Mensagem do Papa ao final da oração ecumênica pela paz no Líbano enfatiza a necessidade de projetos de paz para o país
Jéssica Marçal
Da Redação
O Líbano é mais que um “pequeno-grande país”, é uma mensagem universal de paz e fraternidade. Com essas palavras, o Papa Francisco renovou seu apelo de paz pelo Líbano. O discurso foi feito ao final da oração ecumênica realizada nesta quinta-feira, 1º, na Basílica de São Pedro, na conclusão do Dia de Reflexão e Oração pelo Líbano.
Francisco tem o Líbano no coração e deseja visitar o país. O Pontífice mencionou em seu discurso a grave crise vivida pelo país dos Cedros, que deixa o povo libanês desiludido e exausto. Mas impulsionou à esperança, frisando a necessidade de nunca desistir de implorar pela paz.
“Este querido país (…) não pode ser deixado à mercê do destino ou de quem busca sem escrúpulos os próprios interesses. Pois, sendo sem dúvida um pequeno-grande país, o Líbano é mais do que isso: é uma mensagem universal de paz e fraternidade que se eleva do Médio Oriente”.
Projetos de paz, não de desgraça
Outro ponto o discurso do Papa teve como mola propulsora uma frase do Senhor na Escritura: “projetos de paz e não de desgraça” (Jr 29,11).
Francisco destacou que, nestes tempos de desgraças, o Líbano é e deve continuar sendo um projeto de paz. “A sua vocação é ser uma terra de tolerância e pluralismo, um oásis de fraternidade onde diferentes religiões e confissões se encontram, onde comunidades diversas convivem, sobrepondo o bem comum às vantagens particulares”.
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O apelo do Papa é para que aqueles que detêm o poder estejam a serviços da paz, não dos próprios interesses. Que os dirigentes políticos encontrem soluções urgentes e duráveis para crise econômica, social e política. Que a comunidade internacional desempenhe um esforço conjunto. E o Papa não deixou de encorajar os cidadãos: “não desanimeis; encontrai nas raízes da vossa história a esperança de voltar a germinar”.
O papel dos cristãos
Reunido na oração ecumênica com líderes das comunidades cristãs libanesas, o Pontífice destacou o compromisso conjunto dos cristãos para a construção do futuro. Ele lembrou que a visão cristã da sociedade deriva das bem-aventuranças e leva a imitar o modo de agir de Deus, que deseja a concórdia entre seus filhos.
“Nós, cristãos, somos chamados a ser semeadores de paz e artesãos de fraternidade, a não viver de rancores e remorsos passados, não fugir das responsabilidades do presente, a cultivar um olhar de esperança sobre o futuro”, disse. O Papa assegurou aos irmãos muçulmanos e de outras religiões a abertura e disponibilidade para colaborar na construção da fraternidade e na promoção da paz.
Luz da esperança: foco nos jovens e nas mulheres
Ao final da oração ecumênica, alguns jovens entregaram aos líderes cristãos uma lâmpada acesa. Um símbolo da esperança de paz para o Líbano. Francisco comentou esse gesto em seu discurso, pedindo atenção também aos jovens.
“Eles, precisamente os jovens, são lâmpadas que ardem nesta hora escura. Nos seus rostos, brilha a esperança do futuro. Seja-lhes prestada escuta e atenção, pois passa por eles o renascimento do país.”
Francisco não deixou de mencionar também a contribuição das mulheres – “que elas sejam respeitadas, valorizadas e envolvidas nos processos decisórios do Líbano”.
“Oxalá se dissipe a noite dos conflitos e ressurja uma aurora de esperança. Cessem as animosidades, extingam-se os dissídios e o Líbano volte a irradiar a luz da paz”, concluiu o Papa.
Sobre o dia de oração
Durante todo o dia, o Papa Francisco esteve reunido com responsáveis pelas comunidades cristãs libanesas. O encontro começou com uma saudação do Pontífice logo cedo, na Casa Santa Marta.
Depois, o Papa e os patriarcas orientais se reuniram na Basílica de São Pedro em um breve momento de oração. Já no Palácio Apostólico, tiveram três sessões em que se debruçaram sobre a atual situação do Líbano. A oração ecumênica concluiu o encontro.