Subsidiariedade

Partilhar as responsabilidades para sair melhor da crise, indica Papa

Na catequese de hoje, Papa destacou o princípio da subsidiariedade como fator necessário para sair melhor da crise atual

Da Redação, com Vatican News

“Todos devem ser ouvidos. Os que estão no alto e os que estão embaixo”, diz o Papa na catequese de hoje, destacando o princípio da subsidiariedade / Foto: Pablo Esparza/EWTN News via CNA

O Papa Francisco segue no ciclo de catequeses sobre o tema da pandemia de coronavírus. Nesta quarta-feira, 23, o tema central foi “Curar o mundo. Subsidiariedade e virtude da esperança”. O Santo Padre destacou a necessidade de cada um assumir a sua parte de responsabilidade para que se possa sair melhor desta crise atual – uma crise de saúde, mas também social, política e econômica.

“Devemos responder não só como indivíduos, mas também a partir do próprio grupo de pertença, do papel que desempenhamos na sociedade, dos nossos princípios e, se acreditamos, da nossa fé em Deus”, disse o Papa.

O Santo Padre lembrou, porém, que muitas vezes a situação de marginalização e exclusão acaba impedindo as pessoas de participar da reconstrução do bem comum. Ele destacou que certos grupos sociais são incapazes de contribuir porque são econômica ou politicamente “asfixiados”, muitas vezes não são livres para expressar sua fé e valores. E assim, só se sairá da crise piores.

Princípio da subsidiariedade

O Papa falou, então, do princípio de subsidiariedade, cuja importância para a reconstrução foi destacada já pelo Papa Pio XI após a grande depressão econômica de 1929. Francisco explicou que se trata de uma colaboração de cima para baixo, do Estado para o povo, e de baixo para cima. Se por um lado é justo que os níveis mais elevados da sociedade, como o Estado, intervenham para oferecer os recursos necessários quando for preciso, por outro deve-se respeitar e promover os níveis intermédios ou menores.

Nesse sentido, ele explicou que cada um deve ter a oportunidade de assumir a própria responsabilidade para curar a sociedade da qual faz parte; a sabedoria dos grupos mais humildes não pode ser colocada de lado.

“Pensemos nas grandes medidas de ajuda financeira implementadas pelos Estados. Ouvimos mais as grandes empresas financeiras do que as pessoas ou aqueles que movem a economia real. Ouvimos mais as empresas multinacionais do que os movimentos sociais. Falando em dialeto cotidiano, ouvimos mais os poderosos do que os fracos e este não é o caminho. Não é o caminho humano, não é o caminho que Jesus nos ensinou, não é implementar o princípio e subsidiariedade (…) Todos devem ser ouvidos. Os que estão no alto e os que estão embaixo”.

Segundo o Papa, para sair melhor de uma crise, é preciso implementar o princípio da subsidiariedade, respeitando a autonomia e a capacidade de iniciativa de todos, especialmente dos últimos.

Esperança de futuro

Francisco destacou ainda que implementar esse princípio dá esperança em um futuro mais saudável e justo. Sair da crise significa mudar, acrescentou, e a mudança é feita por todos. “Todos juntos em comunidade”.
Ele recordou que, numa catequese anterior, explicou-se que a solidariedade é a saída para a crise, mas este caminho precisa de subsidiariedade; a solidariedade precisa da participação social, da contribuição de todos. “Como é bonito ver o trabalho dos voluntários nessa crise, voluntários provenientes de várias partes sociais, que vêm de famílias abastadas e mais pobres. Todos juntos. Isso é solidariedade e princípio da subsidiariedade”.

Francisco mencionou ainda o gesto que surgiu durante o lockdown de aplaudir médicos e enfermeiros, tendo em vista que muitos arriscaram ou até perderam suas vidas. Hoje, ele estendeu este aplauso a todos os membros do corpo social por sua valiosa contribuição, por menor que seja.

“Aplaudamos os “descartados”, classificados por essa cultura como “descartados”, ou seja, os idosos, as crianças, as pessoas com deficiência, os trabalhadores, todos aqueles que se põem a serviço. Mas não nos limitemos apenas aos aplausos! A esperança é audaz, por isso encorajemo-nos a sonhar alto, procurando os ideais de justiça e amor social que provêm da esperança”.

O Papa concluiu a catequese convidando a “não reconstruir o passado, especialmente o que era iníquo e já doente. Construamos um futuro onde a dimensão local e global se enriqueçam mutuamente, onde a beleza e a riqueza dos grupos menores possam florescer e onde aqueles que têm mais se comprometam a servir e a dar mais a quem tem menos”.

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