Francisco recebeu em audiência na manhã desta quarta-feira, 4, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida; Pontífice reiterou seu pensamento sobre as armas nucleares
Da redação, com Vatican News
Na manhã desta quarta-feira, 4, antes da Audiência Geral, o Papa Francisco encontrou-se com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida. “No encontro, que durou cerca de 25 minutos, falou-se de armas nucleares e do quanto seja inconcebível seu uso e posse”, informou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.
Muitas vezes o Pontífice, seguindo os passos de seus antecessores, indicou o caminho do desarmamento. Ele já reiterou o quanto é “imoral” a própria posse de armas nucleares e o quanto isso representa uma “ameaça”.
Em 10 de novembro de 2017, durante seu discurso aos participantes do Simpósio Internacional sobre Desarmamento, o Santo Padre frisou que a existência de armas nucleares “é funcional à lógica do medo que não diz respeito apenas às partes em conflito, mas a todo o gênero humano”.
“As relações internacionais não podem ser dominadas pela força militar, pelas intimidações recíprocas, pela ostentação dos arsenais bélicos. As armas de destruição de massa, em particular as atômicas não podem constituir a base da convivência pacífica entre os membros da família humana, que ao contrário deve inspirar-se numa ética de solidariedade”, acrescentou o Papa naquela ocasião.
Viagem ao Japão
Durante sua viagem apostólica ao Japão, no Memorial da Paz em Hiroshima, Francisco recordou o “crime” do uso da energia atômica para fins bélicos “não apenas contra o homem e sua dignidade, mas contra qualquer possibilidade de futuro em nossa casa comum”.
“O uso da energia atômica para fins de guerra é imoral, assim como é imoral a posse de armas atômicas”, disse o Pontífice. Diante do cenário de morte que a bomba atômica deixou no Japão e falando com os sobreviventes das terríveis explosões em Hiroshima e Nagasaki de agosto de 1945, o Santo Padre repetiu que se realmente quisermos construir uma sociedade mais justa e segura, devemos deixar que as armas caiam de nossas mãos:
“As novas gerações erguer-se-ão como juízes da nossa derrota por havermos falado de paz, mas não a termos realizado com as nossas ações entre os povos da terra. Como podemos falar de paz, enquanto construímos novas e tremendas armas de guerra? Como podemos falar de paz, enquanto justificamos certas ações ilegítimas com discursos de discriminação e ódio?”
Uma ameaça à existência e à esperança
Voltando ao Japão com a memória, também por ocasião do 75º aniversário do bombardeio, o Papa havia falado sobre o assunto em 2020, em 6 de agosto, e depois, em 9 de janeiro, encontrando-se com o corpo diplomático.
Na ocasião, o Santo Padre havia reiterado “o horror que nós seres humanos somos capazes de infligir a nós mesmos”, expressando a esperança de que a consciência humana se tornaria cada vez mais forte contra toda a vontade de domínio e destruição, especialmente aquele provocado por armas de tão grande força destruidora, como as armas nucleares.
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Segundo o Pontífice, estas não só fomentam um clima de medo, desconfiança e hostilidade, mas também destroem a esperança.
Ainda em janeiro deste ano, em seu discurso aos embaixadores da Santa Sé, Francisco também acrescentou um apelo à comunidade internacional para “dar um passo decisivo” na construção de um mundo livre de armas nucleares:
“As armas nucleares são instrumentos inadequados e impróprios para responder às ameaças à segurança no século XXI” e “sua posse é imoral”. “A sua fabricação desvia recursos que deveriam ser empregues na perspectiva de um desenvolvimento humano integral e a sua utilização, além de produzir consequências humanitárias e ambientais catastróficas, ameaça a própria existência da humanidade.”