estado Pietro Parolin foi lida durante a Missa de Ação de Graças celebrada na Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Apresentação na noite de quarta-feira, 13.

No texto, o Santo Padre recordou as palavras do Papa Wojtyla, quando em sua homilia afirmou que “a Eucaristia é a resposta de Deus a esta sede dos homens que caminham neste mundo em direção à Pátria celestial”.

Eucaristia e Caridade

Citando uma passagem de sua homilia na Solenidade do Santíssimo Corpo de Sangue de Cristo em 6 de junho do corrente, o Papa Francisco recordou o estreito vínculo da Eucaristia com a Caridade:

“Na Eucaristia, contemplamos e adoramos o Deus do amor. É o Senhor que não divide ninguém, mas divide-Se a Si mesmo. É o Senhor que não exige sacrifícios, mas sacrifica-Se a si mesmo. É o Senhor que não pede nada, mas dá tudo. Para celebrar e viver a Eucaristia, também nós somos chamados a viver este amor”.

Ao final, o Santo Padre concedeu a sua Bênção Apostólica, pedindo ao mesmo tempo que não deixassem de rezar por ele.

XII Congresso Eucarístico Nacional

A realização do Congresso Eucarístico Nacional em Natal e a visita de São João Paulo II, a primeira de um Pontífice ao Rio Grande do Norte, marcaram profundamente a vida da Igreja local. Para recordar estes eventos, foi organizada no Centro Administrativo e Pastoral Pio X a exposição “Memórias do XII Congresso Eucarístico Nacional”, com souvenirs, vídeos e fotografias do Congresso e objetos usados por São João Paulo II.

Já na Catedral Metropolitana, a Missa de Ação de Graças presidida por Dom Jaime Vieira da Rocha – e concelebrada por sacerdotes da Arquidiocese -, que também marcou a abertura da fase diocesana do Sínodo dos Bispos 2023, convocado pelo Papa Francisco.

Pouco antes da celebração, Dom Jaime destacou ao Vatican News os frutos daquele Congresso Eucarístico – sobretudo a organização da pastoral e o aumento das vocações sacerdotais – e a graça e a “benção tão inefável” da presença do Papa João Paulo II: 

“Nós estamos recordando frutos, bênçãos, memórias, que muito contribuíram para a vida da nossa Igreja, a partir do próprio hino do Congresso – ‘Reunidos ao redor de tua mesa, aqui vimos e pedimos o Senhor. Dai-nos sempre de teu Pão, a Palavra é comunhão, o pão nosso, o pão da vida, o pão do amor'”.

Frutos 

“Quantos frutos colhemos dessa graça para nossa Igreja: o aumento das vocações sacerdotais, o crescimento pastoral e mais organização de uma pastoral de conjunto, uma vez que toda Igreja particular de Natal se preparou, se organizou em comissões diversas, envolvendo pessoas, lideranças, fiéis leigos, todas as categorias humanas que compõem a vida da Igreja. De modo que são muitos os frutos do Congresso Eucarístico Nacional em Natal, nos colocou num patamar de experiência, de preparação”, disse Dom Jaime.

Segundo o bispo, o Congresso serviu de inspiração como modelo organizacional para tantos outros Congressos Nacionais que se seguiram, de modo que os frutos são inefáveis. “Colhemos tantos frutos, sobretudo a organização da pastoral, o aumento das vocações sacerdotais, uma  Igreja que já naquele tempo se organizava em diversas comissões pastorais, atendendo as necessidades do seu tempo. Assim é uma história que nos edifica, que nos renova, nos enche de esperança”.

O prelado recordou a presença do Papa João Paulo II, de tantos bispos, cardeais, pessoas de tanto engajamento e expressividade na vida da Igreja e nas diversas pastorais. Dom Jaime lembrou que a Igreja arquidiocesana se preparou de modo muito cuidadoso, zeloso, com as Missões de preparação ao Congresso, envolvendo todas comunidades, as paróquias, os fiéis. “Assim o Congresso foi se tornando um crescendo de graças de benção, de participação e de comunhão”.

Agradecimento ao Papa Francisco

O arcebispo metropolitano de Natal contou que todos os membros da arquidiocese ficaram agradecidos com a mensagem que os foi dada pelo secretário de Estado do Vaticano sobre este tempo .

“Em sua homilia afirmava o Papa: “a Eucaristia é a resposta de Deus a esta sede dos homens que caminham neste mundo em direção a Pátria celestial”. E assim de sua parte, na mesma mensagem, o Papa Francisco recorda o estreito vínculo da Eucaristia com a caridade. Na Eucaristia contemplamos e adoramos o Deus de Amor. É o Senhor que não divide ninguém, mas divide-Se a si mesmo, é o Senhor que não exige sacrifícios, mas se sacrifica-Se a si mesmo, é o Senhor que não pede nada, mas se dá tudo”, comentou.

Recordação dos mártires do Rio Grande do Norte

O Pároco de N. S. da Candelaria e Vigário Judicial da Arquidiocese de Natal, padre Julio Cesar Souza Cavalcanti, – que na época da visita de São João Paulo II cursava o primeiro ano do curso de Filosofia – destacou por sua vez os momentos marcantes da visita do Pontífice polonês a Natal:

“Aquele homem, pastor do rebanho na terra, veio também conhecer as ovelhas aqui de Natal. Trinta anos, um dia que ficou marcado na história do povo brasileiro, especialmente do povo potiguar. O Papa chegou para nós no dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Era 12 de outubro de 1991, finalzinho da tarde. O avião do Papa pousou no aeroporto aqui de Natal, e com aquele gesto simbólico que lhe era tão peculiar, o Papa beijou o chão do solo brasileiro, aqui em Natal. Ele vinha como grande Peregrino da Eucaristia, veio encerrar o XII Congresso Eucarístico Nacional. Durante uma semana, de 6 a 13 de outubro, o Brasil transformou Natal no altar da Eucaristia. E foi aqui que o Papa começou a sua peregrinação”.

Segundo o sacerdote, João Paulo II recordou os nossos mártires do Rio Grande do Norte, que ainda não tinham sido nem beatificados. Ele falou que foi exatamente neste lugar chamado Natal, que um leigo, um jovem chamado Mateus Moreira, proclamou na hora de sua morte: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. O Papa João Paulo II foi quem beatificou esses mártires. “E nós costumamos dizer aqui, que a beatificação começou naquele dia, no dia que o Papa nos falou sobre eles”, apontou.

Inauguração da Capela do Santíssimo Sacramento 

Padre Julio lembrou alguns compromissos do Pontífice em Natal e frisou que ele encerrou o Congresso Eucarístico sublinhando a importância de homens e mulheres colocarem sempre Jesus à frente de tudo. 

“Foi também o Papa nesse dia que inaugurou, que deu a benção e consagrou a Capela do Santíssimo Sacramento na Catedral Metropolitana. A Catedral tinha sido inaugurada três anos antes pelo núncio apostólico Dom Carlo Furno, que depois se tornou cardeal, e naquele dia foi inaugurada a Capela do Santíssimo Sacramento. O próprio Papa João Paulo II desceu as escadas da Catedral para a Cripta e lá fez a benção”.

Peregrino 

O presbítero destaca que João Paulo II se colocou apenas como peregrino durante sua visita. “Em momento algum ele se colocou como aquele que veio para dizer coisas que nós pudéssemos nos assustar. Não, ele veio para caminhar com o povo, ele estava no meio do povo, ele rezava com o povo, ele falou da Eucaristia como a Palavra que se fez carne, ele falou para nós dessa evangelização, dessa nova evangelização que ele tanta convidou a todos para fazermos”.

Agora, passados 30 anos, padre Julio afirma que todo povo potiguar só têm a dizer “Muito obrigado Senhor, muito obrigado por ter enviado a nós São João Paulo II, muito obrigado por ter deixado que nós pudéssemos viver esse momento”.

“Recordo que naquele período eu estava no primeiro ano do curso de Filosofia e para mim foi um momento muito marcante, viver essa experiência de encontrar o Sucessor de Pedro o Vigário de Cristo, o doce Cristo na terra”, concluiu.

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