Em audiência com os Frades Menores, o Papa recordou São Francisco de Assis: “Seguindo o exemplo de Jesus que não veio para ser servido, mas para servir”
Da redação, com Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira, 17, na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores Conventuais. O Pontífice lembrou que, recentemente, a Santa Sé aprovou as Constituições renovadas da ordem.
“As Constituições são um instrumento necessário para defender o patrimônio carismático de um Instituto e garantir a transmissão futura. As Constituições expressam a modalidade concreta da sequela de Cristo proposta pelo Evangelho, regra absoluta de vida para todos os consagrados e particularmente para os seguidores de São Francisco de Assis, que na profissão, se comprometem a ‘viver segundo o santo Evangelho’”, sublinhou o Papa.
O Santo Padre prosseguiu: “O Evangelho é para vocês, queridos irmãos, regra e vida. A missão de vocês é ser evangelho vivo, ‘exegese viva da Palavra. (…) Este caminho de sequela se destaca pela fraternidade, que São Francisco sentia como um dom”.
A fraternidade é, para o Pontífice, um dom que deve ser acolhido com gratidão. Francisco sublinhou que é uma realidade sempre em caminho, em construção e que pede a contribuição de todos, sem que ninguém se exclua ou seja excluído:
“Uma realidade em que não há consumidores, mas construtores. Uma realidade em que podem ser vividos percursos de aprendizagem contínua, de abertura ao outro, de intercâmbio, uma realidade acolhedora, disposta e disponível a acompanhar, uma realidade em que é possível fazer uma pausa na vida cotidiana para cultivar o silêncio e o olhar contemplativo e reconhecer nela a marca de Deus, uma realidade em que todos se consideram irmãos, seja os ministros seja outros membros da fraternidade, uma experiência em que cada um é chamado a amar e nutrir o seu irmão, como uma mãe que ama e alimenta o próprio filho.”
O Papa convidou os Frades Menores Conventuais a alimentar a fraternidade com o espírito da santa oração e devoção, ao qual todas as outras coisas temporais devem servir. “Dessa forma, a sua vida fraterna em comunidade se torna uma forma de profecia na Igreja e no mundo; e se torna uma escola de comunhão, que deve ser praticada, seguindo o exemplo de São Francisco, em relação de amor e obediência aos Pastores”, reforçou.
A seguir, o Papa destacou outra característica da forma de vida dos Frades Menores Conventuais: a minoria. “Esta é uma escolha difícil porque se opõe à lógica do mundo que busca o sucesso a todo custo, deseja ocupar os primeiros lugares e ser considerado como senhores”, frisou.
“São Francisco pede a vocês para serem menores, seguindo o exemplo de Jesus que não veio para ser servido, mas para servir e nos diz: ‘Quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês, e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos’. Que esta seja a única ambição de vocês: ser servos, servir uns aos outros. Se vocês viverem assim, a sua existência será uma profecia neste mundo em que a ambição do poder é uma grande tentação”, sublinhou o Santo Padre.
A saudação franciscana ‘Paz e bem’! “Shalom we tob”, foi recordada pelo Pontífice como uma ação que distingue os franciscanos no mundo. Francisco ressaltou que a tradução é sinônimo de reconciliação consigo mesmo, com Deus, com os outros e com as criaturas, e pediu aos franciscanos que preguem a paz e vivam em harmonia: “paz que leva à harmonia”. “É uma reconciliação em círculos concêntricos, que parte do coração e se estende ao universo, mas na realidade tem início do coração de Deus, do coração de Cristo”, destacou.
O Santo Padre completou: “A reconciliação é o prelúdio da paz que Jesus nos deixou. Uma paz que não é ausência de problemas, mas que vem com a presença de Deus em nós e se manifesta em tudo o que somos, fazemos e dizemos. (…) Que vocês sejam mensageiros da paz, primeiramente com a vida e depois com as palavras. Que vocês sejam instrumentos de perdão e misericórdia em todos os momentos. Somente quem tem o coração reconciliado pode ser ‘ministro’ da misericórdia, construtor da paz”.
Segundo o Papa, para tudo isso é necessária uma formação adequada. “Um caminho de formação que favoreça nos irmãos a plena conformação a Cristo. Uma formação integral que envolva todos as dimensões da pessoa. Uma formação personalizada e permanente, como um itinerário que dura a vida toda. Uma formação do coração que muda a nossa maneira de pensar, sentir e se comportar. (…) Uma formação à fidelidade, bem consciente de que hoje estamos vivendo na cultura do provisório, em que o ‘para sempre’ é muito difícil e as escolhas definitivas não estão na moda”, frisou.
Nesse contexto, o Pontífice sublinhou a necessidade de formadores sólidos e experientes na escuta e nos caminhos que levam a Deus, capazes de acompanhar os outros ao longo do caminho. “Formadores que conhecem a arte do discernimento e do acompanhamento. Só assim poderemos conter, pelo menos em parte, a hemorragia dos abandonos que afeta a vida sacerdotal e consagrada”, concluiu o Papa.